Educação para cidadania começa em casa
Relendo
o livro Quem Ama, Educa!, de Içami Tiba, encontrei este
significativo pensamento: “Quando um filho ganha sem esforço um
brinquedo, depois outros, e vai recebendo tudo o que quer sem
despender um mínimo esforço nem um merecimento, acaba não
valorizando o que ganha. Sem custos, os benefícios gratuitos aleijam
o desenvolvimento dos filhos. A distorção educativa é que o filho
se sente no direito de ter os benefícios e passa a exigi-los sem
custo. A verdadeira educação é inspirar os filhos a lutar pelo que
querem, fazer-se merecedores das conquistas que são premiadas. Os
pais não devem dar tudo seguindo seus próprios desejos ou porque
têm condições de dar, mas devem oferecer as coisas de que os
filhos realmente precisam. É a partir da demasia que vem a
desvalorização e o desperdício material e a falsa autoestima de
bem estar.”
Os
pais não devem aceitar as birras dos filhos e acharem que se não
fizerem suas vontades estarão traumatizando os filhos, se assim
agirem na verdade estarão deseducando, deixando que crianças mandem
em adultos. Dar limites e exigir responsabilidades é um ato de amor!
Não se compensa falta de tempo presencial com presentes e mais
presentes, fazendo-se sempre as vontades dos filhos, que se
acostumarão a sempre pedir e querer mais, sem nada valorizar, afinal
tudo cai em seus colos com facilidade e de graça, sem nenhuma
contrapartida.
Muitas
mães dizem não poder suportar o choro dos filhos, pois isso é de
“cortar o coração”, ainda mais quando acontece em local
público, com as outras pessoas olhando e julgando, normalmente a
favor do filho, então, para encerrar a cena dramática em que se
encontram, aquiescem ao filho: “tudo bem, para de chorar, vou
comprar o brinquedo para você”. Esse comportamento somente reforça
a chantagem que o filho aprendeu a fazer: é só chorar, fazer
escândalo e repetir dezenas de vezes o que se quer e mamãe cede. E
hoje em dia isso acontece também com o pai. Não é que os pais não
tenham amor aos filhos, é que lhes falta conhecimento sobre educação
e, portanto, atitudes firmes que disciplinem e corrijam, isso para o
bem estar futuro dos filhos, da família e da sociedade.
Os
filhos precisam aprender a desenvolver esforço próprio para
realizar conquistas. Somente irão ganhar o “prêmio” se tiverem
mérito para isso; se souberem cumprir suas obrigações, sempre de
acordo com suas capacidades; se souberem respeitar os limites que os
pais devem lhes ensinar; se souberem ter comportamento adequado junto
aos outros.
Para
essa educação não adianta gritar, xingar, ameaçar, colocar de
castigo ou partir para a pancada, tudo isso condenável e
antipedagógico. Ameaças e violências podem assustar no primeiro
momento, mas logo estarão acomodadas e superadas pela criança, que
continuará, às vezes sutilmente, a elaborar estratégias para
ganhar o que quer, pois aprende os pontos fracos do pai e da mãe,
utilizando-os a seu bel prazer.
Os
pais devem mostrar aos filhos que o próximo brinquedo somente poderá
ser pego depois que o brinquedo abandonado estiver guardado no seu
devido lugar. É assim que educam para a organização e disciplina.
É assim que iniciam a promoção de um cidadão ético, responsável.
E nada de guardar por eles. São os próprios filhos que devem
guardar seus brinquedos, arrumar suas camas, auxiliar a limpar a
cozinha depois das refeições, fazer seus deveres de casa trazidos
da escola. Os pais devem auxiliar, mas não devem fazer por eles.
Se
não agirem desse modo, os filhos vão se tornar adolescentes ou
jovens e nada farão em casa, jogando tudo nos ombros dos pais, e
assim farão igualmente na coletividade, com nada se
responsabilizando e vivendo no imediato para si, sem pensar nos
outros, tendendo a considerá-los culpados pelas suas frustrações
na vida, quando a frustração é decorrente da má educação que
receberam por parte dos pais.
A
educação familiar para a cidadania e a ética, dos pais para com os
filhos, é essencial, fundamental para termos uma sociedade mais
solidária e honesta, agindo para o bem coletivo. Por isso recomendo
que aqueles que não leram, e mesmo para os que já leram há muito
tempo, devem todos fazer a leitura do excelente livro Quem Ama,
Educa, de Içami Tiba, dedicado aos pais, e com o subtítulo
“formando cidadãos éticos”.
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