Carta pela paz no mundo
Esta carta é ao mesmo tempo um apelo à razão e à emoção, procurando falar às mentes e aos corações de todos os homens e mulheres da humanidade, da criança ao idoso, no sentido de sensibilizar para a paz, para as atitudes de não violência, para o respeito aos direitos do outro, e para uma educação que valorize o ser humano e lhe dê um ideal superior de vida, levando-o a sentir sua espiritualidade, único antídoto contra o egoísmo, o orgulho, a hipocrisia, a vaidade, a indiferença e a violência que ainda predominam no mundo.
A
solidadriedade, a cooperação, a fraternidade e a liberdade devem
caracterizar a sociedade humana do terceiro milênio, sob pena de
continuarmos a assistir, durante muito tempo, a injustiça social, a
miséria, a poluição ambiental, a exploração de todos os matizes,
os preconceitos de toda ordem, e as guerras que semeiam a desordem e
a destruição, fomentando ódios e vinganças. Para que os novos
paradigmas substituam as velhas estruturas sociais, para que renovem
a humanidade, é preciso que os interesses políticos, sociais e
culturais saiam do patamar imediatista, onde o interesse individual
ou de grupo prevalece, para abranger a visão do todo, onde o bem
deve prevalecer, sem que ninguém seja prejudicado.
É
preciso um esforço sincero de cada um em combater em si mesmo a
corrupção de ordem moral, a começar por sair da zona de conforto
do individualismo egoísta, para que possamos perceber e sentir
aqueles que estão conosco formando a sociedade, gerando então o bem
estar comum, não egoístico, transformando assim o quadro
materialista do viver, quando tudo fazemos pensando apenas em nós e
naqueles que nos são caros ao coração, para, pelo contrário,
pensarmos em todos os seres humanos, em todas as sociedades, em todas
as nações, em toda a humanidade.
Irmãos
em humanidade!
Sim,
chamo a todos de irmãos, pois todos somos seres humanos, todos temos
inteligência, todos temos sentimento, e isso independe da cor de
nossa pele, do grau de instrução que tenhamos, da religião que
professamos, da nação a qual pertencemos. Somos todos seres
humanos, somos pessoas, e é isso o que deve nos levar à união. Sem
essa visão que transcende a individualidade e o grupo de interesses
comuns, continuaremos a criar barreiras para a solidariedade, a
cooperação e a paz.
De
quantas tragédias ainda necessitamos para aprender a superar as
diferenças? Não bastaram as duas guerras mundiais de triste
memória? E o que dizer sobre as lutras fratricidas por questões de
raça e de religião? Quanto mais de sofrimento precisamos ter para
que os chefes das nações, para que os governos se sensibilizem para
a urgência da não violência e da cooperação, superando as
barreiras ideológicas e econômicas?
Os
vícios de toda ordem com seu cortejo de violências contra o ser
humano, não serão controlados e superados apenas com o uso da
segurança pública e do militarismo, que acabam gerando revolta,
ódio, amargura, desejo de vingança e mais diferenças e
sofrimentos. Está na hora da opção pela paz, pelo entendimento,
pelo diálogo honesto, sem máscaras, sem hipocrisia, mas com boa
vontade, procurando o bem coletivo, pois o verdadeiro bem é aquele
que a ninguém prejudica.
Irmãos
em humanidade!
Elevemos
nosso pensamento a Deus, independente de crença e de filosofia,
permitindo que um sentimento maior preencha o vazio de nossas almas,
reconhecendo no outro nosso irmão, um ser em desenvolvimento tanto
quanto nós, e que aqui se encontra não por acaso, mas sim para
cumprir um destino que é alcançar a felicidade, o que não pode
conseguir sozinho, mas na interação com os outros, pois somos
interdependentes. Mantemos nossas individualidades, somos diferentes
no progresso realizado, mas isso não significa que tenhamos de ser
inimigos.
A
luta pelo poder político, pela hegemonia econômica, pela
predominância racial, pela superioridade religiosa, pelo status
social, têm marcado os homens e mulheres como verdadeiras feras
famintas num circo, irracionalmente lutando uns contra os outros,
marcando a história humana com ferro e fogo, sem que a violência
tenha, em todos os tempos, resolvido uma só questão do viver
humano. É urgente estabelecermos a mediação de conflitos com
inteligência e sentimento, dos pequenos aos grandes conflitos,
fazendo prevaler no relacionamento interpessoal a inteligência
emocional, que nos leva a saber colocarmo-nos no lugar do outro.
O
caminho para a paz no mundo é o da educação moral, essa educação
que promove a ética nas relações, a honestidade nas ações, a paz
nas vivências, a solidariedade em todas as circunstâncias, o
respeito às diferenças e aos direitos, a espiritualidade de cada
um. Essa educação é a de que necessitamos, única que possui como
pilares a solidariedade, a fraternidade, a cooperação e a
liberdade, equilibrando o desenvolvimento cognitivo com o
desenvolvimento afetivo dos homens e mulheres, desde as novas
gerações até os adultos.
Irmãos
em humanidade!
O
combate à miséria, ao preconceito, à injustiça social, ao
materialismo e egoísmo do viver somente pode ser eficaz com a
aplicação da educação moral, não somente nas escolas, mas
igualmente nas famílias, num processo dinâmico que ofereça a
todos, sem distinção, as mesmas oportunidades; que ofereça a todos
o olhar para o futuro; que ofereça a cada um o desenvolvimento da
sensibilidade, do sentir, para que a indiferença e a insensibilidade
sejam páginas viradas de nossa história. A prioridade dos governos
deve ser a educação moral, disso não temos dúvida, e quando isso
acontecer, finalmente a humanidade terá feito a opção pela paz,
pelo amor que deve nos unir mundialmente.
Desejar
a paz é uma condição humana natural, mas os caminhos procurados
pelo homem para realizar a paz nem sempre são os melhores, pois
muitas vezes defendem posições particulares ou de grupo que
desrespeitam e violentam a paz dos outros. Não basta desejar a paz
se não temos a verdadeira paz, que é a paz do conhecimento de nós
mesmos. Conhecer-se é a grande chave para abrir a construção da
paz no mundo.
Quem
se conhece, nos seus limites e potencialidades, sabe que a sua paz
faz limite com a paz dos outros, e que para evitar atritos deve saber
conviver respeitando liberdades e direitos ao mesmo tempo em que
pratica responsabilidades e deveres.
Falamos
muito sobre a paz, mas estamos vivendo a paz, nos atos e pensamentos?
Será que viver em paz é ter uma boa situação financeira, um bom
status social, um bom poder sobre as pessoas, mesmo que isso não
seja bom para a maioria? Se assim pensamos, estamos invertendo
valores e colocando em risco a sociedade.
Lembremos
que quando nos transformamos em autoridade pública, somos
representantes do povo, de um desejo coletivo, e não simplesmente
representantes de nós mesmos ou de algum grupo com interesses
particulares. O egoísmo tem produzido a corrupção, a injustiça
social, a miséria, a guerra e tantos outros flagelos que vitimam
vidas humanas.
E
para aqueles que acreditam estar acima de todas essas coisas, nosso
olhar de compaixão, pois a dor moral e a doença física não tem
hora marcada, nem aviso prévio. Enquanto estivermos vestindo a capa
do egoísmo e do orgulho, quantas pessoas não estarão sofrendo por
nossa culpa?
Reflitamos
sobre tudo isso, olhemos para o lado e enxerguemos os outros como
realmente eles são: seres humanos, pessoas dotadas de sentimento,
todos querendo viver em paz, tanto quanto nós.
Pensemos
nos outros, e façamos pelos outros o que eles esperam de nós: a
construção da paz através de leis justas e respeito aos códigos
de direitos humanos.
Paz!
Ela depende de cada um, onde estivermos, com quem estivermos.
Que
o ódio seja suplantado pelo amor.
Que
a indiferença seja substituída pela solidariedade.
Que
o preconceito seja trocado pela bondade.
Que
as armas sejam substituídas pela cooperação.
Que
o egoísmo seja substituído pela humildade.
Que
a segurança pública ceda espaço para a educação moral.
Que
o sonho de um mundo melhor seja realidade através da não violência,
da solidariedade, da fraternidade e da liberdade.
Que
o sonho de um mundo melhor seja realidade através da opção pela
paz.
Assim,
propomos 10 (dez) passos para a construção da paz no mundo,
convidando-o a colocá-las em prática:
1
– Procure amar os outros, como eles são, respeitando seus
direitos, sem fazer exigências.
2
– Respeite o ponto de vista dos outros, pois cada um tem seu
entendimento, sua visão das coisas e suas perspectivas da vida.
3
– Seja compreensivo e tolerante para com os outros, do mesmo modo
que deseja que os outros o sejam consigo.
4
– Busque sempre o perdão em todas as circunstâncias.
5
– Seja a mudança que você deseja ver no mundo.
6
– Na administração pública pense sempre no bem estar coletivo.
7
– Substitua a agressividade pelo amor.
8
– Faça aos outros somente o que gostaria que os outros lhe
fizessem.
9
– Combata os vícios morais, desenvolvendo as virtudes, aplicando
a si mesmo a educação moral.
10
– Eleja a não violência e a paz como roteiros existenciais.
Irmãos
em Humanidade!
De
todos os cantos planetários as pessoas clamam por paz, bondade,
honestidade, justiça, solidariedade. Criemos uma grande corrente
pela não violência, agindo a benefício de um mundo melhor,
mostrando aos governos das nações e às organizações
internacionais que não queremos mais as guerras, não queremos mais
os jogos de interesses, não queremos mais a miséria.
Se
cada um fizer a sua parte pela paz no mundo, com certeza a Humanidade
entrará numa nova era, de entendimento e de ética, quando
finalmente conheceremos em plenitude as consequências positivas da
mensagem que ecoa desde tempos longínquos: amemo-nos como irmãos!
*Marcus
De Mario é escritor e educador, atuando como diretor do Instituto
Brasileiro de Educação Moral – IBEM, organização educacional
sem fins lucrativos.
Conheça
o Programa Vivendo Sempre em Paz ofertado pelo IBEM para as escolas e
organizações sociais.
Se
você concorda com esta Carta pela Paz no Mundo, publicada por seus
autor em 1º de janeiro de 2016 – Dia Mundial da Paz e Dia da
Fraternidade Universal –, faça sua divulgação por todos os meios
disponíveis e nas mais diferentes línguas, para que ela fomente, em
todos os cantos do mundo, ações pela paz.
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