Era uma vez...

No início dos anos dois mil comparecemos a inúmeros eventos educacionais a convite de seus organizadores, realizando palestras, seminários e oficinas com professores e gestores, e recebemos muitos elogios de educadores entusiasmados e interessados em dar continuidade prática às ideias de inovação e humanização na escola. Sempre saímos dos eventos esperançosos quanto à continuidade das propostas pedagógicas, embora sabendo das dificuldades naturais do terreno educacional.

Seja por comodismo, medo, inércia e o que mais, a maioria dos educadores têm todas as desculpas para justificar a não implantação das propostas, desde questões burocráticas até receios pedagógicos, que uma boa avaliação mostrariam serem infundadas.

Quando mostramos que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional referenda nossa proposta pedagógica e dá respaldo legal à escola para fazer diferente, normalmente os olhares são atônitos e ouvimos balbucios: “não sabia disso”, “preciso estudar melhor essa lei”; entre outras expressões.

Os educadores das escolas públicas respaldam sua inércia com a famosa desculpa que o sistema não permite, é engessado, não há apoio da direção escolar, que por sua vez alega não ter apoio da coordenadoria regional (quando existe), que por sua vez ressente-se de falta de apoio da secretaria de educação.

Os educadores das escolas particulares respaldam sua inércia com o jargão bem surrado que a escola tem um projeto pedagógico fechado, que não sentem apoio da coordenação pedagógica, que por sua vez afirma ter que obedecer as diretrizes dos donos da escola.

Se todas essas alegações têm seu fundo de verdade, não é menos certo que paira sobre os professores e os pedagogos uma síndrome do medo de fazer fora do padrão, do modelo instituído e exaustivamente repetido e de confrontar o sistema, seja público ou privado, para fazer pedagogicamente diferente, colocando a educação no patamar que todos desejamos na melhor formação das novas gerações.

Assim, o tempo foi passando e nada vimos de concreto aparecer no horizonte das escolas. As promessas foram esquecidas, o entusiasmo foi substituído pela conformação.

Mas nesse tempo fomos chamados por educadores entusiastas, idealistas, de Leopoldina, em Minas Gerais, que já andavam a fazer uma escola diferente, e que deram continuidade à mesma, e fomos ano após ano para lá, em memoráveis encontros que alicerçaram e ampliaram a proposta educacional.

Se por este Brasil afora as iniciativas não passaram de fogos de artifício que logo se extinguiram, ficou o consolo de ver uma experiência escolar bem sucedida em Leopoldina, se bem que restrita a uma escola, mas fazendo luz no marasmo educacional de nossas terras.

E seus valorosos educadores lutaram, e ainda lutam, contra diversos fatores adversos, sem desistir, mantendo uma escola inovadora, humanizada, que faz diferente e, com isso, faz a diferença na educação.

O Conhecer, a escola lá das terras mineiras de Leopoldina, não ficou no era uma vez…

Bem gostaríamos que outras escolas seguissem esse exemplo, motivo pelo qual, reafirmando o Rubem Alves, mantemos a chama da esperança sempre acesa, afinal quem semeia um dia haverá de colher os frutos.

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