Uma nova ordem mundial

Depois de um conflito considerado mundial, como foi a Segunda Guerra, países de todo o mundo concluíram da necessidade de se unirem em torno de objetivos comuns, como a cooperação internacional e a paz mundial, e criaram no ano de 1945, especificamente no mês de outubro, a Organização das Nações Unidas (ONU), que substituiu em novas bases a Liga das Nações, que havia fracassado no objetivo de evitar conflitos armados entre as nações.

Passados mais de 75 anos, muitas vozes clamam por mudanças na ONU, estabelecida que foi a partir de um cenário não mais existente. As circunstâncias agora são outras e o equilíbrio de forças econômicas e militares estão bem diferentes daquela época, quando Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética (que nem existe mais) eram as grandes potências. Hoje temos a França, a Alemanha, a China, a Índia, o Brasil, a Rússia (que substituiu a União Soviética em escala menor), o Japão e outras nações com grande destaque mundial, portanto merecedoras de um protagonismo maior na própria Organização.

Há um clamor em crescimento para transformação dos mecanismos que regem o Conselho de Segurança da ONU, principalmente quanto ao poder de veto hoje concedido à China, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e França, considerado arbitrário e antidemocrático. Não se quer um maior número de nações com esse direito, o que se deseja é abolir o direito de veto, para que prevaleça sempre a tomada de decisão da maioria, como deve ser em qualquer assembleia que se diga democrática.

O que acontece até os dias de hoje é que decisões do Conselho de Segurança, formado por 15 países, são derrubadas por um único país detentor do direito de veto, que por razões estritamente políticas a seu favor, derruba um consenso entre todos os demais países, daí a consideração de termos uma organização que está longe de ser uma verdadeira democracia.

Reconhecemos que muito devemos à ONU nos mais diversos aspectos da vida humana, pois ela realmente tem contribuído para que vivamos melhor, e tem evitado uma nova guerra mundial, apesar dos inúmeros conflitos nacionais e regionais ainda existentes. Para novos tempos, uma nova organização mundial das nações, ou talvez melhor dizendo, uma nova dinâmica para a Organização das Nações Unidas, que necessita ser mais ágil diante das demandas de um mundo globalizado, não podendo ficar à mercê de um único protagonista detentor de um direito de veto que não mais se justifica.

As nações mais ricas precisam olhar com espírito de colaboração para as nações mais pobres, num concerto mundial pela justiça social. A pandemia da Covid 19 mostrou claramente o desequilíbrio e a falta de colaboração. As nações mais ricas imediatamente fecharam acordos com os laboratórios de pesquisa e os fabricantes de medicamentos e vacinas, pensando na proteção de suas populações, deixando à míngua os países mais pobres, cujos governos tiveram muita dificuldade em conseguir elaborar campanhas de vacinação e imunização de seus cidadãos. Faltou colaboração e milhões de pessoas morreram, além de milhões terem ficado com sequelas da ação do vírus.

A ONU tem se mostrado impotente diante de conflitos armados, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, entre outras guerras que assolam nosso planeta neste exato momento, ficando à mercê da decisão política de poucas nações que ainda se consideram mandatárias, como se estivessem acima do bem e do mal coletivos. Isso precisa mudar!

Estamos diante de uma nova ordem mundial, de um novo jogo de forças e da procura por uma democracia autêntica na maior instituição humana existente. É tempo, pois, de repensarmos o papel e a estrutura da Organização das Nações Unidas, para que ela possa cada vez mais humanizar a convivência entre nós, os seres humanos.

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