Por que educação espírita?

De algum tempo a sociedade clama por uma nova abordagem e uma nova prática escolar no campo da aprendizagem, diante dos fatos que atestam baixo nível escolar das crianças e dos jovens, com graves consequências no desenvolvimento individual e na formação social, e os espíritas não podem se ausentar desse debate e desse clamor, porém, o Espiritismo vai mais longe, vai além da questão dos meios de aprendizagem. Entende o Espiritismo a necessidade de reformulação da filosofia que rege a educação, que hoje, em grande parte, é materialista e conteudista, não levando em consideração a alma e a formação do caráter. O Espiritismo é uma filosofia com bases científicas, e de amplas consequências morais, por isso não se confunde com as religiões formais detentoras de dogmas, cultos exteriores e sacerdócio institucionalizado. O Espiritismo, revivendo as lições do Evangelho, o faz em espírito e verdade, conclamando seus adeptos ao exercício da razão, não admitindo a aceitação cega de seus princípios. Por ter como finalidade maior a transformação moral da humanidade, entende que isso somente pode acontecer com a transformação moral dos indivíduos, o que implica um processo educacional, naturalmente fazendo-se doutrina de educação.

Como doutrina de educação do homem integral, espírito reencarnado em pleno caminhar rumo à perfeição, o Espiritismo propõe uma nova filosofia educacional para reger o sistema de ensino representado pelas escolas, onde espiritualidade e religiosidade serão pilares do processo. Podemos, então, falar de educação espírita, não no sentido catequético, não no sentido de ensino do Espiritismo, como muitas pessoas, equivocadamente, pensam, mas no sentido do desenvolvimento cognitivo e emocional levando em consideração a realidade do ser humano ser um espírito imortal reencarnado. Esse é o entendimento dos Espíritos Superiores e de Allan Kardec, como vemos nas obras da codificação espírita, com destaque para O Livro dos Espíritos.

Toda filosofia desenvolve uma filosofia da educação, assim a filosofia espírita naturalmente desenvolve uma filosofia espírita da educação, que por sua vez elabora uma pedagogia espírita e uma práxis educacional diferenciada, a ser aplicada na família, na escola e na instituição espírita. Os espíritas precisam se convencer que o Espiritismo não é mais uma religião, e que o centro espírita não é simplesmente um templo religioso, não é uma igreja para ato devocional semanal; isso é com as religiões instituídas, cristãs e não cristãs, mas nada tem a ver com o Espiritismo.

Allan Kardec, como pedagogo de profunda visão, fala da necessidade da educação moral, que hoje, aqui em terras brasileiras, no movimento espírita, foi substituída pela nomenclatura educação do espírito, mas o mais importante é nos entendermos quanto as bases dessa educação, para não ficarmos paralisados em discussões inúteis, de fachada, tão ao gosto dos que não querem sair do lugar e fazem questão de deixar tudo como está e sempre foi. Compete aos espíritas a missão de transformar a educação, para que esta combata o egoísmo e o orgulho, destruindo-os, por isso a doutrina fala em formar o caráter, desenvolver o senso moral, combater as más tendências, criar bons hábitos, fazer pensar, assumir as responsabilidades no uso do livre arbítrio e desenvolver as virtudes. Tudo isso aconchegado no manto do amor e da caridade, da fraternidade e da solidariedade, levando o educando a pensar no bem coletivo, e não apenas no próprio bem mesmo que prejudicando os outros, como temos assistido.

A educação espírita é uma realidade desde o surgimento do Espiritismo, mas o seu desenvolvimento teórico e sua aplicação prática é de competência dos espíritas, motivo pelo qual conclamamos os pedagogos espíritas a se unirem e realizarem o que deve ser realizado, deixando de lado personalismos, que são incompatíveis com os princípios doutrinários do Espiritismo.

Olhemos para o futuro da humanidade, levando em consideração a reencarnação, o nascer de novo apresentado por Jesus. Se não transformarmos a educação nas luzes que o Espiritismo nos apresenta, que sociedade irá nos recepcionar amanhã, quando tivermos que aqui retornar? A educação espírita, podemos concluir, é uma necessidade que se impõe face à verdade da vida imortal e da lei divina do progresso.


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