Seguindo o exemplo

Observando duas irmãs, uma de sete e outra de quatro anos, constatei, mais uma vez, o quanto o exemplo é uma força viva da natureza e da educação. A mais velha é um tanto quanto mandona e violenta, não é muito de respeitar os outros, e normalmente é exigente para com seu querer, e não poupa a irmã menor, chegando mesmo a arrancar-lhe os brinquedos, empurrá-la e xingá-la, no que temos aqui já muito assunto para tratar. Mas o foco deste texto está na reação da menina de quatro anos, tanto com relação a irmã, quanto, principalmente, com as outras pessoas.

A menina sempre revelou mais docilidade aliada a uma inteligência, a um raciocínio superior ao da irmã mais velha. Seu comportamento, portanto, era diferenciado, mas ultimamente tem se tornado mais agressiva, mais exigente, revelando em seu comportamento estar assimilando a influência exercida sobre ela pela irmã. Observamos que não se trata simplesmente de uma autodefesa, mas de mudança comportamental, de atitudes, inclusive nas brincadeiras com os adultos.

Os pais têm sua culpa, pois a filha mais velha é superprotegida pela mãe, que não admite que nenhuma outra pessoa chame a atenção de sua filha, ou mesmo lhe diga não. Em sua concepção, somente ela, a mãe, pode educar sua filha, o que é um equívoco perigoso, ainda mais quando essa educação é permissiva. Quanto ao pai, dá mais importância ao celular, redes sociais e e-commerce do que às filhas, com as quais não têm uma convivência participativa como se desejaria e seria mais adequado no processo educacional das crianças.

Permissividade e omissão por parte dos pais prejudicam profundamente a educação dos filhos. Uma precisa de limites, corrigendas, disciplina, a outra necessita de proteção e estímulo para não se deixar influenciar por exemplos negativos, mas essa omissão e permissividade permitem que a filha mais velha seja indisciplinada e violenta, e a filha mais nova saia da docilidade natural para a agressividade.

Os pais, mesmo que trabalhem profissionalmente, devem, nas horas de convívio com os filhos, se preocuparem primeiro com a educação que estão dando aos mesmos, depois nos outros afazeres. Devem também manter diálogo aberto e constante com os avós e com os professores, para que o processo educacional siga um norte, ou seja, tenha uma diretriz, emanada deles, os pais, pois se assim não fizerem as crianças ficarão sendo jogadas para lá e para cá: os pais permitem, os avós não permitem, os professores reclamam e a vida familiar está sempre conturbada, confusa, o que é muito ruim para os filhos.

E tudo fica mais agravado com a constatação que a família não possui rotinas pré estabelecidas, tudo acontecendo de qualquer jeito, em qualquer tempo. Filhos que não conhecem rotinas tendem a serem adultos desorganizados, sem planejamento, prejudicando a si mesmos e aos outros.

É missão dos pais a educação dos filhos, e para isso o primeiro movimento é realizar a própria educação, pois os exemplos são da máxima importância junto às crianças.

O segundo movimento dos pais é observar as tendências de caráter dos filhos. Para uns deve ser exercida a correção de suas más inclinações morais, para outros deve ser exercido o apoio às suas boas qualidades morais.

Em todos os casos, os pais não podem perder sua autoridade moral, pois se isso acontecer teremos a falência da educação. A autoridade moral não pode ser substituída por gritos, ameaças, castigos e violência física e/ou psicológica, que são anti pedagógicos, desvirtuam o processo educacional, os quais devem ser repudiados veementemente.

Infelizmente temos visto muitos pais como os que aqui retratamos, considerando que os problemas serão resolvidos quando os filhos iniciarem o período escolar, ou seja, não educam os filhos e jogam todo o peso da responsabilidade educacional para a escola e os professores, quando a escola não existe para substituir a família, nem os professores trabalham para fazer o que os pais devem fazer.

Não é uma questão de quem deve fazer o quê, mas de união de esforços, lembrando os pais que a moralização e espiritualização dos filhos é, antes, sua competência, e que para isso a maior força de que podem dispor é o exemplo.

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