Uma flor em meio ao pântano

No caos que muitas vezes se estabelece na educação, deixando os professores atormentados em escolas abandonadas pelo poder público, também surge, apesar de todas as dificuldades, o bem exemplo de uma professora abnegada, com muito amor ao que faz. É o caso da professora Mercedes.

Toda sua vida profissional foi dedicada ao magistério público, trabalhando com as crianças do primeiro segmento do ensino fundamental, mantendo-se dedicada e criativa, apesar de muitas vezes não ter tido o apoio dos colegas ou da direção escolar. Coisas da vida, infelizmente.

Com dons artísticos naturais, a professora Mercedes desenvolveu técnicas maravilhosas de Origami, a famosa dobradura no papel, vinda do Japão para nossas terras, e soube aplicá-las na educação das crianças.

Idealizou e realizou um projeto maravilhoso, junto com os alunos, de transformar parte do pátio da escola numa mini cidade, com horta e tudo o mais, tudo feito através de dobradura em papel, assim ensinando suas crianças conceitos de cidadania, cooperativismo, preservação do meio ambiente e muito mais.

Suas colegas professoras ridicularizaram o projeto, que demandou esforço e alguns dias, pois as técnicas de dobradura tiveram que ser ensinadas pacientemente, e com a mesma paciência as dobraduras tiveram que ser refeitas várias vezes até ficarem boas, construindo casas, prédios, praças, ruas, carros e tudo o mais que uma cidade possui.

Suas colegas não podiam entender tamanho esforço e dispêndio de energia, quando é mais fácil dar aula sobre essas coisas lá na sala de aula, utilizando o quadro na parede e o livro didático.

O ridículo também atingiu ferozmente o professor Nei, criador de uma nini cidade dentro da própria escola, onde as crianças formavam a Câmara dos Vereadores, elegiam o Prefeito, e movimentavam os serviços, vivendo na prática a cidadania, preparando-se para o futuro adulto que teriam na sociedade humana. Muitos colegas professores consideraram um desperdício de verba e tempo a tal mini cidade.

Felizmente, contra todos os prognósticos, a Mercedes e o Nei, como idealistas da educação, conseguiram crescer em meio ao lodo, e perfumaram e embelezaram o pântano em que se tornou o ensino, mostrando que podemos regenerar a terra inculta e ruim, se assim o quisermos.

Nossas escolas públicas não precisam ser terra de ninguém, abandonadas ao sabor dos interesses políticos dos governantes. Nossas escolas podem e devem ser instituições sociais de educação do ser humano, reunindo pessoas que não se deixarão acomodar ao já estabelecido e às ordens que vem de cima.

Professores iguais à Mercedes e ao Nei fazem a diferença e convidam aos demais professores para seguir o caminho do ideal, do amor, da criatividade, para transformação da educação e da escola.

Quando houver união de esforços para fazer diferente, aí a educação das novas gerações fará a diferença.

Reguemos com carinho as flores em meio ao pântano, para que mais e mais suas sementes possam se espalhar e frutificar.

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