Educador: mestre e professor
Estava a pensar sobre o papel do professor, sua missão, sua atuação na escola, sua importância na vida das crianças e dos jovens, quando, em minhas leituras, encontrei a fala de Kerschensteiner:
“Não é o saber pedagógico, nem a ciência propriamente dita, que fazem o educador”.
Em outras palavras, nosso pedagogo alemão quer dizer que não é o conhecimento das escolas pedagógicas, não é o domínio da didática, não é o conhecimento das metodologias de ensino, nada disso, verdadeiramente, faz o educador. Embora tudo isso tenha sua importância, não é o conhecimento técnico que faz do professor um verdadeiro educador.
Mas, então, o que faz do professor um verdadeiro educador?
Quem nos dá a resposta é o educador suíço Pestalozzi, ao dizer que a ação do educador deve ser “toda inspirada por seu amor infinito, emanando dessa fonte jamais estancada”.
Temos encontrado muitos bons professores, mas nem todos podem ser classificados como muito bons educadores, pois há uma diferença significativa entre esses dois sujeitos, o professor e o educador. Disso nos deu prova, certa vez, uma professora do ensino fundamental, quando de seu pedestal falou-nos em grave e solene tom:
“Não admito que o senhor me chame de educadora. Não sou uma educadora, sou professora. Me formei para dar aula de língua portuguesa e esse é o meu papel na escola, junto dos alunos”.
Certamente ela é uma professora. Domina sua disciplina curricular, obedece os trâmites burocráticos, indica os livros didáticos, aplica as provas, lança as notas dos alunos nos boletins, envia as questões disciplinares para a coordenação pedagógica ou diretoria da escola. É provável que esteja mecanizada, de tanto repetir as mesmas coisas ano após ano. Não se apercebe que os alunos são seres humanos que pensam, se emocionam e possuem sua própria história de vida.
São muitos os professores e professoras nessas condições. Não avaliam o quanto influenciam as crianças e os jovens com suas palavras, com seus valores, com seus exemplos.
Para se tornar um educador, o professor precisa ter amor ao que faz. Precisa ser criativo, Precisa ser humanizado. Precisa ter prazer em ser um mestre. Precisa respeitar os alunos. Precisa interagir com os alunos e com seus colegas. Precisa deixar de ser o centro do processo educacional, ou seja, precisa parar de ensinar, permitindo que os alunos façam seu próprio percurso de aprendizagem.
Educador é todo aquele que pensa, reflete, sonha, idealiza e acredita no potencial incrível que seus educandos possuem. É todo aquele que vai com prazer e alegria para a escola. É todo aquele que está sempre inovando e ouvindo. É todo aquele que sabe trabalhar com os outros, cooperativamente. É todo aquele que, mais do que ser professor, é um orientador, um facilitador.
Que adianta acumular mil saberes, mil técnicas, se falta amor, se falta sentimento?
Sabedoria não é sinônimo de acúmulo de conhecimentos. Sabedoria é saber compartilhar, caminhar junto, aprender sempre.
O professor que ama o que faz e tem os olhos voltados para a construção do futuro, esse pode ser chamado de educador, porque nele não faltará amor à educação e à humanidade.
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