Um grito de alerta

Precisamos olhar com mais atenção e carinho para as crianças, que nem sempre conseguem viver minimamente sua infância, entre brincadeiras, sonhos e úteis aprendizados para a vida, isso porque, segundo o Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância), atualmente 160 milhões de crianças trabalham no mundo, por diversos motivos, a maioria no enfrentamento da miséria, auxiliando suas famílias a subsistirem.

Desse assombroso número de crianças trabalhando no lugar de brincar e frequentar a escola, e tendo alimentação muito aquém de suas necessidades de crescimento sadio, muitas vezes enfrentando doenças, outro número se destaca: metade delas, ou seja, 80 milhões de crianças, exercem atividades de grande risco à saúde e ao desenvolvimento.

É simplesmente assombroso, uma afronta indigna aos direitos humanos e, mais especificamente, aos direitos da criança e do adolescente.

Mas ainda é pior.

Uma em cada dez crianças em todo o mundo está submetida ao trabalho infantil, e nos últimos dois anos, acompanhando a crise da pandemia da Covid-19, nove milhões de crianças no mundo passaram a trabalhar para poder sobreviver.

Reflitamos: toda criança tem direito à convivência social e de acessar conhecimentos científicos e humanísticos. Isso está nas leis e acordos internacionais que protegem a infância, mas o desrespeito é tão forte, que a impressão que se tem é que não essas leis acordos não existem, ou simplesmente são ignoradas, sem maiores consequências.

Toda criança tem igualmente direito a conhecer visões de mundo para além daquelas defendidas pelas doutrinas religiosas e políticas de suas famílias, assim tendo formação integral para a cidadania, podendo utilizar sua autonomia para fazer escolhas de acordo com a ética e a solidariedade, paradigmas essenciais para termos uma humanidade melhor, mais justa, com indivíduos que saibam respeitar os direitos dos outros.

O que fazemos hoje com as crianças refletirá na sociedade amanhã. Temos que quebrar o trabalho infantil dando condições dignas para as famílias se sustentarem; proporcionando educação de qualidade nas escolas; realizando melhor distribuição da riqueza, hoje concentrada em poucos; promovendo justiça igual para todos e assim por diante, ou seja, tudo fazendo para uma sociedade mais solidária, cooperativa, justa e digna de ser chamada de civilização humana.

A criança também é um ser humano. A criança também tem sentimento. A criança também pensa. A criança também possui direitos.

A criança não é um adulto em miniatura, como se pensava tempos atrás, o que resultou na exploração da mão de obra infantil nos tempos da revolução industrial, com cenas chocantes de infâncias perdidas.

Criança precisa ser amada e orientada, acolhida e educada. Criança precisa ter espaço para se desenvolver sadiamente. É para tudo isso que existe o período infantil.

Não esperemos que as autoridades públicas se sensibilizem para as 160 milhões de crianças trabalhando no mundo. Façamos a nossa parte através das redes sociais e outros meios de comunicação, esclarecendo e estimulando ações da sociedade civil no sentido de combater esse desvio humano, e apoiando-as decisivamente com nossa contribuição financeira, material e pessoal.

Façamos ecoar este grito de alerta pelo bem da própria humanidade.

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