A palavra divina
Qual é a palavra divina que tudo transforma e faz os seres humanos terem entendimento diferenciado sobre a vida, num nível mais profundo e espiritualizado? Essa palavra é o amor, conforme entendemos na leitura do texto do Espírito Lázaro, no primeiro parágrafo de sua mensagem publicada no item 8 do capítulo 11 de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
Feliz aquele que amam porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo. Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, - amor – fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
Algumas pessoas ainda estranham que os Espíritos, em nome do Espiritismo, façam citação a Jesus, não compreendendo que a Doutrina Espírita é uma doutrina cristã, inserida na história do Cristianismo. Isso acontece por uma falsa apreciação que fazem do Espiritismo, não se dando ao trabalho de conhecer para criticar. Associam o Espiritismo com as comunicações dos Espíritos, acreditando que a doutrina e seus adeptos apenas tratem das manifestações mediúnicas, que misturam com crendices e folclores desprovidos de razão. A mediunidade faz parte do Espiritismo, mas não somente, e nada tem de misticismo ou de sobrenatural. O verdadeiro espírita não aceita qualquer fenômeno como provindo exclusivamente da ação dos desencarnados, e sabe que a mediunidade deve ser utilizada para a promoção do bem, cujo maior exemplo é justamente Jesus Cristo.
Quando o Mestre esteve encarnado entre nós, encontrou uma sociedade humana devastada pelas guerras de conquista e pela escravidão dos conquistados, onde prevaleciam privilégios e os direitos não eram iguais para todos. Uma sociedade em que matar o outro em defesa da honra era comum, onde usurpadores devastavam famílias inteiras, sem que a justiça os alcançasse. Os povos eram politeístas, acreditando na existência de muitos deuses, vários deles misturados com os seres humanos, e o povo judeu, único a acreditar na existência de um deus único, o tinha como sanguinário, senhor da guerra, muitas vezes injusto, confundindo a lei civil-religiosa promulgada por Moisés, com a lei divina.
Nesse contexto, Jesus encarna entre o povo judeu para trazer novos ensinos e corrigir a visão deturpada que tínhamos de Deus e da vida. Inicia por mostrar que Deus é Pai, e como pai é farto de bondade e misericórdia, sempre dando aos seus filhos a oportunidade de arrependimento e reparação; que sua justiça não é olho por olho, dente por dente, mas que solicita de cada um assumir as responsabilidades pelo que faz, portanto, dores e sofrimentos não são castigos divinos, mas apenas consequência do mal praticado por cada ser humano.
Quando perguntado sobre qual é o maior mandamento da lei divina, respondeu categoricamente que é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, estabelecendo o amor como roteiro da vida. E olhando para seus seguidores diretos, disse-lhes: meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem.
O Espiritismo veio ao mundo para resgatar em espírito e verdade os ensinos de Jesus, Como doutrina de fraternidade e solidariedade, não poderia ficar alheio ou distante daquele que é o guia e modelo da humanidade, o Espírito mais perfeito que já esteve aqui na Terra.
Sim, o amor faz os povos estremecerem, pois solapa na base o egoísmo e o orgulho, destruindo todos os preconceitos e discriminações. Somente através do amor conseguiremos viver em paz uns com os outros. Somente através do amor conseguiremos manter uma justiça social adequada à justiça divina. Somente através do amor acabaremos com as guerras e toda forma de violência.
Os mártires, o que equivale dizer os grandes líderes das nações, das religiões, das culturas, diante do amor vão descer ao circo, ou seja, terão de encarar a realidade nua e crua das consequências dos seus desmandos, do seu egoísmo, da sua indiferença, do seu materialismo, pois somos todos iguais, filhos de Deus, e a posição que ocupamos aqui é transitória, pois a vida continua depois da morte, e o apelo do “amai-vos uns aos outros” ressoará nas consciências, que sofrerão o remorso da perda do poder e o achincalhe daqueles que fizeram sofrer. Mas Deus, no seu infinito amor, recolherá essas alma em seu seio e providenciará a bênção da reencarnação, onde, no esquecimento do passado, poderão finalmente compreender o alcance e as boas consequências do amor, a palavra divina que estremece os povos e faz cair os senhores do mundo diante do Senhor da Vida.
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