Nem tudo faz parte do mundo infantojuvenil

Com o crescimento da internet e a evolução cada vez maior das redes sociais, dos games e da transmissão de séries e filmes através de streaming, isso aliado à alta tecnologia presente nos celulares e computadores, permitindo que qualquer pessoa acesse variado conteúdo de forma bastante livre, os pais se viram diante de um dilema educacional: proibir ou orientar sobre determinados conteúdos?

À primeira vista, proibir tem resultado mais imediato, exerce controle aparentemente mais seguro. Entretanto, precisamos convir que tudo o que é proibido fica mais convidativo para conhecer. Afinal, por que é proibido? Por que eu não posso assistir? Por que aquele determinado game pode me fazer mal?

Também parece mais produtivo na educação dos filhos cercear o uso do celular e da internet, duas febres poderosas consumindo crianças e jovens, chegando mesmo alguns pais a simplesmente proibir o uso, ou retirando os mesmos por longos períodos. Contudo, passado o período da restrição, estarão os filhos educados para melhor usar o celular e a internet?

Outros pais liberam a tecnologia e o acesso à internet, mas impõem o que pode e o que não pode, ainda mais diante de games e seriados muito violentos. No entanto, o que impede os filhos de acessarem esses conteúdos fora do lar?

Educar dá trabalho, é verdade, mas somente a educação pode resolver esses dilemas, e em educação entendemos que o melhor caminho é a orientação através do diálogo incessante, do fazer pensar e da ação dos bons exemplos.

Proibir e cercear nem sempre educam, na verdade nunca educam, apenas adiam as questões que precisam ser resolvidas.

Existem conteúdos, como aqueles que abusam da violência e da objetificação da sexualidade, que não fazem parte do mundo infantil e juvenil, mas que aí estão e podem ser acessados. Então compete aos pais e demais responsáveis sentar juntos, conversar e orientar, para que os filhos compreendam e apreendam que seu mundo é o de construção e consolidação do caráter, de se preparar convenientemente para a vida, de dar espaço para o brincar e estudar.

Assim agindo, os pais estarão oportunizando aos filhos o tempo necessário para que eles se fortaleçam moralmente para realizar as melhores escolhas com o tempo, na medida em que crescem, assumem tarefas e responsabilidades, e ganham experiência vivencial, sabendo discernir sobre o que efetivamente é bom para eles e para os outros.

Não se trata nem de proibir, nem de esconder, pois tudo o que é proibido, e tudo o que é encoberto, virá um dia à pauta da vida dos nossos filhos. Trata-se de prepará-los, sem cerceamento da liberdade, para que estejam melhor equipados para então fazer as escolhas que não tragam depois arrependimentos.

É por tudo isso que insistimos que os educadores devem ser orientadores e facilitadores do processo de educação das novas gerações.

Afinal, como lembrava o apóstolo Paulo, tão conhecido de todos nós, tudo me é lícito, mas nem tudo me convém, e para exercer conscientemente o papel decisório das escolhas, é preciso conhecer, mas sem que isso signifique necessariamente ter de mergulhar de cabeça para saber como é.

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