A concepção de Deus
Alguns cientistas não conseguem conceber a existência de Deus pelo fato de não aceitarem racionalmente o Deus apresentado de forma dogmática, e mesmo um tanto irracional, por parte de diversas religiões. E estão cobertos de razão, pois não se pode aceitar uma ideia que não pode ser discutida e que não possui fundamentos que possam ser provados. Por não conhecerem outra ideia sobre Deus, qual a que o Espiritismo apresenta, negam sua existência e defendem exclusivamente a teoria materialista para explicar o universo e a vida. Mas, perguntamos: qual a origem da partícula elementar, pois que a mesma é um elemento material? E como explicar o extraordinário fenômeno da vida apenas e tão somente com a matéria? E a mente, com todo o seu prodigioso psiquismo, estaria encerrada em sinapses neuronais? E os sentimentos, as emoções, a afetividade, seriam produto do nosso organismo físico ou apenas ilusões? Como fica a chamada espiritualidade do ser humano, que comprovadamente afeta a saúde orgânica para melhor ou para pior? E por que temos que estudar, aprender, trabalhar, amar, sofrer se tudo acaba no túmulo? E para que servem os bilhões de astros espalhados pelo universo? Não podemos admitir a ideia do acaso, pois seria explicar uma coisa que não compreendemos por outra ainda mais incompreensível.
Mas o que é Deus? É o ser incriado, acima de qualquer concepção que o pensamento humano possa conceber, e que sabemos ser ao mesmo tempo Pai e Criador, dotado de atributos inigualáveis, tais como: eternidade, imutabilidade, imaterialidade, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom. Sem esses atributos nossa razão não pode concebê-lo como Deus.
Quando entendermos que a religião e a ciência não existem para se excluírem mutuamente, mas que podem e devem unir seus esforços para o bem da humanidade, fazendo aproximações entre suas pesquisas e crenças, diminuiremos o espaço hoje existente entre ambas, e isso é justamente o que faz o Espiritismo.
E como podemos provar a existência de Deus? Na verdade os cientistas é que deveriam provar a não existência desse ser supremo, mas como não conseguem fazer isso satisfatoriamente, tentemos responder algumas perguntas sem a crença na existência de Deus:
1 – Como uma causa material pode ser o princípio de todas as coisas?
2 – Como tudo no universo está em perfeita harmonia e equilíbrio?
3 – Qual é a origem da intuição inata nos homens da existência de um ser supremo?
4 – Se a partícula elementar é matéria, qual é a causa dessa partícula?
5 – Como explicar efeitos inteligentes sem uma causa inteligente?
Desafiamos os pesquisadores e pensadores materialistas para responder através de raciocínios lógicos, satisfazendo todas as consequências dessas perguntas, provando por a+b que não há necessidade da existência de Deus. Lembramos que no século 19 essa tentativa foi feita, e sem sucesso, pela teoria positivista encabeçada por Auguste Comte (1798-1857), lançando uma Religião da Humanidade não teísta, mas que acabou não conseguindo responder aos anseios espirituais dos indivíduos.
Concepção espírita da divindade
Na concepção espírita de Deus existe a certeza de um ser supremo ao mesmo tempo justo e misericordioso, princípio de tudo e que em tudo está, cujas leis são perfeitas e as quais vamos descobrindo paulatinamente, regendo a vida sem nos tirar o livre arbítrio. Essa concepção explica racionalmente os acontecimentos existenciais, esclarece ao mesmo tempo que consola, mostrando que todos temos um futuro glorioso pela frente, porque somos destinados a alcançar a perfeição intelectual e moral e, portanto, a felicidade.
Desembaraçando a ideia de Deus do antropomorfismo (Deus representado como um ser humano), da superstição, da crendice e da teologia, o Espiritismo reconhece que a crença racional sobre um ser supremo criador como ponto de partida da vida universal, é a crença que melhor responde aos anseios humanos de espiritualidade e religiosidade, aliando as pesquisas científicas com as religiosas e dando ao ser humano uma fé raciocinada que o eleva acima das questões circunscritas à vida material, pois o faz entrever o futuro espiritual que não apenas o aguarda, mas que lhe pertence como alma imortal que é, e que a morte não aniquila.
O Espiritismo não concebe Deus como um ser passional, muitas vezes vingativo, e mesmo injusto como várias doutrinas o apresentam. Nem considera que ele esteja envolto em mistérios insondáveis ao ser humano. Pelo contrário, a doutrina espírita combate essas visões sobre a divindade por considerá-las não racionais, insustentáveis diante da razão e da observação dos fatos. Para ser a inteligência suprema e o criador de tudo, Deus há de ser a perfeição, e um ser perfeito nada pode ter dos vícios e paixões que caracterizam os homens, e esse pensamento é lógico, daí porque a representação artística de Deus como um velhinho de barba branca ladeado de anjos estar muito longe de ser a melhor figura que podemos fazer dele, a qual o Espiritismo não sanciona, mostrando que ele é incomparável a qualquer coisa que possamos conhecer ou imaginar.
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