Aprendendo com Jesus

Cativar e estimular o educando para querer aprender é, sem dúvida, uma sublime arte. Como Jesus conseguiu influenciar decisivamente doze homens para serem seus fieis discípulos? Que estratégias poderosas utilizou para magnetizar multidões que, embevecidas, ficavam horas ouvindo seus discursos? Quais recursos manejava para levar homens e mulheres a se transformarem moralmente? Tais são as perguntas que procuraremos responder, tendo em vista que tratamos do maior Mestre de todos os tempos, o governador planetário, o espírito mais perfeito que Deus concedeu à humanidade conhecer.

Na abertura de seu evangelho, João, inspirado, nos dá a dimensão da grandeza de Jesus Cristo, ao traçar a comunhão entre o Pai e o Filho:

No princípio havia o verbo, e o verbo estava junto de Deus, e o verbo era Deus. Ele estava, no princípio, junto de Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada que se encontra feito se faria. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens, e a luz brilha na treva, e a treva não a reteve” (1:1-5).

João refere-se à criação do planeta Terra e sua habitação gradativa pelas almas humanas, criação e povoação que foram coordenadas por Jesus, desde o princípio estabelecido como governador de nosso orbe, portanto, espírito puro, perfeito, em comunhão com Deus, cocriador, motivo pelo qual o evangelista afirma que tudo o que aqui existe foi feito por meio dele, ou seja, sob as ordens de Jesus. Então, sendo a luz do mundo, ele aqui encarnou, mas não foi por nós reconhecido. Não há nessa interpretação confusão entre pai e filho, entre Deus e Jesus, personagens distintas, e sim visão de comunhão entre um e outro. Portanto, quando nos referimos a Jesus, estamos nos referindo a um espírito sublime, àquele que chegou ao máximo da perfeição permitida pela lei divina, e que auxilia o próprio Deus na regência do universo em todas as suas dimensões.

Entender e apreender o educador Jesus é renovar e transformar o processo de ensino e aprendizagem humano. Ninguém antes dele e depois de sua vinda, se fez Mestre. Ninguém, a não ser ele, revolucionou a história humana marcando o fim de uma era e o começo de outra. Assim igualmente entende Léon Denis, que em magistral aporte espiritual, num vislumbre profundo registrado em sua obra Cristianismo e Espiritismo, traça com eloquência o retrato de Jesus:

Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício. A efusão de amor em que envolve os homens, sua identificação com eles, nas alegrias como nos sofrimentos, constituem a redenção que nos oferece e que somos livres de aceitar. Outros, antes dele, haviam induzido os povos ao caminho do bem e da verdade. Nenhum o fizera com a singular doçura, com a ternura penetrante que caracteriza o ensino de Jesus. Nenhum soube, como ele, ensinar a amar as virtudes modestas e escondidas. Nisso reside o poder, a grandeza moral do Evangelho, o elemento vital do Cristianismo.”

Chama-nos atenção no texto a frase “Nenhum o fizera com a singular doçura, com a ternura penetrante que caracteriza o ensino de Jesus”. Um doce e terno educador, nem por isso sem energia, mas fazendo sobressair o amor pelo outro, o respeito ao educando, o interesse pela pessoa. Se, como já dissemos, o exemplo é a grande força da educação, o amor é a base, o sustento e o alimento do ato de educar. Mas, em que consiste o amor? Como o amor pode ser utilizado pelo educador na escola? Precisamos responder a essas e outras perguntas relacionadas para compreendermos porque muitos estudiosos da pedagogia afirmam que “educar é um ato de amor”. É o que nos propomos fazer.

Amor é sentimento, disposição afetiva para com outro ser, não se confunde com o sexo, que é energia e deve estar a serviço do sentimento e não do instinto biológico. Por muitas vezes confundirmos o amor com o sexo, damos origem a variados dramas na vida com alta dose de desgaste emocional e relacional tanto para nós quanto para os outros. Pois bem, sabendo que amor é sentimento, que por sua vez significa disposição afetiva para com outro ser, e que pertence exclusivamente ao ser humano, pois os animais cuidam de suas crias por instinto, já podemos vislumbrar que o professor, a quem cabe importante papel na educação das novas gerações, não pode ser um burocrata do ensino, um obediente servidor do currículo, um passador de conteúdos. Ele é um ser humano que lida com seres humanos! E todo ser humano é dotado de sentimento!

É por amor que o professor deve se tornar um educador e, na sequência, um mestre, dedicando-se ao desenvolvimento integral do educando.


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