Uma reflexão necessária

Estamos no terceiro milênio da cristandade, realizando o século 21, entretanto temos a impressão que os ensinos daquele que teve seu nome atrelado a esse período humano, estão longe de serem apreendidos e praticados, pois insistimos em resolver nossas diferenças através da de toda espécie de violência, culminando em guerras e ameaças de devastação sistêmica das nações e suas populações. Chegamos a um ponto que não se trata mais de uma luta entre democracia e comunismo, como tínhamos até o final da década de 1980, quando esfacelou-se o bloco das repúblicas soviéticas. Agora temos uma luta aberta entre líderes totalitários e líderes capitalistas, onde a ideologia passa longe.

Os chamados países comunistas, ou de esquerda, são democracias, mas com lideranças despóticas, conservadoras e que não pensam duas vezes em cercear a liberdade dos seus cidadãos, mantendo um sonho comum de hegemonia mundial e liderança perpétua sobre seus governados.

Já os chamados países democráticos, de direita ou de centro, são governos capitalistas e beligerantes, onde a busca do maior lucro possível e a manutenção do poder político e econômico sobrepuja o humanismo.

Para todos, independente de suas ideologias, da forma de governo e tudo o mais, falta algo em comum: sentimento.

E porque falta sentimento? Por que temos falhado na educação.

Temos uma educação que é confundida com o ensino, quando o ensino faz parte da educação mas não a substitui. Preocupamo-nos em dar às crianças e aos jovens muitos conhecimentos, mas não trabalhamos com eles a essência da vida: somos seres humanos dotados não apenas de inteligência, mas também de sentimento.

Enquanto não entendermos o profundo significado da educação e deixarmos de lado as questões relacionadas à formação moral, continuaremos a ter líderes insensíveis, que não sabem se colocar no lugar do outro, que não levam em conta a não ser seus próprios interesses egoísticos, defendendo ideais indefensáveis e inconfessáveis, deixando-se corromper e corrompendo com facilidade os outros, subservientes a interesses políticos e econômicos de grupos que não representam a coletividade.

Educar é essencialmente formar. É desenvolver de forma equilibrada todo o potencial humano. É trabalhar, junto com os conhecimentos, a empatia, a solidariedade e a ética.

Como estamos muito longe do que deveria ser a educação, continuamos a assistir a ameaça de guerra pairando sobre nossas cabeças, e não apenas ameaças, mas guerras reais onde uma nação tenta prevalecer e dominar outra. Continuamos a assistir discursos militarizados, onde as armas através da segurança pública violenta são receitadas como remédio infalível para controlar a população, os bandidos e os milicianos, quando vemos que isso não dá os resultados esperados,

E perguntamos: por que continuamos a falar e a fazer o que nunca deu bom resultado? Por que as escolas continuam a despejar conhecimentos sem levar em conta o sentimento? Por que as famílias continuam a se preocupar com a formação técnica e profissional dos seus filhos, sem levar em conta o sentimento?

Relembremos Albert Schueitzer: “A Reverência pela Vida não me permite considerar minha felicidade como propriedade pessoal. Em momentos em que gostaria de alegrar-me sem preocupações, ela desperta em mim a lembrança de misérias vistas ou sabidas. Assim como a onda não existe por si mesma, mas é sempre parte da movediça superfície do mar, assim também eu não posso viver minha vida por si mesma, mas sempre como parte da experiência que se desenrola ao meu redor.”

Reflitamos...

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