Projeto nacional de educação

Historicamente o Brasil não consegue elaborar um projeto nacional de educação, pois o que assistimos ao longo do tempo, inclusive nos tempos atuais, são projetos de governo, sem continuidade, construindo e desconstruindo a educação, sempre à mercê das vontades políticas, ou melhor seria dizer politiqueiras, dos partidos e seus representantes. Se a sucessão for ganha pela oposição, muda-se tudo, e assim, ao sabor dos ventos, vai indo a educação brasileira.

Temos, é verdade, um Plano Nacional de Educação, com metas a serem atingidas em dez anos, plano esse sempre revisado para novo período, entretanto, e todos sabemos disso, muitas vezes nem metade das metas previstas são atingidas, e fica por isso mesmo, pois um novo plano tem que ser elaborado e novas metas têm que ser escolhidas. Dez anos em cima de dez anos para pouca coisa realmente ser feita.

Com quase dois anos de pandemia, descobre-se agora, com a reabertura das escolas, que boa parte dos governos estaduais e municipais, e inclusive o federal, somente utilizaram algo em torno de 25% das verbas para a educação. Onde foi parar o dinheiro? Por que escolas não foram reformadas e/ou reequipadas? Por que a alimentação não foi distribuída às famílias através de cestas básicas ou cartões para compras no comércio, se a verba existia?

Alguém já me alertou: esses temas são espinhosos, melhor não abordá-los. Mas se vamos fechar os olhos para os desmandos, como iremos corrigi-los?

Como vamos combater o analfabetismo, a evasão escolar, a falta de carreira no magistério, as escolas com péssimas condições físicas, a decoreba e mesmice do ensino, se vamos fingir que essas coisas não existem?

Aqueles que hoje governam, governam porque foram eleitos por nós, para nos representar, então é nosso direito de cidadania cobrar que nos representem direito, com dignidade e ética.

Mas o professor João, de tradicional família de professores, hoje aposentado, vaticina:

Sempre foi assim, desde que me conheço como professor, e já era assim com meus pais, também professores.

Pergunto: por que sempre foi assim, deverá continuar do mesmo jeito? Não podemos fazer diferente e melhor?

Voltando à questão: precisamos de um projeto nacional de educação que o governo federal, seja quem for que esteja no poder, siga com força, com seriedade, se quisermos ter uma nação mais justa, pacífica e estável.

Não é mais possível logo pensar em retirar verba da educação para socorrer programas eleitoreiros em outras áreas. Isso é atitude típica de política rasteira, mesquinha, covarde e que solapa o futuro da nação, pois sem educação de qualidade não é possível sequer sonhar com um amanhã melhor.

Agora, para termos um plano nacional de educação, primeiro precisamos entender o que seja a educação e sua importância. Neste momento, infelizmente, não há boa vontade política para esse debate. E ai de quem pensar diferente dos que estão à frente da governança: corre o risco de ser cancelado, ou pior, de ser execrado e considerado a causa de todo mal, de todos os problemas da nossa educação.

Mas a esperança e a perseverança devem prevalecer, abrindo portas e janelas de um futuro melhor, nos impulsionando a seguir fazendo e falando.

Como dizia o sanitarista Oswaldo Cruz, não esmorecer para não desmerecer.

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