Economia, segurança, saúde e ... educação
Em época eleitoral é comum vermos pesquisas de opinião sobre temas que mais interessam aos eleitores, que consideram mais prioritários para o trabalho da próxima autoridade pública a ser eleita. E também é comum vermos a imprensa realizar entrevistas e matérias jornalisticas sobre o que pensam os candidatos sobre esse e aquele tema, que ações propõem caso ganhem a eleição.
Sabe o que chama a atenção? É que a maioria dos candidatos a cargos no executivo não coloca a educação como prioridade, e quase sempre, ao abordarem esse assunto, confundem educação com instrução, se equivocam ao falar apenas de escolas e professores, deixando a família de lado, assim como a formação moral das novas gerações. Aliás, esse parece ser um assunto proibido, ou pelo menos embaraçoso.
As preocupações com a economia, a saúde, a segurança, o transporte, o emprego e outros temas, são preocupações legítimas, fazem parte do contexto social e não podem ser negligenciados pelo poder executivo, mas que adianta focar nisso, se a educação não fizer com que autoridades e público não saibam bem utilizar os recursos a benefício de todos?
Vejamos a questão da corrupção. Dizem que ele teve início em nosso país a partir do descobrimento de nossas terras pelas nações europeias, pois o índio, nosso primitivo habitante, vivendo integrado com a natureza, sempre respeitou um código de ética simples mas eficiente em suas relações interpessoais. Os europeus, pelo contrário, traziam o jogo pelo poder, os combinados, as traições e tudo o mais que conhecemos muito bem. Corromper as pessoas para ganhos e favorecimentos individuais ou de coletivos de interesse, era algo instituído, como se o ser humano não pudesse viver sem a corrupção.
O tempo passou, a educação sempre em segundo ou terceiro plano, e a corrupção, de tão comum, passou a ser considerada normal, até que a soma de escândalos envolvendo os mais variados agentes públicos, em prejuízo da maioria, trouxe a questão para o centro do debate.
Como combater a corrupção? Imediatamente pensou-se no endurecimento das leis, em operações policiais mais profundas, e vimos o nascimento do lavajatismo, afinal o corrupto deve responder pelos seus atos danosos e ir para a cadeia. A Operação Lava-jato, tão nossa conhecida, levantou a ponta do véu, mas esbarrou na burocracia do nosso judiciário, onde recursos intermináveis e vai e vem de tribunais adiam julgamentos. Por que? Porque muitos estão ou se sentem envolvidos, e tudo fazem para que essa burocracia judiciária e as intervenções políticas se sobreponham à ética, ao correto.
Como vamos corrigir esse estado de coisas? Com a educação, mas a educação que desenvolve nas crianças e jovens valores humanos compatíveis com o viver ético e solidário. Uma educação que, na família e na escola, prioriza o aprendizado da regra de ouro: fazer ao outro somente o que se deseja que o outro lhe faça.
A tarefa é árdua. Passa pela humanização da escola, pela afetividade na família e tantas ações que, sempre adiadas, não transformam os indivíduos e, portanto, não transformam a sociedade, dando-nos a impressão de estarmos vivendo um ciclo fechado e repetitivo. Entra governo, passa governo e as situações não se alteram: violência, analfabetismo, pobreza, crise econômica, corrupção …
Até quando a educação moral, a educação do caráter, a educação humanizada serão desconsideradas no cenário eleitoral do nosso país? Até quando vamos considerar o comum, afinal sempre aconteceu, como algo normal?
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