segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

As telas digitais e a educação


Marcus De Mario

Há uma onda crescente de pressão sobre as autoridades e legisladores públicos, pela implementação de leis regulatórias sobre o uso do celular e das redes sociais, sendo muitas pessoas adeptas do estabelecimento de algum tipo de proibição. É assim que temos assistido a proibição do uso do celular na escola; a proibição do uso das redes sociais antes dos dezesseis anos de idade, e assim por diante, por força de lei aprovada pelo legislativo e sancionada pelo governo de vários países. Em nosso entendimento, temos que é necessário, em nosso estado atual de progresso espiritual, a criação de leis regulatórias sobre o mundo digital e online, pois nem sempre sabemos utilizar a tecnologia para promover o bem, muitas vezes adentrando a sérios problemas de saúde mental, como nos advertem os especialistas.

Isso constatado, façamos uma importante pergunta: proibir, por lei, é a solução? Temos muitas proibições, sobre as mais diversas questões, em nossas leis, mas isso nunca impediu as pessoas de burlarem essas leis e, mesmo correndo o risco de serem presas e punidas, quantas vezes dão continuidade ao desdenho da lei, sem se importar com as consequências? Não ocorrerá o mesmo com relação ao uso do celular e das redes sociais por parte das crianças e dos adolescentes?

Se a criança e o adolescente não podem mais utilizar o celular na escola, o que farão com o mesmo depois do período escolar? Quem haverá de vigiá-las? Deveriam os pais e os avós serem os encarregados dessa vigilância, mas estão preparados para isso? Terão a boa vontade de exercer esse controle? Essas mesmas perguntas podemos dirigir à questão do uso das redes sociais proibido para até determinada idade, pois aqui temos o papel educativo da família, que não está sendo levado em conta nessa discussão.

Passei meus tempos escolares no hoje ensino fundamental, no período da ditadura militar, e muitas coisas eram-nos proibidas, e os inspetores da escola pública onde estudei viviam exercendo forte vigilância sobre os alunos. Nem por isso obedecíamos, pelo contrário, demos muito trabalho aos inspetores, professores e à diretoria, alguns mais, outros menos, mas vez ou outra estávamos procurando meios de burlar esta e aquela regra, e quantas vezes conseguimos! Isso acontecia porque a simples proibição não nos satisfazia, pois não tínhamos a compreensão dos porquês, e quando não concordávamos, afinal éramos adolescentes querendo viver a vida, simplesmente ignorávamos as regras e proibições. Não acontecerá o mesmo com relação à proibição sobre os celulares e as redes sociais? A tecnologia é outra, os tempos são outros, mas a questão é a mesma.

Proibir não é educar. É mais fácil proibir do que educar, mas a simples proibição, mesmo sendo lei, não tem força educativa, não conscientiza, motivo pelo qual o ser humano acaba dando um jeito de não obedecê-la.

A solução passa pela educação, queiramos ou não, e precisamos entender com urgência esse enunciado, sob pena de continuarmos a assistir o celular e as redes sociais serem mal utilizados, quando deveriam propiciar meios de instrução e realizações no bem. Mas o problema não é o celular, como também não são as redes sociais. O problema é o ser humano, que, com seu egoísmo e orgulho, desvirtua a tecnologia, utilizando-a para o mal.

Nossa educação, quer na família quanto nas instituições escolares de todos os níveis, está atrelada à aquisição de conhecimentos e à formação profissionalizante, deixando de lado a formação do caráter e o desenvolvimento dos valores humanos. Estamos recebendo na sociedade gerações despreparadas para vivenciar a ética, a empatia, a resiliência, a humanização. Os seres humanos saem da infância e da adolescência indiferentes e insensíveis para com os outros, não sabendo pensar no bem para todos. Vivem um dia após o outro, sendo o futuro o mais imediato possível, esquecidos do seu potencial espiritual.

É triste essa constatação, mas é verdadeira.

Somente a educação, que entendemos com a Doutrina Espírita ser a educação moral do Espírito reencarnado, poderá transformar gradativamente esse quadro de verdadeira insanidade que está acometendo a sociedade humana nos dias atuais.

Se proibir fosse solução, estaríamos solucionados há muito tempo com relação a muitas coisas, por isso afirmamos que os problemas vividos pelas crianças e pelos adolescentes com o celular e as redes sociais, o que engloba a família, somente terá efetiva solução se, no lugar de proibir, tivermos a paciência e a perseverança de educar.

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