Copa do mundo do desenvolvimento humano

Aproveitando a realização este ano de mais uma Copa do Mundo de Futebol Masculino, reunindo seleções de vários países representando todos os continentes, e que teve brilhante vitória da Argentina (merecidamente) – infelizmente o Brasil foi mais uma vez desclassificado nas quartas de final –, imaginemos que, na verdade, tenha sido realizada a Copa do Mundo do Desenvolvimento Humano, ou seja, que os países participantes da copa de futebol fossem classificados de acordo com os índices apresentados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Atualmente o Brasil ocupa a posição 87 num total de 191 países e, em comparação com a classificação dos países presentes na copa do mundo de futebol, estaríamos desclassificados já nas oitavas de final.

Façamos algumas comparações. A expectativa de vida em nosso país é de 72,8 anos, ou seja, em média conseguimos viver até perto dos 73 anos. A Suíça, que foi nossa adversária na fase de grupos, possui expectativa média de vida de 83 anos. Os suíços vivem 10 anos a mais do que nós brasileiros, isso porque se alimentam melhor, cuidam melhor da saúde e possuem índice de violência muito menor que aqui no Brasil, entre outros fatores de relevância para uma vida melhor.

Vejamos agora outro índice. Aqui no Brasil estudamos em média 8 anos, ou seja, dedicamos esse tempo para a vida escolar e formação técnico-profissional. Os demais países que disputaram a copa do mundo de futebol apresentam média de 12 anos de escolaridade dos seus cidadãos, com destaque para os países europeus e asiáticos. Perdemos feio, não é mesmo?

A conclusão é fácil: se levássemos em conta apenas o índice de desenvolvimento humano, não teríamos chance de levantar a taça de campeão.

Ainda bem que isto é apenas uma simulação e que no futebol as coisas são diferentes, afinal já levantamos cinco taças, somos pentacampeões! E mantemos, a cada quatro anos, a esperança renovada de um novo grito de campeão!

Voltando ao índice de desenvolvimento humano, notemos que nossa posição no ranking da Organização das Nações Unidas é bem ruim. Estamos no meio da tabela. 86 países estão à nossa frente. Temos muito que evoluir, que melhorar. Ainda estamos às voltas com a injustiça social, a miséria, a violência, a corrupção, o mal atendimento na saúde, o sucateamento da educação, entre outras coisas que conhecemos muito bem, pois fazem parte do nosso cotidiano e estão em destaque nos meios de comunicação.

Dizem que o futebol é a diversão do povo, é, pelo menos, nossa distração diante de tantos problemas. Não temos dúvida que o futebol é o esporte paixão nacional do brasileiro, mas essa paixão não pode ser remédio paliativo, verdadeiro analgésico, anestesiando a população para os verdadeiros problemas a serem enfrentados.

Não podemos ficar assistindo sair governo, entrar governo, renovar-se o congresso, tudo isso com o nosso voto, com a nossa escolha, e nada mudar, continuando a velha política do toma lá, dá cá. E a saúde, a educação, o transporte, a habitação, o saneamento básico, a segurança pública, a justiça para todos, a preservação do meio ambiente, o respeito aos direitos humanos, como ficam?

Precisamos melhorar o nosso Brasil, tarefa urgente de médio e longo prazo, mas que não pode mais receber adiamento.

Para isso temos que rever a educação e priorizá-la. Enquanto não fizermos isso vamos continuar a assistir derrota sobre derrota na copa do mundo do desenvolvimento humano, e o grito de campeão ficará muito distante da nossa esperança renovada de quatro em quatro anos.

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