Política, ética e educação
Perguntou-me o André, que na sua adolescência já exerce o espírito crítico de quem sabe observar e pensar:
Por que os políticos são tão corruptos?
Respondi com outra pergunta, para provocar reflexão:
E porque você acredita que todos os políticos são corruptos?
Olhos cintilantes refletindo os pensamentos em elaboração, argumentou:
Ora, não sou bobo, vejo as notícias e ouço o que os mais velhos me contam dos tempos passados, É um escândalo atrás do outro. Eles parecem que não conseguem pensar nos outros, mas só em si mesmo, nos seus interesses pessoais. Todo mundo quer ser político ou autoridade pública só para poder roubar o povo e se dar bem na vida.
Bem, exceções à parte, pois bem intencionados igualmente existem no mundo político, é fato que muitos estão envolvidos em desvio de verba pública, corrupção, violência, desmandos e outras coisas mais, manchando a reputação da classe política e das autoridades públicas tanto no executivo, no legislativo e no judiciário.
É longo e fastidioso o desfile de malversações ao longo da história no setor público, e o André, que forma na fileira da nova geração quer saber porque isso acontece e, naturalmente, se existe algum remédio para essa doença que parece contagiosa, pois tenta-se fazer renovação através de novas escolhas nas eleições, e os novos escolhidos acabam fazendo o mesmo que seus antecessores.
O que detectamos de imediato é a falta de ética e empatia da maioria. Isso ocorre por uma falha no processo educacional de formação das pessoas. Sim, a educação é essencialmente formadora, não apenas no nível técnico-profissional e na aquisição de conhecimentos, na cultura, mas no nível moral, do caráter, no desenvolvimento das virtudes.
Lembremos que quando falamos em processo educacional não estamos focando apenas a escola, mas também a família, e nem uma e outra isoladamente, mas em conjunto, integradas, como institutos humanos que devem combater más tendências de caráter e desenvolver o senso moral, o pensar crítico e o saber se colocar no lugar do outro de cada pessoa, de cada indivíduo, visando uma vida mais plena, mais colaborativa, mais justa.
A educação deve combater todo tipo de preconceito, de discriminação, de injustiça, de privilégio. Deve desenvolver a honestidade e a solidariedade.
Mas isso seria competência da escola? Não é dever da família? Na verdade é dever e competência tanto da família quanto da escola, dos pais e dos professores. Estamos falando de educar, de realizar o processo educacional, de preparar para a vida, e isso não é exclusividade desta ou daquela, mas de ambas.
Para combater o egoísmo, a indiferença, a insensibilidade que caracterizam os seres humanos, e não apenas os políticos e as autoridades públicas, precisamos entender que isso só pode acontecer com profundidade com a educação. Pessoas moralmente transformadas transformarão a humanidade, não há outro caminho.
Quem chega a um cargo público é um ser humano. Quais são seus valores e condutas? Isso depende da educação que recebeu ao longo da vida. Por esse motivo ligamos a política com a ética, e esta com a educação. São elos de uma mesma corrente, e quando a educação é falseada e não cumpre o seu dever, a ética enferruja, e a política se perde na corrupção. Eis o problema e, ao mesmo tempo, a solução.
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