A questão essencial
Em nossos dias, em nome dos direitos iguais, e não temos nenhuma dúvida que os direitos são iguais para todos os seres humanos, vários movimentos articulam para que tenhamos, por exemplo, mais mulheres na política; mais pessoas negras na universidade, e assim por diante. Tudo isso é muito meritório e tem nosso apoio. Direitos iguais são direitos iguais, e não há discussão possível sobre isso.
O que abordamos neste texto é o que consideramos seja a questão essencial, fundamental: o caráter das pessoas. Podemos ter um presidente da república negro e, mais ainda, uma mulher negra, mas isso não significa necessariamente que tenhamos então um governo melhor. Essa pessoa, exercendo seu direito, é uma pessoa honesta, de bom caráter e de pensamento para o bem estar coletivo? Isso é essencial, e não a sua cor de pele ou sua opção sexual, ou qualquer outra coisa que não esteja ligada à questão moral.
Debater a questão moral, ou de moralidade e ética, nem sempre está presente nas considerações dos comentaristas políticos, dos jornalistas e das autoridades públicas, e muito menos presente nas considerações dos pedagogos e professores, que parecem ter medo, receio ou mesmo ojeriza do tema, preferindo ficar na superfície das discussões metodológicas e das práticas educativas.
Talentos técnicos nem sempre carregam consigo visão ética da vida. Acúmulo de conhecimentos e vasta experiência profissional nem sempre revelam bom caráter. Corpo bonito, sadio, não significa que ao mesmo tempo temos uma alma boa e solidária.
As qualidades morais da pessoa são muito mais importantes do qualquer título acadêmico, ou mesmo do que qualquer outra referência. Quando vamos despertar para essa questão essencial?
Veja-se o caso de muitos políticos e muitas autoridades governamentais. Diante de denúncias escandalosas, se defendem dizendo que tudo o que foi feito está de acordo com a lei. Pode até estar obedecendo normas legais, mas essas leis são justas? Essas leis não foram feitas para privilegiar grupos de interesse em prejuízo de muitos? E a ação, mesmo respaldada pela lei, é ética, é moral? Bem, isso não está em discussão, e caso encerrado.
A questão essencial é de educação, mas entendendo que tratamos aqui da verdadeira educação: a educação moral, ou a educação em virtudes, ou a educação ética, ou ainda a educação em valores humanos.
Se as escolas, em conjunto com a família, dedicasse, cinco horas por semana para trabalhar a essência da educação, já teríamos um grande avanço na formação das novas gerações, isso considerando um trabalho feito por uma disciplina específica, quando o ideal é que ética e solidadriedade, virtudes e não violência permeassem todo o trabalho pedagógico realizado pelos professores e pelos pais.
Não somos contra o negro, a mulher, o transsexual, o gordo, o baixo, o feio ou seja o que for que identifique o ser humano. Repetimos: todos temos os mesmos direitos. Mas, afinal, o que é mais importante? O que é fundamental? O que é essencial?
Não temos nenhuma dúvida em afirmar que o essencial, invisível aos olhos, mas patente em seu efeitos na sociedade humana, é a formação moral do ser humano.
Isso é questão educacional que não pode mais ser varrida para debaixo do tapete.
Comentários