Meu filho (minha filha) não é fácil
É comum vermos nas redes sócias, pais e mães postando vídeos onde seus filhos pequenos, na maioria até três anos de idade, fazem a maior bagunça em casa: rabiscam e pintam as paredes; se lambuzam com margarina, com a geladeira aberta; jogam no chão tudo o que está sobre a mesa; transformam a cozinha num mar de farinha e açúcar; se pintam com a maquiagem da mãe; correm, derrubando tudo o que encontram pela frente, e muitas outras coisas semelhantes. Claro que a criança acha tudo muito divertido, e ainda se exibe para a câmera, pois sabe que está sendo filmada, e vai ainda mais se divertir assistindo suas estrepolias na internet. E o pai e a mãe dizem que é assim mesmo, que não dá para controlar o filho ou filha, que sempre faz o que quer, e acham até mesmo bonito publicar esses vídeos e exibi-los para os familiares e amigos. Temos aqui uma gravíssima questão educacional.
Se os pais deixam os filhos fazerem sempre o que querem, o que eles não farão quando forem adolescentes, e depois na juventude, adentrando ao mundo adulto? Sem nunca terem conhecido limites às suas ações, sem nunca terem aprendido o respeito aos direitos do outro, tendo levado tudo na brincadeira sob o beneplácito dos pais, que se divertem com suas traquinices, se desculpando porque, afinal, seu filho ou sua filha não é fácil, não obedece, teremos instalado na sociedade verdadeiro caos, onde as melhores regras de convivência serão distorcidas a benefício do egoísmo de cada um.
Sim, toda criança nos primeiros anos de vida apronta alguma coisa, faz alguma traquinice, mas é dever dos pais, na sua missão de educar, é dever deles corrigir, mostrar o que é certo e o que é errado, o que pode e o que não pode. É dever dos pais, com autoridade moral, colocar em funcionamento os limites, os combinados, as regras, educando para a vida dentro da própria vida, para que o filho ou filha aprenda a fazer aos outros somente o que deseja que os outros lhe façam, pilar essencial da educação, pois somos seres de relação, dependentes uns dos outros, portanto vivendo em comum na sociedade, o que determina que, se em princípio, tudo posso fazer, entretanto nem tudo me fará bem e fará bem aos outros.
O exercício da autoridade moral dá trabalho e, por egoísmo ou indiferença, muitos pais preferem deixar que os filhos aprontem de tudo, se divertindo com os mesmos e produzindo vídeos, e, quando recebem críticas por esse comportamento, se desculpam, informando que não conseguem controlá-los, que essa atual geração de crianças não é nada fácil, que eles não gostam de limites, e assim toda uma geração se perde na formação de maus hábitos, nocivos a eles e à coletividade.
Esquecem os pais que o amanhã terá uma alta fatura a cobrar deles mesmos, pois a doença e a velhice vão chegar, e, nessa hora, onde estarão os filhos para amparar, proteger e cuidar dos “velhos”? Temos assistido em número crescente, e mais crescente do que gostaríamos de ver, pais e mães abandonados em hospitais ou casas de repouso, ou mesmo no lar, relegados a segundo plano na vida dos filhos. Por que isso está acontecendo? A resposta está nessa educação que flerta irresponsavelmente com a libertinagem, deixando os filhos crescerem olhando somente para si, sem outra diretriz a não ser tudo posso, tudo quero, sem assumir nenhuma responsabilidade. Devemos nos espantar com os males que encontramos na humanidade, diante desse quadro de irresponsabilidade educacional?
O Espiritismo nos alerta que as crianças de hoje são espíritos reencarnados, trazendo consigo hábitos, pendores, valores que precisam ser analisados, e que nem sempre são bons, e, portanto, nesse caso, são hábitos, pendores e valores a serem educados, a serem transformados, a serem corrigidos. Essa é a missão dos pais, missão essa outorgada por Deus, e da qual terão que prestar contas. Muitos homens e mulheres carregam vícios e paixões por culpa da fraca ou inexistente educação que receberam no lar, quando estavam na infância, essa é a verdade. Deveriam ter tido suas más tendências de caráter corrigidas, ao mesmo tempo em que deveriam ter suas virtudes desenvolvidas, mas nada disso aconteceu, e não por culpa deles, mas de seus pais.
Os pais não podem deixar seus filhos serem reis e rainhas despóticos, tudo fazendo. Isso é não exercer autoridade, é não agir como educadores. O filho, ou filha, pode ser um espírito rebelde, desafiador, mas não é por isso que os pais devem abrir mão de educar, de fazer todos os esforços para corrigir suas más inclinações. Quando o pai e a mãe deixam de lado o exercício da autoridade moral, compreendendo que a educação do caráter é prioridade da família, estão colocando no mundo seres humanos egoístas, indiferentes, materialistas e insensíveis. Depois da morte, Deus perguntará a esses pais: o que vocês fizeram com o filho que confiei a vocês? Meditemos seriamente sobre essa pergunta.
Comentários