Aconteceu numa avenida

Uma noite calma, uma festa entre familiares e amigos, um passeio na praia e uma tragédia com a perda da vida de um adolescente. Esse o cenário de um acidente ocorrido na cidade do Rio de Janeiro e que, mais uma vez, ceifou uma vida, num acidente causado por um jovem dirigindo uma moto a mais de cem quilômetros por hora, segundo relatam as testemunhas, com o agravante do jovem piloto não ter habilitação para dirigir, e o veículo estar sem placa, ou seja, totalmente ilegal.

Inciadas as investigações policiais descobre-se que o jovem piloto já tinha autuações de trânsito e registro de boletins de ocorrência por acusação de estupros e assédio sexual. Não estamos aqui para julgá-lo, isso não é de nossa competência. Fazemos comentários reflexivos sobre a realidade que estamos vivendo para que possamos transformá-la.

Por que a moto não foi apreendida quando o jovem foi parado pela blitz da Lei Seca, dias antes? Resposta: porque agora a legislação permite que o veículo seja levado por um condutor devidamente habilitado, chamado pelo condutor desabilitado. Perguntamos: mas não é um veículo em condição totalmente irregular? E assim sendo, não deveria ter sido apreendido? E o jovem que estava em sua pilotagem não deveria ter sido multado e encaminhado à delegacia policial para ser criminalmente autuado? Ah, sim, nossas leis não são essas…

Mas talvez sejam, pois o jovem em questão é de família de classe média/alta, não é um suburbano qualquer de família modesta ou mesmo pobre, pois sabemos que o tratamento em nosso país leva em consideração, mesmo que de forma disfarçada, a posição social e a cor da pele do infrator. Triste realidade…

Uma família está devastada, e em particular a mãe, que a tudo presenciou, e o jovem motorista ainda tentou escapar à prisão, e alega que tudo não passou de um “incidente”, afinal ele só estava em alta velocidade, sem carteira de habilitação e com a moto sem documentação. Tudo não passou de uma infeliz coincidência: a mãe e o filho é que estavam no lugar errado, na hora errada. Moral da história, segundo o jovem piloto: o morto, que somente queria dar um passeio na areia da praia, acompanhado de sua mãe, é o culpado!

E dizem, mesmo diante desses fatos, que a educação nada tem a ver com isso!

Como não, se é a educação que forma e transforma os seres humanos, do ponto de vista moral, que assim educados transformarão a humanidade? O que estamos fazendo com a educação para termos tantos jovens, e adultos, indiferentes para com a vida dos outros e para com as regras sociais, mesmo aquelas estabelecidas em lei?

A hipocrisia e a violência assolam nosso viver social, revelando o quanto estamos indiferentes e insensíveis, vivendo apenas para nós mesmos, distantes de valores espirituais.

Entupimos as novas gerações, nossas crianças e jovens, de muitos conhecimentos, nas mais diversas áreas, mas não os preparamos para a vida e para a convivência com os outros, daí a hipocrisia, a violência, a desonestidade, os preconceitos, as discriminações, o egoísmo e o orgulho que predominam.

Isso é sim problema da educação!

Como já dizia Paulo Freire, a educação é essencialmente formadora do ser humano. Que formação estamos dando a ele? Parece-nos que a resposta está evidente, muito clara, à nossa frente, diante de tantos exemplos negativos da conduta humana, como o que trouxemos neste texto para nossa reflexão.


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