segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Onde está a educação?

Em ano eleitoral, no processo democrático que deve sempre caracterizar nossa nação, temos, por força de lei, a propaganda eleitoral, abrindo espaço nos meios de comunicação para que os candidatos se apresentem e esclareçam suas propostas. Por mais algumas pessoas considerem isso muito chato, ocupando parte da programação do rádio e da tevê, é importante, ou pelo menos deveria ser importante.

É aí que falou o Vanderson, experiente cidadão brasileiro de seus sessenta anos:

Não tem jeito! Entra ano, sai ano, e parece que esses candidatos nada aprendem. Jogam fora o tempo que tem no rádio e na televisão, pois só sabem atacar os outros candidatos, falar mentiras ou fazer discurso bonito completamente fora da realidade. Das suas propostas, nada!”

Lembro-me da Terezinha, abnegada professora, que certa vez comentou com tristeza:

O que me entristece no período eleitoral é ver os candidatos à presidência da república, aos governos estaduais e aos municipais, quase todos, colocando a educação em segundo plano, isso quando falam da educação, e mesmo assim com falas equivocadas, pois tendem a confundir a educação com número de matrículas, verba aplicada, construção de escolas, distribuição de merenda e outras coisas. São verdadeiros analfabetos em educação.”

Existem as exceções, é fato, mas tenho que concordar com a Terezinha. A maioria nada sabe sobre educação e, portanto, não percebe a sua importância. Estão preocupados com a política econômica, com os programas sociais, com a industrialização, com o emprego, mas não com a educação. Claro que todas essas preocupações são válidas, mas se a educação, que é formadora do cidadão, não está no mesmo nível, continuaremos com os mesmos problemas de sempre, talvez maquiados, mas sem solução, ou seja, a corrupção, a injustiça social, a violência e outros males que nos acompanham de há muito tempo.

Certa vez perguntei a crianças da educação infantil o que elas sonhavam ser quando crescessem. Responderam citando várias profissões. Disse-lhes que não era essa a resposta que esperava, mas que dissessem: “quero ser um advogado honesto”, “quero ser uma enfermeira gentil”, “quero ser um professor que sabe ouvir e respeitar os alunos”, ou seja, não basta indicar o profissional que se quer ser, é preciso dar também a qualificação moral para esse profissional do futuro.

E nada melhor, neste ponto, do que ouvir a sapiência da professora Terezinha, que nos seus anos de escola sabe muito bem o que diz:

O problema é que, na escola, são raros os que estão preocupados com a formação moral das crianças e dos jovens. Quando existe essa preocupação, são sufocados por burocracias, exigências curriculares e, o que é mais perverso, são boicotados pelos próprios colegas, que não querem assumir essa tarefa junto com os pais, afinal isso dá muito trabalho e exigiria uma nova postura, um novo olhar sobre a educação. É mais fácil continuar a ser apenas o professor de língua portuguesa, de matemática…”

Felizmente para o hoje e o amanhã de nossa nação, temos as exceções, os que lutam por uma educação digna, de qualidade, que desenvolva ao mesmo tempo a inteligência e o sentimento, que prepare cidadãos éticos, críticos e criativos.

Seria bom, na verdade muito bom, se os candidatos aos cargos eletivos da administração pública (presidente, governador, prefeito), dessem uma parada para ouvir os que pensam a educação, então entendendo o quanto ela é importante e deve ser a base de todo plano governamental.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Por um olhar sobre a educação

Este texto é escrito especialmente para os candidatos aos cargos públicos do executivo e do legislativo brasileiros, neste momento que antecede as eleições, numa solicitação para que se sensibilizem quanto a importância da educação para que nossa nação seja, de fato, justa e progressista.

Os desafios educacionais brasileiros são imensos e nem precisamos listar todas as suas necessidades, por demais conhecidas, aqui nos referindo em especial à educação básica, compreendendo a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, pois trata-se do trabalho desenvolvido junto às crianças e aos jovens visando a formação de cidadãos conscientes e éticos para o melhor futuro de nosso país.

É por descuidarmos da educação, não fazendo dela prioridade, que estamos vendo parte da população fora da escola, altos índices de analfabetismo, escolas sucateadas, e ainda todos os males da nossa sociedade, como a injustiça social, a violência, a corrupção, os desmandos, a destruição da natureza, o mal funcionamento dos serviços de atendimento à população.

Quando a educação não é prioridade a realidade social não pode ser melhor do que crise econômica, inflação, desemprego, violência, pobreza.

Não se trata apenas de olharmos para as escolas do ponto de vista físico ou mesmo didático. Trata-se de olharmos para a educação, o que ela é, sua finalidade, entendendo que família e escola fazem parte desse universo e devem trabalhar em conjunto, visando não apenas a formação intelectual das crianças e jovens, mas igualmente a sua formação moral.

Infelizmente o que temos assistido ao longo do tempo é o desvio dos recursos públicos da educação para outras finalidades; apadrinhamentos políticos de interesses pessoais ou de grupos; formação dos professores através de cursos superiores com má avaliação por parte do MEC, exames nacionais de avaliação que se transformaram em vestibulares disfarçados; e tantas outras coisas levando a uma verdadeira falência da educação brasileira.

A solução para um Brasil melhor não está somente em novos planos econômicos; em nova legislação de segurança pública; em novas políticas habitacionais; em novos programas de auxílio social e assim por diante. Naturalmente que tudo isso tem sua importância e deve existir, mas sem a educação tudo tende a se perder ou a não atingir os objetivos a que se propõem.

Então, a você que está se candidatando para um cargo legislativo ou executivo, faço este apelo: priorize a educação, mas não pense apenas em você ou nos seus familiares e amigos; não defenda apenas interesses exclusivos deste ou daquele grupo. Pense na coletividade brasileira, pois você receberá o voto de quem está depositando suas esperanças de um Brasil melhor, confiando que você fará o melhor para o bem de todos.

Se você vier a ganhar o pleito eletivo, não se deixe levar pela política do “toma lá, dá cá”. Coloque os interesses nacionais acima dos interesses político-partidários. Não se deixe enganar pela sedução do poder. Tenha em mente que povo educado é que é verdadeiramente povo feliz.

Agora, se você leitor, não estiver disputando as eleições, mas apenas depositando seu voto na escolha deste ou daquele candidato, não esqueça de exercer em seguida sua cidadania, fiscalizando e cobrando a quem você elegeu ou foi eleito pela maioria, principalmente quanto ao apoio e ações pela educação.

Juntos seremos fortes, separados seremos apenas pontos de vista, e precisamos trabalhar unidos para um Brasil melhor, muito melhor, um Brasil em que a educação, como prioridade, fará a diferença no hoje e no amanhã.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Política, ética e educação

Perguntou-me o André, que na sua adolescência já exerce o espírito crítico de quem sabe observar e pensar:

Por que os políticos são tão corruptos?

Respondi com outra pergunta, para provocar reflexão:

E porque você acredita que todos os políticos são corruptos?

Olhos cintilantes refletindo os pensamentos em elaboração, argumentou:

Ora, não sou bobo, vejo as notícias e ouço o que os mais velhos me contam dos tempos passados, É um escândalo atrás do outro. Eles parecem que não conseguem pensar nos outros, mas só em si mesmo, nos seus interesses pessoais. Todo mundo quer ser político ou autoridade pública só para poder roubar o povo e se dar bem na vida.

Bem, exceções à parte, pois bem intencionados igualmente existem no mundo político, é fato que muitos estão envolvidos em desvio de verba pública, corrupção, violência, desmandos e outras coisas mais, manchando a reputação da classe política e das autoridades públicas tanto no executivo, no legislativo e no judiciário.

É longo e fastidioso o desfile de malversações ao longo da história no setor público, e o André, que forma na fileira da nova geração quer saber porque isso acontece e, naturalmente, se existe algum remédio para essa doença que parece contagiosa, pois tenta-se fazer renovação através de novas escolhas nas eleições, e os novos escolhidos acabam fazendo o mesmo que seus antecessores.

O que detectamos de imediato é a falta de ética e empatia da maioria. Isso ocorre por uma falha no processo educacional de formação das pessoas. Sim, a educação é essencialmente formadora, não apenas no nível técnico-profissional e na aquisição de conhecimentos, na cultura, mas no nível moral, do caráter, no desenvolvimento das virtudes.

Lembremos que quando falamos em processo educacional não estamos focando apenas a escola, mas também a família, e nem uma e outra isoladamente, mas em conjunto, integradas, como institutos humanos que devem combater más tendências de caráter e desenvolver o senso moral, o pensar crítico e o saber se colocar no lugar do outro de cada pessoa, de cada indivíduo, visando uma vida mais plena, mais colaborativa, mais justa.

A educação deve combater todo tipo de preconceito, de discriminação, de injustiça, de privilégio. Deve desenvolver a honestidade e a solidariedade.

Mas isso seria competência da escola? Não é dever da família? Na verdade é dever e competência tanto da família quanto da escola, dos pais e dos professores. Estamos falando de educar, de realizar o processo educacional, de preparar para a vida, e isso não é exclusividade desta ou daquela, mas de ambas.

Para combater o egoísmo, a indiferença, a insensibilidade que caracterizam os seres humanos, e não apenas os políticos e as autoridades públicas, precisamos entender que isso só pode acontecer com profundidade com a educação. Pessoas moralmente transformadas transformarão a humanidade, não há outro caminho.

Quem chega a um cargo público é um ser humano. Quais são seus valores e condutas? Isso depende da educação que recebeu ao longo da vida. Por esse motivo ligamos a política com a ética, e esta com a educação. São elos de uma mesma corrente, e quando a educação é falseada e não cumpre o seu dever, a ética enferruja, e a política se perde na corrupção. Eis o problema e, ao mesmo tempo, a solução.


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Aconteceu numa avenida

Uma noite calma, uma festa entre familiares e amigos, um passeio na praia e uma tragédia com a perda da vida de um adolescente. Esse o cenário de um acidente ocorrido na cidade do Rio de Janeiro e que, mais uma vez, ceifou uma vida, num acidente causado por um jovem dirigindo uma moto a mais de cem quilômetros por hora, segundo relatam as testemunhas, com o agravante do jovem piloto não ter habilitação para dirigir, e o veículo estar sem placa, ou seja, totalmente ilegal.

Inciadas as investigações policiais descobre-se que o jovem piloto já tinha autuações de trânsito e registro de boletins de ocorrência por acusação de estupros e assédio sexual. Não estamos aqui para julgá-lo, isso não é de nossa competência. Fazemos comentários reflexivos sobre a realidade que estamos vivendo para que possamos transformá-la.

Por que a moto não foi apreendida quando o jovem foi parado pela blitz da Lei Seca, dias antes? Resposta: porque agora a legislação permite que o veículo seja levado por um condutor devidamente habilitado, chamado pelo condutor desabilitado. Perguntamos: mas não é um veículo em condição totalmente irregular? E assim sendo, não deveria ter sido apreendido? E o jovem que estava em sua pilotagem não deveria ter sido multado e encaminhado à delegacia policial para ser criminalmente autuado? Ah, sim, nossas leis não são essas…

Mas talvez sejam, pois o jovem em questão é de família de classe média/alta, não é um suburbano qualquer de família modesta ou mesmo pobre, pois sabemos que o tratamento em nosso país leva em consideração, mesmo que de forma disfarçada, a posição social e a cor da pele do infrator. Triste realidade…

Uma família está devastada, e em particular a mãe, que a tudo presenciou, e o jovem motorista ainda tentou escapar à prisão, e alega que tudo não passou de um “incidente”, afinal ele só estava em alta velocidade, sem carteira de habilitação e com a moto sem documentação. Tudo não passou de uma infeliz coincidência: a mãe e o filho é que estavam no lugar errado, na hora errada. Moral da história, segundo o jovem piloto: o morto, que somente queria dar um passeio na areia da praia, acompanhado de sua mãe, é o culpado!

E dizem, mesmo diante desses fatos, que a educação nada tem a ver com isso!

Como não, se é a educação que forma e transforma os seres humanos, do ponto de vista moral, que assim educados transformarão a humanidade? O que estamos fazendo com a educação para termos tantos jovens, e adultos, indiferentes para com a vida dos outros e para com as regras sociais, mesmo aquelas estabelecidas em lei?

A hipocrisia e a violência assolam nosso viver social, revelando o quanto estamos indiferentes e insensíveis, vivendo apenas para nós mesmos, distantes de valores espirituais.

Entupimos as novas gerações, nossas crianças e jovens, de muitos conhecimentos, nas mais diversas áreas, mas não os preparamos para a vida e para a convivência com os outros, daí a hipocrisia, a violência, a desonestidade, os preconceitos, as discriminações, o egoísmo e o orgulho que predominam.

Isso é sim problema da educação!

Como já dizia Paulo Freire, a educação é essencialmente formadora do ser humano. Que formação estamos dando a ele? Parece-nos que a resposta está evidente, muito clara, à nossa frente, diante de tantos exemplos negativos da conduta humana, como o que trouxemos neste texto para nossa reflexão.


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

A educação do homem e a violência contra a mulher

Sabemos que a sociedade humana, tanto no ocidente quanto no oriente, é historicamente uma sociedade machista, onde o homem sempre prevaleceu em relação à mulher, que chegou a ser questionada se teria uma alma, o que parecia ser direito exclusivo do homem. Na Idade Média, na caça às heresias, o maior número de vítimas levadas às fogueiras era feminino. Somente depois de muitas lutas o voto feminino nas eleições foi autorizado, entre outros direitos.

Apesar de inúmeras conquistas já realizadas pelo sexo feminino, com reconhecimento legal, boa parte dos homens continuam vendo na mulher apenas uma objeto de satisfação dos seus desejos sexuais, egoístas e mesquinhos, chegando ao cúmulo de se considerarem donos da mulher, a qual deveria ser submissa ao seu querer, ocasionando os atos de violência e feminicídio que diariamente recebem destaque nos meios de comunicação.

Um policial, na delegacia, ao atender uma mulher vítima de violência de seu esposo, afirmou em alto e bom som que se o homem for um policial ou similar, tem “direito” de bater na mulher.

Um esposo preso em flagrante pelo assassinato de sua esposa, se justificou alegando que tinha o “direito” de não aceitar o fim do relacionamento, e se ela não ia ficar com ele, não poderia ficar com mais ninguém.

Alunos adolescentes de uma escola se defenderam de um estupro cometido por eles contra uma colega de turma, dizendo que ela era muito bonita e vivia se mostrando, ou seja, a “culpa” era dela.

Como vemos, e poderíamos citar inúmeros outros casos semelhantes, os homens continuam a acreditar que são donos das mulheres, e isso tem contaminado as novas gerações, o que nos leva a ter que fazer sérias reflexões sobre a educação.

Parece que estamos, em pleno século vinte e um, terceiro milênio, voltando ao que era entendido e praticado pelo povo judeu há dois mil anos na interpretação da lei mosaica, quando a mulher pega em adultério era flagelada até a morte em praça pública, sem que os homens adúlteros fossem considerados, ou mesmo lembrados. A lei punia severamente a mulher, mas absolvia o homem.

É através da educação, desenvolvida na família e na escola, que devemos trabalhar e desenvolver o respeito ao outro, seja ele quem for, colocando em prática a regra de fazer ao outro somente o que desejamos que o outro nos faça, e essa regra é um dos principais pilares da educação.

Somos todos seres humanos, independente do gênero sexual, da cor da pele e de qualquer outra coisa, e, portanto, todos temos os mesmos direitos.

O combate ao machismo e suas consequências não deve ser feito apenas com medidas protetivas à mulher, sempre importantes, mas igualmente com uma mudança nos conceitos que regem a educação das novas gerações, para que os novos homens, desde a infância, aprendam a respeitar em igualdade de condições as mulheres.

Não somos objetos sexuais para manipulação alheia. Somos seres humanos, somos pessoas, somos gente. Qual a dificuldade de entender isso?

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...