Cada criança é uma individualidade única, com sua personalidade, seu jeito de ser, suas capacidades, suas habilidades, suas dificuldades e o seu ritmo de aprendizagem, por isso dar a mesma educação, do mesmo jeito, para todas, é improdutivo. Na escola, todo professor sabe que cada aluno aprende de um jeito diferente do outro; na família, toda mãe sabe que cada filho tem a sua personalidade, que irmãos não são pessoas iguais. Entretanto, apesar dessa constatação, professores e pais insistem em querer fazer tudo igual para todos. Na escola reúnem os alunos da mesma faixa etária no mesmo ambiente, insistindo em dar a mesma aula para todos, apesar de ser mais do que sabido que idade nada quer dizer quanto a personalidades e ritmos de aprendizagem, que são individuais; na família, insistem os pais em dar a mesma educação para todos os filhos, ignorando as diferenças patentes entre eles, assim amargando vários problemas. Por que insistimos num modelo educacional fadado ao fracasso?
Essa questão fica mais evidente quando levamos em consideração que a criança é um espírito reencarnado, portanto com a sua própria história evolutiva, tendo passado por outras existências corporais, trazendo consigo uma bagagem particular de experiências e aprendizados, além de um planejamento reencarnatório que lhe diz respeito, embora seja um ser de relação e esteja realizando laços com os outros. Em outras palavras: embora sempre vivendo em sociedade, sempre interagindo com os outros, é uma individualidade que pensa e sente, que realiza seu autoaperfeiçoamento, não se confundindo com os outros espíritos.
Cada espírito, e, portanto, cada criança, tem seu ritmo; ninguém aprende do mesmo jeito que o outro, nem faz as coisas do mesmo jeito que o outro: cada um tem seu tempo, sua velocidade, seu querer. Os estímulos que oferecemos aos educandos podem ser os mesmos, mas cada um reagirá do seu modo próprio, pois a motivação é íntima, e o que toca profundamente um, pode ser indiferente para outro. Por esses motivos entendemos que a educação é um processo individualizado feito no coletivo, onde o educador deve procurar observar e atender as particularidades de cada educando, evitando uma massificação que será sempre prejudicial ao bom desenvolvimento cognitivo e educacional daqueles que estão na sua dependência, seja na escola ou na família.
Levar em conta as diferenças individuais no ritmo de aprendizagem é essencial na educação, por isso que fazer com que os educandos trabalhem em grupos de pesquisa, convivência e aprendizagem é mais produtivo, além de realizar rodas de conversa e fazer avaliações individuais de progresso, proporcionando às crianças que se desenvolvam mais naturalmente, sendo atendidas nas suas particularidades, ao invés de ficarem perdidas na massa. Elas fazem parte do conjunto, mas nunca perdem a sua individualidade, que precisa ser respeitada.
Quando os pais reclamam que seu filho não está conseguindo acompanhar as aulas – e aula deveria ser eliminada do discurso e da prática educativas –, estão enunciando a verdade da diferença existente de ritmo de aprendizagem entre os alunos, o que deve chamar a atenção dos professores que, por seu turno, devem modificar a metodologia de ensino, pois trabalham com consciências autônomas, que não podem ser atropeladas por um ensino que desconsidera as diferenças individuais.
Assim como os filhos não são iguais, e qual é o pai e a mãe que não sabe disso, os alunos também não são iguais, e os professores sabem disso. Por que então insistir numa educação que sistematicamente desrespeita os indivíduos, que não permite que eles pensem e sintam, impondo um ensino massificante, igual para todos?
Como lembramos neste texto a realidade do espírito reencarnado, tudo o que até aqui dissemos deve ser aplicado no trabalho educacional da chamada evangelização infantojuvenil promovida nos centros espíritas. O Espiritismo é em sua essência doutrina de educação, então sua aplicação deve ser dinâmica, criativa, humanizada, permitindo que o espírito realize por si mesmo sua moralização e espiritualização, o que não se conseguirá se ficarmos repetindo o modelo obsoleto e improdutivo da chamada escola tradicional.
Não esqueçamos: cada criança – espírito reencarnado – tem seu ritmo de aprendizagem. Deixar isso de lado é desrespeitar essa consciência, desvirtuando a educação da sua finalidade, assim gerando males incontáveis, tanto individuais quanto coletivos, como temos assistido nos últimos tempos.
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