Pela ordem, pela paz e pela não-violência
Todo cidadão tem o direito de reinvindicar das autoridades públicas o cumprimento dos seus deveres e a obediência àas leis, assim como pode manifestar-se em conjunto para pressionar por mudanças e mostrar sua insatisfação e indignação. Deve, entretanto, entender que reeinvindicações e manifestações devem ser realizadas de forma pacífica, ordeira, e sem restringir o direito do outro de não aderir. Quando utilizamos de atos violentos, invasivos, como é o caso do vandalismo, e em protesto impedimos que os outros circulem e trabalhem normalmente, estamos infringindo a própria lei que queremos que os os outros obedeçam. Nenhum radicalismo é bem-vindo, pois nada traz de bom e útil.
Precisamos entender que por trás de muitas manifestações e reinvindicações, está o interesse de grupos por vantagens que dizem respeito somente a eles, embora isso esteja disfarçado com um discurso aparentemente popular. Por esse motivo precisamos exercer o bom senso, aprofundar o conhecimento sobre a questão e, mesmo que a causa seja justa, entender que não é a violência o melhor caminho, que não é o radicalismo a melhor solução, e sim a conscientização paulatina de todos pelos meios disponíveis de comunicação e pelas manifestações obedecendo a ordem, sempre de forma pacífica. Bombas, quebra-quebra, gritos de ordem, enfrentanentos agressivos não se coadunam com uma nova e melhor ordem social.
Lembremos de Gandhi, o apóstolo hindu da não-violência, que enfrentou os colonizadores britânicos sem nunca ter agredido ninguém, paulatinamente levando a população da Índia a pressionar pela liberdade, pela plena autonomia e independência de sua nação, até o ponto em que os colonizadores ficaram em situação de ingovernabilidade, tendo que realizar acordos até sua retirada completa do país. Levou tempo, mas Gandhi conseguiu, motivo pelo qual foi chamado de Mahatma, ou seja, Grande Alma. É um exemplo muito forte que deve calar fundo em nossa consciência. E por falarmos em exemplo, lembremos de outro humanista, ativista e pacifista que marcou a todos nós: Martin Luther King. Trabalhou incansavelmente pelo fim da segregação racial nos Estados Unidos sem nunca ter compactuado com qualquer retaliação contra os opressores. E não poderíamos deixar de citar, com reverência, a Nelson Mandela, que pacientemente suportou o peso da prisão e fez com que a população negra da África do Sul entendesse que o passado deveria ficar no passado, que o futuro somente seria melhor se no presente houvesse compreensão, perdão e reconciliação.
É entristecedor assistir grupos radicais criarem baderna na tentativa de provocar uma paralisão geral, sem que isso esteja no anseio da população. E também é lamentável ver as autoridades públicas reagirem através da repressão violenta dos órgãos de segurança. Uns e outros estão equivocados.
Mannifestemos nossas angústias, nossas apreensões e aspirações por uma nação melhor, por leis mais justas, pelo fim de privilégios e tudo o mais que vise uma sociedade brasileira mais equilibrada e exemplo para o mundo, mas façamos isso respeitando o direito do outro e obedecendo parâmetros de civilidade, sob pena de sermos classificados como povo que desconhece os princípios mínimos e razoáveis da ética, da moral e da cultura de uma verdadeira civilização, de um povo esclarecido.
Quando vamos entender que seremos melhores na medida em que nos melhorarmos, e que isso somente pode ser feito através da educação?
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