quinta-feira, 29 de junho de 2023
segunda-feira, 26 de junho de 2023
A morte pode esperar
Este texto é um pouco diferente, pois parte de um filme que recomendo ser assistido: Um Filho, do diretor Florian Zeller, tendo no elenco os atores Hugh Jackman, Vanessa Kirby, Zen McCarthy, Laura Dern e participação especial de Anthony Hopkins. É um drama envolvente com vários dilemas familiares e a realidade da depressão e do suicídio no mundo adolescente. Não vou contar a história e, muito menos, o final, para que você possa saborear e refletir esse excelente filme; mas vou extrair de sua narrativa algumas considerações, algumas reflexões muito úteis a respeito do casamento, do divórcio, da família, da depressão e do suicídio, reflexões essas utilizando os princípios que estruturam a Doutrina Espírita.
A primeira reflexão é sobre o casamento. A união entre dois seres deve ter por base o amor, e esse sentimento requer a vivência da cooperação, da compreensão, da tolerância, do diálogo e da renúncia. É o sentimento, e não a beleza física ou o status social do outro, que deve ser a base da união, pois os predicados físicos e/ou financeiros são passageiros, mudam com o tempo. Lembremos que mais importante é a beleza da alma, que é imortal, representada pelas virtudes já desenvolvidas. Muitos casamentos não dão certo porque o amor foi confundido com o sexo, com o dinheiro, com a posição social e outras coisas que abafam o maior dos sentimentos, quando advém a desilusão, a rotina e, como consequência a fuga do compromisso realizado e do respeito para com o outro.
A segunda reflexão é sobre a separação (divórcio). Compreendemos que nem sempre é possível manter a relação, sendo direito de cada cônjuge refazer a sua vida, evitando um mal maior que a insistência na união traria. Nesse caso, deve-se ter muito diálogo para que a separação seja consensual, para que a relação transforme-se numa sincera amizade, sem ataques, sem farpas, sem perseguições. Quando o casal possui filhos, estes devem ser esclarecidos sobre a situação, devem também ser ouvidos, garantindo-lhes total apoio e amor e que, em nenhuma circunstância, serão deixados de lado, nem serão utilizados como meio de ferir o ex-cônjuge. Lembremos que todos somos seres humanos, tanto os pais quanto os filhos, com inteligência e sentimento, e que os laços afetivos não se rompem com o divórcio, apenas se modificam.
A terceira reflexão é sobre a família. Muitas pessoas casam, se unem, mas continuam vivendo como se fossem solteiras, mantendo sua vida particular, seus hábitos, esquecendo-se que, sem perder a individualidade, devem agora compartilhar com o outro, eleito do seu coração para uma vida em comum. Não basta ter uma casa e as condições financeiras necessárias através do trabalho profissional, é preciso ter um lar, e isso somente é possível com a união de esforços, com o diálogo constante, com a troca afetiva, com a renovação dos ideais. A família é um espaço de convivência privilegiado dos seres humanos, que são igualmente espíritos reencarnados em novo encontro existencial para reparar o passado e, no hoje, construir um futuro melhor.
A quarta reflexão é sobre a depressão. O filme nos leva a olhar de frente a depressão do filho adolescente do casal que se separou, sendo que o pai refez sua vida com um novo casamento. Sentindo-se desamparado, abandonado, embora muito amando e admirando o pai, o jovem perde paulatinamente o sentido e o interesse do viver, mas isso não é detectado de imediato pela mãe, e muito menos pelo pai, um tanto quanto distanciado do filho. Acontece que a depressão, doença perigosa, dá sinais que precisam ser detectados o mais cedo possível. O desinteresse pela escola; o afastamento das amizades; o isolamento no quarto; a mudez com respostas curtas às perguntas; o choro sem causa aparente; entre outros sintomas que podem ser observados, indicam que a depressão está se instalando e é necessário o diálogo, a aproximação carinhosa, o estreitamento da convivência e, quando for o caso, o acompanhamento terapêutico com um profissional.
A quinta reflexão é sobre o suicídio. Quando a depressão se instala e corrói as fibras íntimas da alma, abre-se um campo psíquico e espiritual (não podemos esquecer da ação dos espíritos inferiores) propício à instalação da ideia suicida. Quando o jovem começa a falar em não saber porque vive; que carrega consigo uma dor inexplicável, íntima; quando deixa no ar pensamentos de se tirar a vida; quando faz uma tentativa de antecipar a morte; os pais precisam imediatamente agir. É falso argumentar que “cão que muito ladra não morde”, ou seja, que o jovem que fala em se matar, que faz ameaças, está apenas fazendo chantagem emocional e que nunca tentará o suicídio. Hoje o suicídio na adolescência, e mesmo na infância, é uma realidade em todo o mundo. A vida pertence somente a Deus, estamos reencarnados por dádiva e misericórdia divinas, e a realidade espiritual do suicida é bem triste, como consequência de ter infligido a lei maior.
Estas reflexões foram motivadas pelo filme Um Filho, que volto a recomendar. Se temos as causas anteriores para explicar nossas aflições no mundo, não esqueçamos que temos igualmente as causas atuais, por causa do nosso egoísmo, do nosso orgulho e da nossa imprevidência. Em todos os casos que envolvem a família, a relação entre cônjuges e a relação entre pais e filhos, procure ter no Espiritismo um roteiro seguro e edificante, mas também não deixe de procurar apoio, seja no Centro Espírita, seja através do CVV – Centro de Valorização da Vida, que atende nacionalmente perlo telefone 188. Isso serve tanto para os adultos quanto para os jovens.
Valorizemos a vida fazendo do amor a base do viver. A morte pode esperar.
segunda-feira, 19 de junho de 2023
O processo da evangelização espírita
Nem todo dirigente de centro espírita tem noção exata sobre o que é e qual a importância da evangelização, e muito menos sobre o processo de educação do espírito imortal que todos somos, daí encontrarmos escolas de evangelização infantil distanciadas do verdadeiro processo ensino-aprendizagem, e sem levar em conta as implicações pedagógicas da filosofia espírita e dos princípios que formam o Espiritismo. Em muitos casos repete-se o velho e ultrapassado modelo da escola formatada no século 19, replicado pelo sistema de ensino brasileiro e copiado pelos centros espíritas. Esse sistema é anacrônico, equivocado e de péssimos resultados, bastando para esse reconhecimento verificar a massa de analfabetos funcionais que saem da escola todos os anos, além de jovens que não sabem pensar, que apenas memorizaram conteúdos para utilização em provas. Por que insistimos em dar aula e seguir currículo fechado, quando isso não funciona?
Para prosseguirmos essa reflexão, passemos a palavra a Allan Kardec, em texto que extraímos do item 350 de O Livro dos Médiuns: “Se o Espiritismo deve, como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade, só poderá fazê-lo pelo melhoramento das massas, o que só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento dos indivíduos.” A palavra do codificador é cristalina. Somente a melhora, a transformação, o aperfeiçoamento dos indivíduos, poderá transformar, melhorar, aperfeiçoar a sociedade. Como vamos alcançar isso sem a participação cada vez mais consciente do educando no processo de sua educação? Sem que o trabalho de evangelização espírita esteja realmente ligado aos ensinos morais de Jesus e à realidade do espírito imortal presentemente reencarnado, mas com vida futura?
Educação é processo que implica a participação do evangelizador, do evangelizando e dos pais, integrando o centro espírita e a família. Não é processo de fora para dentro com decisões tomadas de cima para baixo, ou seja, não é processo em que se tenta ensinar e mais ensinar através de um currículo planejado pelos responsáveis pela evangelização. As crianças e os jovens, que sabem pensar e sentir, que possuem habilidades e sentimentos, necessitam ter participação nesse processo, que não pode acontecer divorciado da família, configurada pelos espíritos superiores como a primeira escola do espírito reencarnado, mostrando que os pais também tem que participar.
Qual é a finalidade da evangelização? Religar os espíritos ao Evangelho, aos ensinos morais de Jesus, compreendendo-os e colocando-os em prática por si mesmos, abraçando com consciência a solidariedade, a fraternidade e a caridade. Não porque aprendeu isso com o evangelizador, mas porque estudou, debateu, pensou e vivenciou em ações pedagógicas, quando então une a teoria com a experiência, e, na sequência, incorpora o aprendizado ao seu patrimônio psíquico. Ele faz porque entende os benefícios para ele e para os outros, ele quer o bem porque compreende que o bem é bom para todos.
Precisamos acabar com a sala de aula e o ensino antidemocrático do evangelizador, que não é um mero passador de conteúdos, que não é um simples instrutor de informações, e sim, é um orientador e facilitador do processo de aprendizagem, devendo, acima de tudo, dar bons exemplos a partir de sua conduta na convivência com os outros. Que adianta ser dirigente do centro espírita, ser evangelizador espírita, ser coordenador de estudo da doutrina espírita, ser médium, e assim por diante, se isso não significa ser menos orgulhoso, menos egoísta, menos vaidoso, menos hipócrita?
É urgente que os espíritas se voltem para a educação, mas não a educação intelectual, cognitiva, repetitiva, que leva a criança e o jovem a memorizarem informações. Já Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão 685A, muito bem esclarece o que seja a verdadeira educação: “Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos.” E na questão 917 complementa: “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se ele deseja assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.”
Nos centros espíritas estamos trabalhando para assegurar a nossa e a felicidade dos outros? Será que os esforços em realizar tratamento espiritual para doenças orgânicas é a finalidade do Espiritismo? Será que receber mensagens psicografadas dos espíritos recém desencanados para seus familiares é finalidade do Espiritismo? Será que ensinar às crianças o que é o perispírito e decorar sentenças sobre Jesus é a finalidade da evangelização espírita? Não somos contra nenhuma atividade que ampare, console e esclareça ao próximo; estamos chamando a atenção para as prioridades do Espiritismo e, por extensão, dos centros espíritas.
Até aqui falamos da evangelização voltada para as crianças e para os jovens, mas já é hora de estendermos, de ampliarmos esse entendimento. Hoje, em que os meios de comunicação de massa, através de poderoso aparato tecnológico, influenciam as pessoas em todos os aspectos vivenciais, e em que muitos valores estão em crise face ao embate entre o materialismo e o espiritualismo, temos que pensar a evangelização espírita enquanto evangelização espírita da família, para que esta, com o suporte pedagógico do Espiritismo, possa ser o centro irradiante da transformação moral humana. A não ser assim, continuaremos a assistir pesadas levas de indivíduos adentrando à sociedade sem terem limites, levados pela corrente das paixões, pelos mais diversos vícios que degradam a alma, sem ideais mais enobrecidos, deixando-se enredar pelo sensualismo, numa palavra, indivíduos egoístas e orgulhosos, justamente o que a educação moral deveria combater e transformar.
O Espiritismo surgiu no horizonte humano para auxiliar a todos nós na transformação moral que devemos realizar, primeiro conosco, depois com os outros e, finalmente, com o coletivo humano, com a humanidade. É na realidade do espírito imortal que vibramos, e a educação moral é o único caminho que pode acelerar nossa marcha ascensional para a perfeição. Até quando vamos viver o sono dos teimosos que não querem reconhecer a realidade, e que fazem todos os esforços para adaptar o Espiritismo às suas próprias conveniências, assim evitando encarar de frente a necessidade de transformação íntima, interior, de realizar o autoconhecimento e a autoeducação?
A evangelização espírita deve ser prioridade no centro espírita, quando então estaremos aprendendo e praticando o Espiritismo como ele nos foi entregue pelos espíritos superiores e organizado e estudado em suas consequências por Allan Kardec.
segunda-feira, 12 de junho de 2023
Quem são os espíritos?
Na história da humanidade, em todos os tempos e todas as civilizações, não faltam registros de manifestações sobrenaturais, de fenômenos extrassensoriais, transcendentes, deslumbrando o ser humano e até mesmo deixando-o assustado por não compreender o acontecimento. Também não faltam registros da existência de profetas, pitonisas, gurus, pajés e outros, cuja especialidade era receber a palavra dos deuses ou receber conselhos dos mortos. Igualmente são fartos os registros nos livros sagrados da antiguidade sobre a intuição, a crença, mesmo que confusa, da comunicação entre mortos e vivos, o que pressupõe a existência da alma e sua sobrevivência após a morte. Sem conhecer a chave para o que até então se configurava um mistério, os antigos povos dos primeiros tempos da civilização humana envolveram a solução do problema que lhes atiçava a curiosidade, num manto de crendices e ideias esdrúxulas, mas que estavam de acordo com os conhecimentos de então, surgindo daí, por exemplo, a ideia da existência dos fantasmas, embora não se soubesse muito bem quem eram e o que representavam.
Na evolução do conhecimento, as sociedades melhor organizadas deram surgimento a elaborações mais racionais e profundas do pensamento, ampliando os conhecimentos através dos sábios e dos filósofos, embora ainda mantendo a crença politeísta em deuses ora celestiais, ora humanos, ora meio celestiais e meio humanos. No embate entre o pensamento materialista e o pensamento espiritualista sobre a vida, vários foram os pensadores que declararam a crença na existência e sobrevivência da alma, e na comunicação das mesmas, como foi o caso do filósofo grego Sócrates, que afirmava conversar naturalmente com seu daimon, ou seja, com o Espírito que lhe instruía, que lhe aconselhava, sendo que essa palavra, que em português traduz-se por demônio, na época era a indicação da existência dos espíritos, fossem eles bons ou maus.
Impõe-se, então, uma pergunta: afinal, os espíritos existem? E também esta outra pergunta: se os espíritos existem, quem são eles? Diante de fenômenos que sempre aconteceram e estão registrados nas mais diversas culturas e tempos, inclusive extrapolando o meio religioso, precisamos ter resposta convincente, racional, e temos total e plena certeza de responder a essas e outras perguntas através do Espiritismo, doutrina que abrange ao mesmo tempo a ciência, a filosofia e a religião, cujos princípios foram elaborados através da pesquisa séria dos fenômenos mediúnicos, também conhecidos como fenômenos parapsíquicos, paranormais, extrafísicos e assim por diante.
Para o Espiritismo os espíritos, ou almas, são os próprios seres humanos, só que desvestidos da roupagem corporal humana, ou seja, vivendo no mundo espiritual, ou na dimensão espiritual, invisíveis ao nosso olhar mas muito vivos, podendo agir sobre nós e sobre a matéria, através das propriedades do perispírito ou corpo espiritual de que se revestem. Isso quer dizer que nós, que nos denominamos seres humanos, também somos espíritos, momentâneamente encarnados na Terra, sendo que a morte não existe, pois ela é somente a porta de passagem para retorno ao mundo espiritual de onde viemos através do nascimento.
De forma simples e racional, o Espiritismo elucida um dos grandes enigmas da humanidade, deixando claro quem somos, de onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para onde vamos.
E se todos somos seres humanos, apenas em estados diferentes, ora no corpo físico, ora fora dele, isso quer dizer que os espíritos que se comunicam nas reuniões mediúnicas dos centros espíritas são apenas os homens e as mulheres que se encontram do outro lado da vida, na dimensão espiritual; não são entidades sobrenaturais, nem fantasmas, ou qualquer outra coisa equivalente. Nenhum mistério ou coisa do outro mundo acontece nas dependências do centro espírita e nas reuniões dos espíritas, mas apenas o intercâmbio natural, simples, com os familiares e amigos que se encontram na espiritualidade e conversam conosco através dos médiuns, que são pessoas dotadas de faculdades especiais para servirem de intermediários entre seres humanos desencarnados e encarnados.
O estudo do Espiritismo dissipa qualquer dúvida e acaba com o maravilhoso, com o sobrenatural, com o fantasmagórico. Tudo é natural e tem explicação, inclusive a existência e a manifestação dos espíritos.
segunda-feira, 5 de junho de 2023
Transformar os homens para transformar a humanidade
Diante dos inúmeros males que assolam a humanidade as autoridades públicas procuram fazer novas leis ou revisar as que já existem; idealizam planos de segurança pública, de urbanização e outros; projetam melhorias nos serviços de saúde e educação; criam medidas as mais diversas no intuito de modernizar o atendimento à população. Todas essas medidas têm a sua validade e sua necessidade, mas os males persistem em se manter, às vezes mais aguçados ou em novas modalidades. O tempo passa e a corrupção, a sexualidade sem freios, o consumo de drogas, a criminalidade, o desrespeito aos direitos fundamentais do ser humano, a degradação da natureza, enfim, o mal permanece. Se nada disso é solução, onde encontrá-la? O Espiritismo tem a resposta, dada pelos Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos, como lemos na questão 769:
“Uma sociedade depravada tem certamente necessidade de leis mais severas. Infelizmente essas leis se destinam antes a punir o mal praticado do que a cortar a raiz do mal. Somente a educação pode reformar os homens, que assim não terão mais necessidade de leis tão rigorosas.”
A resposta é clara: a solução está na educação.
Mas de qual educação estamos falando? Porque existem diversas definições, diversos entendimentos sobre a educação, e temos que saber do que estamos falando, de acordo com os princípios que formam o Espiritismo. Essa definição, ou melhor, esse entendimento também está em O Livro dos Espíritos, na questão 685A, em comentário de Allan Kardec:
“Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos.”
Como vemos no lúcido comentário do codificador, o Espiritismo entende a educação como sendo educação moral, ou seja, a educação que forma o caráter, como arte de desenvolvimento das virtudes, e ainda mais, como conjunto dos hábitos que o Espírito adquire durante o processo educativo. Podemos também acrescentar, utilizando outra fala de Kardec, que a educação moral também consiste no combate que se faz às más tendências apresentadas pelo Espírito reencarnante.
Nos tempos atuais não encontramos a educação moral nas escolas, e também não a encontramos em muitas famílias. Os interesses materiais imediatos e a aquisição de conhecimentos sufocaram o desenvolvimento do senso moral, por isso não temos que nos espantar ao verificar o predomínio do egoísmo e do orgulho nas relações sociais. Contudo, conhecimento sem sentimento leva os homens, por exemplo, à guerra, ou à destruição da natureza, ou a uma corrida desenfreada pelo bem estar individual, mesmo que isso venha a prejudicar muitas pessoas.
Passemos a palavra ao filósofo, professor, jornalista e escritor José Herculano Pires, grande defensor da educação espírita, que no capítulo 17 do seu livro Curso Dinâmico de Espiritismo, assim se expressa:
“Se quisermos mudar a sociedade, não adianta modificar a sua estrutura feita pelos homens, mas modificar os homens que modificam as estruturas sociais. O homem egoísta produz o mundo egoísta, o homem altruísta produzirá o mundo generoso, bom e belo que todos desejamos. Não podemos fazer um bom plantio com más sementes. Temos de melhorar as sementes.”
Eis porque as mais diversas intervenções não surtem o efeito desejado: queremos transformar as estruturas sociais sem transformar os seres humanos que fazem essas mesmas estruturas sociais.
Temos vários exemplos que comprovam essa nossa afirmativa. Podemos construir um conjunto residencial com toda a sua urbanização, com o objetivo de nele colocar atuais moradores de uma favela. E assim procedemos. Com o tempo, as pessoas que moravam na favela, por não receberem uma nova educação, tenderão a fazer do conjunto residencial outra favela. Outro exemplo: podemos aumentar o rigor da lei para punir as pessoas corruptas, mas se não as educarmos do ponto de vista moral, tenderão a descobrir brechas na legislação para dar continuidade aos esquemas corruptores. E muitos outros exemplos poderíamos dar, mostrando que não basta trabalhar as estruturas sociais, é necessário trabalhar a educação dos seres humanos.
Precisamos transformar os homens para que estes, transformados, transformem a sociedade em que vivem.
O Espiritismo nos entrega a solução de todos os males, de forma límpida, mas a competência de aplicá-la é nossa. Quanto mais tempo adiarmos a tarefa da educação moral do espírito imortal presentemente reencarnado, mais adiaremos a entrada no mundo de regeneração, pois o bem somente predominará sobre o mal quando essa educação for nossa prioridade.
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