A geração do futuro e o homem de bem
O amanhã começa hoje. O futuro depende das ações que realizamos no presente. A ação humana tem impacto considerável tanto na natureza planetária quanto na própria sociedade, com consequências tanto para a atualidade como para os dias vindouros. Estamos às voltas com a diminuição dos mananciais, extinção de espécies, inundações, erosões, poluição, mudanças climáticas, destruição da camada de ozônio, chuva ácida, agravamento do efeito estufa e destruição de habitats, além de consumo exagerado de bens, violência, falta de saneamento básico, graves distúrbios psicológicos, fome, guerras, migração descontrolada de pessoas, preconceitos, discriminações. A lista dos graves problemas que afetam a sociedade humana e a natureza é tão grande que não cabe nas linhas deste texto. Temos sofrido as consequências, e estas vão igualmente atingir as próximas gerações se nada fizermos para reverter essa situação, daí a necessidade de apoiarmos todas as iniciativas, em todas as áreas, para preservação do meio ambiente e da saúde emocional do ser humano, único caminho para pararmos com a degradação do planeta e da própria vida.
Na luta pela vida em plenitude temos que destacar a importância da educação moral, ainda tão mal compreendida, que o Espiritismo resgata com toda força, pois somente ela pode desenvolver o homem de bem, moralizado e espiritualizado, ou seja, o ser humano – homem ou mulher – solidário, fraterno, cooperativo, ético, com ideais nobres e visão superior sobre o viver, colocando em prática a regra maior do processo de aprendizagem: saber fazer ao outro somente o que deseja que o outro lhe faça, como nos ensinou o Mestre dos mestres: Jesus.
A competência para realização da educação moral é, em primeira instância, da família e da escola, mas coadjuvadas pelas instituições religiosas e sociais de variado espectro, proporcionando à criança e ao jovem a oportunidade de aprender a pensar, aprender a criticar, aprender a reconstruir, aprender a extrair de si o potencial divino que carrega consigo, aprender a ser construtor de si mesmo, aprender a se colocar no lugar do outro. Não se trata apenas de acumular saberes, de explorar conhecimentos, de memorizar instruções; a educação moral vai mais além, trabalhando o homem moral e espiritual, e não apenas o intelectual.
Ao trazer para a educação a realidade da alma imortal conjugada com a reencarnação, o Espiritismo provoca uma verdadeira revolução pedagógica, solicitando da família e da escola revisão das suas finalidades e procedimentos, pois não é mais possível manter a cátedra, o ensinar, o instruir e avaliar com provas para detectar o nível de conhecimento da língua portuguesa e da matemática, como se faz atualmente. Isso não revela o ser espiritual que somos, não avalia o caráter, não proporciona o verdadeiro aprendizado. Memorizar conhecimentos para aplicação dos mesmos numa prova não é avaliação, não é aprendizado. A capacidade de memória não quer dizer que o educando tenha aprendido, ou seja, que saiba contextualizar, interpretar, reconstruir e colocar em prática o que acumulou de memória para tirar uma boa nota no teste. E qual é a prova de formato quantitativo que pode avaliar um ser complexo como o ser humano?
Vivemos hoje uma crise que vai bem mais além do que crise hídrica, crise climática, crise econômica, crise social. Estamos vivendo profunda crise moral, das quais essas outras crises são consequência. Desvirtuado de sua realidade espiritual e da finalidade divina de sua presença na Terra, o ser humano vive à deriva, deixando-se levar pelas ondas do egoísmo e do orgulho, invertendo os valores humanos para saciar apenas os seus interesses individuais e imediatos, pouco se preocupando com os outros e com a sustentabilidade dos ecossistemas, impactando a vida com ações predadoras que estabelecem, por exemplo, mudanças climáticas profundas, assim como desigualdades geradoras de dor e sofrimento.
A proposta espírita da educação moral do espírito imortal é a de resgatar em espírito e verdade os ensinos morais de Jesus, preparando as novas gerações para serem cocriadoras com Deus, sabendo aproveitar esta encarnação para reparar os débitos individuais e coletivos do passado, ao mesmo tempo em que preparam, numa nova ordem de ideias, uma nova humanidade e um novo mundo. A educação moral deve formar o homem e a mulher de bem, trabalho urgente, pois estamos muito indiferentes, insensíveis e materialistas, agindo sem pensar nos outros, nem no dia de amanhã, na ansiedade das conquistas e dos lucros, da manutenção do poder a qualquer custo. Pobre ser humano que acredita estar acima de tudo e de todos, mas que não pode controlar a morte, instrumento de Deus que nos lança para fora desta existência, retornando-nos ao mundo espiritual, quando nos veremos arredados de todos os bens materiais, de todos os diplomas, de todos os cargos, mas repletos de nossos vícios, tendo que assumir as consequências de nossas ações.
Aos espíritas compete uma grande missão, da qual responderão perante Deus: trabalhar a educação moral da alma imortal, pois o Espiritismo tem por finalidade a transformação moral dos indivíduos e da humanidade. É de homens e mulheres de bem que necessitamos; é de pessoas com sentimento aguçado que precisamos; é de verdadeiros cristãos que dependemos para estabelecer a humanidade do mundo de regeneração, onde o bem deverá prevalecer sobre o mal. Esse futuro deve ser estabelecido hoje, através dos esforços em educar para corrigir más tendências e estabelecer bons hábitos, exatamente o significado profundo da educação moral. A esse trabalho devem os espíritas dirigir seus esforços, como muito bem assinalam e conclamam os Espíritos Superiores nas obras da codificação espírita assinadas por Allan Kardec. Se não fizermos, ficando nos atalhos do tratamento espiritual dos corpos orgânicos, do assistencialismo e das discussões estéreis de temas irrelevantes, responderemos por crime de lesa humanidade, ao deixarmos que as novas gerações se percam por não receberem a educação moral de que tanto necessitam.
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