Onde está a educação?
Em ano eleitoral, no processo democrático que deve sempre caracterizar nossa nação, temos, por força de lei, a propaganda eleitoral, abrindo espaço nos meios de comunicação para que os candidatos se apresentem e esclareçam suas propostas. Por mais algumas pessoas considerem isso muito chato, ocupando parte da programação do rádio e da tevê, é importante, ou pelo menos deveria ser importante.
É aí que falou o Vanderson, experiente cidadão brasileiro de seus sessenta anos:
“Não tem jeito! Entra ano, sai ano, e parece que esses candidatos nada aprendem. Jogam fora o tempo que tem no rádio e na televisão, pois só sabem atacar os outros candidatos, falar mentiras ou fazer discurso bonito completamente fora da realidade. Das suas propostas, nada!”
Lembro-me da Terezinha, abnegada professora, que certa vez comentou com tristeza:
“O que me entristece no período eleitoral é ver os candidatos à presidência da república, aos governos estaduais e aos municipais, quase todos, colocando a educação em segundo plano, isso quando falam da educação, e mesmo assim com falas equivocadas, pois tendem a confundir a educação com número de matrículas, verba aplicada, construção de escolas, distribuição de merenda e outras coisas. São verdadeiros analfabetos em educação.”
Existem as exceções, é fato, mas tenho que concordar com a Terezinha. A maioria nada sabe sobre educação e, portanto, não percebe a sua importância. Estão preocupados com a política econômica, com os programas sociais, com a industrialização, com o emprego, mas não com a educação. Claro que todas essas preocupações são válidas, mas se a educação, que é formadora do cidadão, não está no mesmo nível, continuaremos com os mesmos problemas de sempre, talvez maquiados, mas sem solução, ou seja, a corrupção, a injustiça social, a violência e outros males que nos acompanham de há muito tempo.
Certa vez perguntei a crianças da educação infantil o que elas sonhavam ser quando crescessem. Responderam citando várias profissões. Disse-lhes que não era essa a resposta que esperava, mas que dissessem: “quero ser um advogado honesto”, “quero ser uma enfermeira gentil”, “quero ser um professor que sabe ouvir e respeitar os alunos”, ou seja, não basta indicar o profissional que se quer ser, é preciso dar também a qualificação moral para esse profissional do futuro.
E nada melhor, neste ponto, do que ouvir a sapiência da professora Terezinha, que nos seus anos de escola sabe muito bem o que diz:
“O problema é que, na escola, são raros os que estão preocupados com a formação moral das crianças e dos jovens. Quando existe essa preocupação, são sufocados por burocracias, exigências curriculares e, o que é mais perverso, são boicotados pelos próprios colegas, que não querem assumir essa tarefa junto com os pais, afinal isso dá muito trabalho e exigiria uma nova postura, um novo olhar sobre a educação. É mais fácil continuar a ser apenas o professor de língua portuguesa, de matemática…”
Felizmente para o hoje e o amanhã de nossa nação, temos as exceções, os que lutam por uma educação digna, de qualidade, que desenvolva ao mesmo tempo a inteligência e o sentimento, que prepare cidadãos éticos, críticos e criativos.
Seria bom, na verdade muito bom, se os candidatos aos cargos eletivos da administração pública (presidente, governador, prefeito), dessem uma parada para ouvir os que pensam a educação, então entendendo o quanto ela é importante e deve ser a base de todo plano governamental.
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