Ensino familiar ou escola para todos?

Na discussão entre o ensino domiciliar, ou familiar, e a o ensino na escola, cremos que partidarizar uma ou outra opção não é o melhor caminho, e que essa discussão está contaminada por radicalismos de ambas as partes, dos que defendem a escola, e também dos que defendem o direito dos pais de ensinar no lar.

O que impede a união, a integração entre a escola e a família? Por que os professores não podem se deslocar para o lar de um aluno quer se encontre acamado, impossibilitado de frequentar a escola? Qual é o impedimento dos pais e responsáveis terem participação nas atividades desenvolvidas pela escola?

Se essas coisas não estão acontecendo, a discussão não deveria estar centrada no porquê de não estarem acontecendo? Não deveríamos estar discutindo por que a escola não é para todos, ou de todos, com a participação de todos?

Nessa discussão, entra também a questão da escola ter um endereço, estar fisicamente situada numa rua, que está num bairro, que pertence a uma cidade e, ao mesmo tempo, manter-se distante da realidade comunitária, desconhecendo seu entorno e não permitindo a participação direta dos agentes sociais. Por que isso acontece? O que podemos fazer para mudar isso?

Que os pais e responsáveis têm o direito de fazer escolhas para seus filhos, não se discute, pois naturalmente querem o melhor para eles, mas será que a preocupação não deveria estar em discutir a escola, sua finalidade e seus procedimentos pedagógicos?

A verdade é que adentramos o século 21 com uma escola que está parada no século 19. Fazemos algumas maquiagens, como reforma física e introdução de aparelhos tecnológicos modernos, mas a metodologia de ensino continua a mesma, carregando, ano após ano, os mesmos problemas, que já estão saturados, de tão velhos e conhecidos, necessitados de uma verdadeira transformação.

Um desses velhos problemas, na verdade o problema central da discussão em torno da escola, é a substituição que foi feita da educação pelo ensino. Hoje em dia, e não adianta tentar tapar o sol com a peneira, a escola não é mais um centro de educação, é um centro de ensinagem. Ensina-se matemática, língua portuguesa, história, biologia e outras matérias/disciplinas, de acordo com um currículo previamente formatado, e os alunos tentam aprender.

A preocupação com a correção de maus hábitos, de preparação para a vida, de desenvolvimento de valores humanos, perdeu espaço significativo na escola, que aos poucos foi se fechando para a família e a comunidade, e expulsando a educação formadora, para a consolidação do ensinar e mais ensinar um monte de coisas que nem sempre são úteis, e, pior, desvinculadas da prática: aprende-se, mas ninguém sabe para que serve, está na tal grade curricular da disciplina.

Ensino por ensino, ou melhor dizendo, ensinagem por ensinagem, é fato que os pais e responsáveis, com boa vontade e um mínimo de preparação, podem desenvolver, mas e a interação social e preparação para vida dos filhos, como ficam? E como os pais vão conseguir trabalhar com seus filhos pedagogicamente, se muitos nada entendem de pedagogia?

Como vemos, a discussão vai muito além de ensino escolar versus ensino domiciliar.

Por que um e outro não podem existir e interagir pacificamente, para o bem da formação das novas gerações?

Seja como for, a questão central do debate é a compreensão da educação e do ensino, e não do ensino pelo ensino.

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