O que é liberdade?

Participando de uma amena conversa entre amigos, ouvi considerações sobre a liberdade e como trabalhá-la com as crianças, sejam estas filhos ou alunos. Antes de externar minha opinião formulei alguns pensamentos íntimos sobre o tema, lembrando que a liberdade, exceção feita à liberdade de pensar, deverá sempre ter um limite, e esse limite está no respeito ao direito do outro em exercer sua própria liberdade. Como nem sempre sabemos compreender esse limite somos necessitados de leis e regras que impõem limites no uso de nossa liberdade. Naturalmente essas leis podem ser questionadas, assim como as regras podem ser modificadas, e assistimos isso ao longo do tempo em todas as nações, em todos os povos.

Há uma regra, por sinal antiga, mas válida por ser universal e atemporal, que colocada em uso dá ao ser humano perfeito norteamento para o uso da liberdade: fazer aos outros somente o que gostaríamos que eles nos fizessem. Isso nos remete a um processo educacional de nós mesmos e, num esforço de pensamento filosófico, na antevisão do futuro, podemos vislumbrar o quanto ganharemos de paz, justiça e felicidade com a prática desse preceito.

Reclamamos muito o direito à liberdade, mas muitas vezes esquecemos que esse direito corresponde ao cumprimento de nossas responsabilidades, isso porque para cada liberdade temos o correspondente de uma responsabilidade a ser assumida. É o que deve ser ensinado às crianças.

O ensino da liberdade acompanhada da responsabilidade não pode ser feito apenas na teoria, com explicações verbais, Embora tenham sua validade e sejam importantes, explicações verbais perdem muito de sua força quando não são acompanhadas dos exemplos de quem ensina.

Imaginemos os pais explicando aos filhos que estes devem respeitar o direito dos outros, quando as crianças assistem seus primeiros e diretos educadores sistematicamente burlarem as leis e passarem por cima dos outros! Podemos igualmente imaginar os professores ensinando liberdade com responsabilidade aos alunos, quando estes sabem muito bem que seus mestres são os primeiros a não dar cumprimento ao que ensinam?

Temos na literatura filosófica e pedagógica muitos tratados sobre liberdade, assim como através da internet, no mundo digital de nossa época, muito conteúdo sobre o tema. Ler e filtrar com o uso da razão e do bom senso é o que nos compete, no uso de nossa liberdade, para reter apenas o que seja útil e bom, não apenas para nós mas para os outros, pois vivemos em coletividade e isso não pode ser esquecido.

Minha ação no mundo envolve os outros e tudo o que existe na sociedade humana e na natureza, e esquecer disso é não ser responsável, portanto, é não estar usando bem a liberdade.

Mesmo a chamada liberdade de expressão, de opinião, possui limites. Liberdade de expressão ofensiva, detratora, vexatória, caluniadora, mentirosa, que tumultua, destrói ao invés de construir, está ferindo tanto a regra moral de só fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam, como fere as regras comportamentais definidas pela própria sociedade da qual participamos, e que se encontram nas suas leis.

Com o intuito de reforçar o que já dissemos, lembremos sempre que nossa liberdade tem o limite do respeito aos direito do outro de exercer sua liberdade, e vice versa, e que esse ensino às crianças deve ser acompanhado dos bons exemplos dos seus educadores, ou seja, que aqueles que ensinam devem ser os primeiros a exemplificar na sua conduta diária o que ensinam.

Cremos que, assim, não teremos nenhum problema com a liberdade, pois ela estará perfeitamente compreendida através de parâmetros educacionais que nos darão um viver mais pleno, mais ético e humanizado.

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