sexta-feira, 19 de junho de 2009

Educação, uma boa fachada para as eleições

Estradas são abertas e hidrelétricas são erguidas.
Investe-se em campanhas publicitárias.
Partidos políticos afirmam, em programas televisivos muito bem produzidos, fazerem sempre o melhor para a nação.
A segurança pública é reforçada.
E assim, esforços e mais esforços, em diversas áreas, gastam milhões, mesmo bilhões de reais.

Agora, quando se trata da educação...

Faltam professores, mas os concursos públicos para preenchimento das vagas não são realizados.

Existe um piso salarial, mas a maioria dos governos paga aos professores salário abaixo do que exige a lei.

O ensino fundamental deve ser de nove anos, mas grande parte das secretarias de educação ainda trabalha com o modelo antigo de oito anos.

A reforma ou construção de escolas engatinha, com os prazos anunciados nunca sendo respeitados.

E o ensino, pobre coitado, castiga impiedosamente o processo ensino-aprendizagem, desrespeitando estágios de desenvolvimento da criança, insistindo em procedimentos arcaicos, desvinculado de objetivos mais profundos.

E todos falam, reclamam, exigem...

O Ministério da Educação quer fazer tudo a toque de caixa, rapidamente, pois estamos na véspera de ano eleitoral, anunciando planos e investimentos sem dar tempo para que haja discussão.

Percebemos, infelizmente, que a educação continua a não ser prioridade, e que ela é usada apenas como fachada para as eleições.

É bom, muito bom mesmo, aparecer na televisão e falar sobre educação, mentindo abertamente - mas o povo não sabe, eles pensam -, dizendo que fizeram isso, estão fazendo aquilo, e que irão fazer mais não sei o que pela educação. Os políticos sabem que o povo quer educação, quer escola, e que falar sobre o tema, mostrando hipócrita preocupação com a área, rende votos.

A educação é, ainda, apenas uma boa fachada eleitoreira.

Muitos vereadores, deputados e senadores são donos, sócios ou possuem negócios com as escolas particulares, com os sistemas privados de ensino, legislando em causa própria, ou seja, não tem interesse algum na escola pública de qualidade.

Precisamos conscientizar a população, esclarecer o eleitor. Precisamos escolher o menos pior entre os futuros candidatos, sim, porque ainda estamos longe de termos bons candidatos, mas, pelo menos, podemos escolher entre eles os que são mais sinceros, mais honestos e realmente sensibilizados com a educação.

Nossos políticos precisam olhar e obedecer menos o partido a que pertencem, e ouvir mais a voz da consciência, entendendo que educação não é fachada para discurso, é base para uma nação que se quer dizer desenvolvida e civilizada.

Pensemos nisso!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Proibir será solução?

Na esteira dos problemas enfrentados pelas escolas, duas medidas chamam atenção e merecem ser discutidas do ponto de vista pedagógico.

A primeira diz respeito à proibição, por força de projeto de lei em discussão, do uso de celulares e outros aparelhos nas escolas. A segunda medida é o toque de recolher noturno para adolescentes adotado por diversas cidades.

A questão não é discutir se essa medidas funcionam, pois como são medidas de impacto, e tendo fiscalização, claro que funcionam, pelo menos nos primeiros tempos, mas toda medida proibitiva, coercitiva, imposta de cima para baixo, tende a ser questionada e ... burlada.

Antigamente a escola era rígida, cheia de regras e inspetores prontos para mandar o aluno para a sala da diretoria, e nem por isso os alunos eram comportados e davam menos trabalho. Era desafiador confrontar as regras rígidas, mesmo arcando com as consequências às vezes drásticas.

Proibir não resolve, não é pedagógico, não educa. É paliativo diante da bola de neve dos problemas acumulados e não resolvidos.

Melhor seria que a escola soubesse trabalhar através de conselhos com a participação de todos, estabelecendo regras e princípios em comum acordo, quando todos se responsabilizam - alunos, professores, direção, funcionários, pais.

Conselhos e realização de assembléias periódicas permitem elevar o nível de conscientização e responsabilidade, participação e troca de experiências por parte dos alunos, fazendo com que a interação seja motivadora para transformar a escola em ambiente prazeroso e multidisciplinar.

A discussão das regras permite que elas sejam entendidas, pois todas as consequências são colocadas em pauta, além de propiciar reavaliações, sempre que necessário. Os alunos compram a ideia, se podemos assim nos expressar, e passam a se autovigiar, responsabilizando-se pelo cumprimento do que foi aceito pela maioria.

Se proibição resolvesse, há muito tempo as escolas não teriam problemas com disciplina.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dobra Repetência no Ensino Médio

Dados fornecidos pelo MEC e divulgados pela Unesco dão conta que:

"A proporção de alunos do ensino médio (antigo colegial) que repete de ano no país chegou a 12,7% em 2007, o dobro do que em 1998. Educadores afirmam que a piora é reflexo de problemas no currículo, centrado em conhecimentos específicos das matérias (diversas fórmulas em química ou física, por exemplo, sem que o aluno entenda a importância e a aplicação delas). Os alunos, dizem os pesquisadores, não têm motivação para a escola, que não prepara para o mercado de trabalho nem para a universidade".

Esta é a notícia colhida na mídia, merecendo nossa análise, pois o Ensino Médio há muito tempo está perdido, sem saber para que serve nem para onde vai.

Realmente, é verdadeira a colocação feita pelos educadores que o currículo está centrado em conhecimentos específicos das matérias, e que esses conhecimentos estão sobrecarregados de fórmulas, equações, regras que não fazem sentido para os alunos, pois não sobra espaço para que aprendam a sua importância e aplicação.

Infelizmente continuamos a assistir um ensino "decoreba", calcado no "cuspe e giz" - expressões muito conhecidas - sem abrir espaço para a apreensão dos conteúdos, e desvinculando o processo ensino-aprendizagem do processo cotidiano do existir. Diante desse quadro, não se pode mesmo esperar outro resultado: aumento da repetência e da evasão escolar no Ensino Médio.

Quanto à preparação para o mercado de trabalho e para a universidade, dois objetivos que o MEC persegue, está tudo ruim, e tende a piorar, principalmente no ensino público. O governo insiste em priorizar as escolas técnicas, no caso da preparação para o mercado de trabalho, deixando as escolas de ensino médio sem "eira nem beira", ou seja, sem saber o que fazer. Talvez o caminho seja focar na preparação do aluno para o vestibular, para o ingresso no ensino superior, entretanto, será esse o objetivo do Ensino Médio? E porque esse foco se as cotas raciais não exigem que se melhore a escola e o ensino?

Para onde vai a Escola de Ensino Médio? O que fazem os alunos com o diploma do antigo segundo grau (ou colegial)?

É bom encontramos respostas, pois do contrário o esvaziamento vai aumentar.

Pensemos nisso!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pobres Alunos, Brancos e Pobres

Recebi por e-mail o texto abaixo transcrito. Você pode gostar ou não da autora deste texto, e até questionar algumas colocações, mas aí está uma boa visão sobre o regime de cotas.

POBRES ALUNOS, BRANCOS E POBRES...

Entre as lembranças de minha vida, destaco a alegria de lecionar Português e Literatura no Instituto de Educação, no Rio. Começávamos nossa lida, pontualmente, às 7h15. Sala cheia, as alunas de blusa branca engomada, saia azul, cabelos arrumados.Eram jovens de todas as camadas.

Filhas de profissionais liberais, de militares, de professores, de empresários, de modestíssimos comerciários e bancários.Elas compunham um quadro muito equilibrado. Negras, mulatas, bem escuras ou claras, judias, filhas de libaneses e turcos, algumas com ascendência japonesa e várias nortistas com a inconfundível mistura de sangue indígena.As brancas também eram diferentes. Umas tinham ares lusos, outras pareciam italianas.Enfim, um pequeno Brasil em cada sala.

Todas estavam ali por mérito!

O concurso para entrar no Instituto de Educação era famoso pelo rigor e pelo alto nível de exigências.Na verdade, era um concurso para a carreira de magistério do primeiro grau, com nomeação garantida ao fim dos sete anos.

Nunca, jamais, em qualquer tempo, alguma delas teve esse direito, conseguido por mérito, contestado por conta da cor de sua pele! Essa estapafúrdia discriminação nunca passou pela cabeça de nenhum político, nem mesmo quando o País viveu os difíceis tempos do governo autoritário.

Estes dias compareci aos festejos de uma de minhas turmas, numa linda missa na antiga Sé, já completamente restaurada e deslumbrante.Eram os 50 anos da formatura delas! Lá estavam as minhas normalistas, agora alegres senhoras, muitas vovós, algumas aposentadas, outras ainda não. Lá estavam elas, muito felizes. Lindas mulatas de olhos verdes. Brancas de cabelos pintados de louro. Negras elegantérrimas, esguias e belas.Judias com aquele ruivo típico. E as nortistas, com seu jeito de índias.Na minha opinião, as mais bem conservadas.

Lá pelas tantas, a conversa recaiu sobre essa escandalosa mania de cotas raciais. Todas contra! Como experimentadas professoras, fizeram a análise certa. Estabelecer igualdade com base na cor da pele? A raiz do problema é bem outra. Onde é que já se viu isso? Se melhorassem de fato as condições de trabalho do ensino de primeiro e segundo graus na rede pública, ninguém estaria pleiteando esse absurdo.

Uma das minhas alunas hoje é titular na Uerj. Outra é desembargadora. Várias são ainda diretoras de escola. Duas promotoras. As cores, muitas. As brancas não parecem arianas. Nem se pode dizer que todas as mulatas são negras. Afinal, o Brasil é assim. A nossa mestiçagem aconteceu. O País não tem dialetos, falamos todos a mesma língua. Não há repressão religiosa. A Constituição determina que todos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza! Portanto, é inconstitucional querer separar brasileiros pela cor da pele. Isso é racismo! E racismo é crime inafiançável e imprescritível.

Perguntei: qual é o problema, então? É simples, mas é difícil.

A população pobre do País não está tendo governos capazes de diminuir a distância econômica entre ela e os mais ricos. Com isso se instala a desigualdade na hora da largada. Os mais ricos estudam em colégios particulares caros. Fazem cursinhos caros. Passam nos vestibulares para as universidades públicas e estudam de graça, isto é, à custa dos impostos pagos pelos brasileiros, ricos e pobres. Os mais pobres estudam em escolas públicas, sempre tratadas como investimentos secundários, mal instaladas, mal equipadas, malcuidadas, com magistério mal pago e sem estímulos.

Quem viveu no governo Carlos Lacerda se lembra ainda de como o magistério público do ensino básico era bem considerado, respeitado e remunerado. Hoje, com a cidade do Rio de Janeiro devastada após a administração de Leonel Brizola, com suas favelas e seus moradores entregues ao tráfico e à corrupção, e com a visão equivocada de que um sistema de ensino depende de prédios e de arquitetos, nunca a educação dos mais pobres caiu a um nível tão baixo. Achar que os únicos prejudicados por esta visão populista do processo educativo são os negros é uma farsa. Não é verdade.

Todos os pobres são prejudicados: os brancos pobres, os negros pobres, os mulatos pobres, os judeus pobres, os índios pobres!

Quem quiser sanar esta injustiça deve pensar na população pobre do País, não na cor da pele dos alunos. Tratem de investir de verdade no ensino público básico. Melhorar o nível do magistério. Retornar aos cursos normais. Acabar com essa história de exigir diploma de curso de Pedagogia para ensinar no primeiro grau. Pagar de forma justa aos professores, de acordo com o grau de dificuldades reais que eles têm de enfrentar para dar as suas aulas. Nada pode ser sovieticamente uniformizado. Não dá.

Para aflição nossa, o projeto que o Senado vai discutir é um barbaridade do ponto de vista constitucional, além de errar o alvo. Se desejam que os alunos pobres, de todos os matizes, disputem em condições de igualdade com os ricos, melhorem a qualidade do ensino público. Economizem os gastos em propaganda. Cortem as mordomias federais, as estaduais e as municipais. Impeçam a corrupção. Invistam nos professores e nas escolas públicas de ensino básico.

O exemplo do esporte está aí: já viram algum jovem atleta, corredor, negro ou não, bem alimentado, bem treinado e bem qualificado, precisar que lhe dêem distâncias menores e coloquem a fita de chegada mais perto? É claro que não. É na largada que se consagra a igualdade.

Os pobres precisam de igualdade de condições na largada. Foi isso o que as minhas normalistas me disseram na festa dos seus 50 anos de magistério!Com elas, foi assim.

Sandra Cavalcanti
Professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, secretária de Serviços Sociais no governo Carlos Lacerda, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo Branco.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Professores mal formados

A notícia que o Ministério da Educação decidiu pelo fechamento de 17 cursos de pedagogia ou normal superior não pode passar despercebida.

Em 2005 nada menos que 60 instituições de ensino superior, após a aplicação do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante) ficaram com conceitos 1 e 2, considerados insuficientes, fazendo com que o MEC as colocasse sob supervisão. Agora, 40 dessas instituições vão assinar o Termo de Saneamento de Deficiências, tendo um ano para melhorar as condições de seus cursos, de acordo com parâmetros estabelecidos pelo MEC. Outras três instituições foram consideradas aptas a continuar os cursos.

Lembrando que a Faculdade de Pedagogia é responsável pela formação dos professores brasileiros, que adentram ao magistério na educação básica, a situação vai muito mal.

Essa constatação, agora oficial, já era apontada por pesquisas publicadas em revistas especializadas, que apontavam os cursos de pedagogia dissociados da realidade escolar, e deixando os futuros professores despreparados para o magistério, agravando assim os já tão cantados problemas da educação brasileira.

O Ministério da Educação demorou em tomar essa atitude. Turmas e mais turmas de alunos, ano após ano, foram lançados no mercado de trabalho ostentando um diploma de pedagogia, mas sem o mínimo preparo para exercer qualquer função na escola. A cupla disso é do próprio MEC, que nas últimas três décadas autorizou o funcionamento de cursos em todas as partes do território nacional, sem atentar para a qualidade dos mesmos.

Esperamos que esse quadro mude para melhor. Fiquemos atentos, pois o futuro da nação está em jogo.

Pensemos nisso!

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...