Marcus De Mario
Você já parou para se perguntar de onde vem a índole moral que a criança em tenra idade apresenta? Se ela ainda nem chegou aos dois anos de idade, e a educação dos pais não teve tempo e poder de exercer grande influência, como ela pode estar demonstrando certos conhecimentos e, mais do que isso, certos pendores para o bem ou para o mal? Você percebe nitidamente que esses conhecimentos e esses pendores são da própria criança, nada tem a ver com qualquer influência externa, e procura na ciência uma explicação, nada encontrando que satisfaça plenamente sua indagação. É que a ciência, ainda materialista, não leva em consideração a existência, sobrevivência e reencarnação da alma, tudo centrando no mundo biológico, ficando em apuros para explicar o que está além disso. Entretanto, com a ciência espírita, que pesquisa e estuda a realidade da vida espiritual e seu intercâmbio com a vida material, tudo se esclarece de forma clara, objetiva e sem permitir dúvida.
Para o Espiritismo o nascimento é apenas a culminância do processo reencarnatório, ou seja, do processo da volta da alma à vida corpórea, para cumprir uma nova existência, num novo corpo e numa nova situação social e de personalidade. Como a alma já teve outras experiências reencarnatórias, traz consigo as ideias inatas e as tendências de caráter, conforme as vivências tidas nessas outras existências, as chamadas vidas passadas. Nada fica perdido, tudo se encadeia, pois o esquecimento do passado é relativo, e o que não está no consciente está perfeitamente registrado e guardado no inconsciente. Então, diante dessa constatação, podemos afirmar com toda segurança que a criança é um espírito (alma) reencarnado.
A imortalidade da alma e a reencarnação são princípios básicos do Espiritismo, e esses princípios proporcionam verdadeira revolução pedagógica, mudando de perspectiva os esforços que fazemos na educação, pois a criança deixa de ser um ser vago, indefinido, ou um adulto em miniatura, derrubando conceituações neurológicas e psicológicas que tentam explicar o que não se pode explicar apenas do ponto de vista material, biológico.
Se temos com o Espiritismo uma nova ciência pedagógica, temos igualmente uma nova filosofia da educação que, por sua vez, determina uma nova prática de ensino, pois agora passamos a considerar a imortalidade da alma, sua sobrevivência ao fenômeno da morte, sua vida na dimensão espiritual e seu retorno ao mundo corpóreo em nova encarnação, tudo com a finalidade superior de desenvolvimento do seu potencial divino, rumo à perfeição tanto intelectual quanto moral.
Enquanto caminhamos ainda a passos lentos para adentrar com os conceitos espíritas sobre o ser e a vida nas escolas, universidades e gabinetes científicos, temos no serviço de evangelização da família propiciado pelos centros espíritas, o grande laboratório pedagógico da educação do espírito, com a oportunidade de trabalhar a criança, o adolescente, o jovem e o adulto a partir dessa visão transcendente, visão que é ao mesmo tempo revolucionária e transformadora.
Não basta afirmar que a criança é um espírito reencarnado, é necessário deixar-se penetrar por essa verdade, modificando pensamentos e ações, pois do contrário teremos um belo conceito, mas sem execução prática. Não basta ser professor na escola para ser evangelizador/educador no centro espírita. Isso pode acontecer, mas nem sempre dará os melhores resultados, pois o professor precisa se compenetrar da sua missão educadora do espírito imortal e reencarnado, do contrário, fará da evangelização espírita um repositório de velhos e descascados conceitos e práticas, na contramão do que nos apresenta a doutrina espírita.
Como todos nós passamos pelo processo de nascimento para uma nova existência, incluindo aqui a experiência pelo período infantil, podemos afirmar que, agora adultos, também somos um espírito reencarnado, e não podemos esquecer que já fomos crianças, que trouxemos conosco ideias inatas e tendências de caráter, assim como não podemos esquecer a influência que a educação exerceu sobre nós.
Diante disso, perguntemos: que educação estamos promovendo com as crianças? Estamos olhando para o futuro não apenas da existência terrena, mas para o amanhã depois da morte e, ainda mais, para o que virá em próxima existência material neste mundo? Estamos promovendo a formação do caráter para a honestidade, a bondade, a caridade e o amor? Estamos combatendo as más tendências que o espírito ainda está trazendo? Estamos desenvolvendo as virtudes que ele igualmente traz já em certo desenvolvimento?
Como vemos, afirmar que a criança é um espírito reencarnado muda tudo na educação, por isso podemos também afirmar, sem medo de errar, que o Espiritismo é essencialmente doutrina de educação do ser humano enquanto está na vida material, e também da alma que prossegue a vida no mundo espiritual.
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