Encontrando a felicidade
Você já deve ter ouvido esta conhecida expressão popular: “A felicidade não é deste mundo”. Ela é verdadeira se pensarmos na felicidade absoluta e contínua, efetivamente longe de acontecer na humanidade terrena, numa existência repleta de obstáculos os mais variados, entretanto, será possível ter uma felicidade relativa, mesmo que passageira ou que dure um intervalo de tempo mais ou menos longo? Será que algum dia alcançaremos a felicidade em sua plenitude, seja aqui na Terra ou num futuro existencial? Tais são as questões que envolvem a existência humana e que possuem duas alternativas bem distintas: do ponto de vista materialista e do ponto de vista espiritualista.
A felicidade sempre estará intimamente ligada ao amor ao próximo. Na medida em que auxiliamos alguém, sem nenhum outro interesse, a felicidade se faz presente. É um estado íntimo da alma de satisfação, de bem estar, de dever cumprido. Quanto mais amor doarmos ao próximo, mais felicidade teremos na vida. Isso não significa que estaremos isentos de problemas, pois eles existem por motivo da diversidade moral dos indivíduos, mas os momentos felizes serão tantos e tão intensos, que melhor saberemos resolver as dificuldades do caminho.
Viver para os outros é a chave da felicidade. Quem vive muito para si mesmo está no campo do egoísmo, cultivando momentos infelizes que, mais cedo ou mais tarde, eclodirão em sua vida. Viva para os outros. Eles também são filhos de Deus! Quem espalha auxílio recebe o auxílio divino. Quem fica feliz com a felicidade do outro está encontrando em si mesmo o estado de felicidade que as grandes almas vivenciam plenamente. Uma vida só é feliz se faz os outros felizes.
Para quem em nada acredita depois da morte, vivendo sem vislumbrar um futuro, pois a morte seria o aniquilamento total da vida humana, a felicidade concentra-se nos gozos terrenos, nas aquisições que o dinheiro e a posição social podem trazer, na satisfação de vícios e paixões, em síntese, em tudo o que pode estabelecer uma existência cujo objetivo é prover as próprias necessidades e deixar algum legado para os descendentes, isso quando há alguma preocupação com os mesmos. Prevalecem, desse ponto de vista, o egoísmo e o orgulho, o imediatismo e a vaidade e, se a pessoa souber que terá pela frente um prazo de vida determinado não muito grande, tenderá a procurar a felicidade em tudo que lhe possa satisfazer os sentidos, pois como irá mesmo morrer em breve tempo, melhor “ser feliz” aqui e agora.
Para a pessoa espiritualista, mesmo não tendo ideia completa da sobrevivência da alma após a morte do corpo, a procura da felicidade não se restringe ao período existencial aqui na Terra, pois sabe que a vida continua e há todo um futuro lhe aguardando, e que a felicidade não está na posse dos bens materiais nem no gozo das paixões, e sim na conquista de si mesmo, no desenvolvimento de seu potencial intelectual e emocional. Caso não tenha mais tempo de realizá-las, não se quedará ao desânimo nem se lamentará, pois sabe que poderá dar continuidade aos seus esforços, colhendo os frutos disso, no além túmulo, como alma imortal. Se acreditar na reencarnação, como ensina o Espiritismo, saberá que as existências materiais são solidárias entre si e servem para seu progresso diante das provas que vence e das missões que bem executa, sendo feliz por estar cada vez em maior progresso e cooperando com a obra da criação divina.
Entendamos que o fato da pessoa ser espiritualista e compreender que a felicidade está além das questões e coisas materiais, não significa que ela deva viver fora da realidade terrena, em estado místico de contemplação e oração. Estamos no mundo e no mundo devemos viver, trabalhando, construindo relações e possuindo o necessário para bem viver, mas sem apego e sem exageros, pois muitas necessidades na verdade são superficialidades que tomamos como vitais para o nosso viver, quando na verdade podemos viver muito bem sem elas. A sociedade cria necessidades artificiais e temos que nos precaver quanto a isso, pois ninguém irá morrer ou deixará de ter uma boa vida se, por exemplo, não puder desfrutar por algum motivo do seu vinho predileto.
Não fique procurando a felicidade onde ela não está, ou seja, não gaste recursos e esforços procurando-a fora de você. A felicidade está em você mesmo!
Seja feliz aceitando Deus em sua vida. Seja feliz sentindo o outro como seu irmão. Seja feliz estudando para melhor compreender a vida. Seja feliz observando e cuidando da natureza. Seja feliz com quem você vive. Seja feliz nas tarefas que você executa no dia a dia. Seja feliz consigo mesmo aceitando-se como você é e fazendo todos os esforços para ter um ideal superior de vida.
Não procure a felicidade onde ela não está. Não acredite quando alguém diz: ela está ali ou está naquilo. Não é verdade. A felicidade está em você mesmo. Sinta-a dentro de você, como potencialidade sublime que Deus depositou no seu íntimo e que somente você pode desenvolver.
Faça a felicidade brotar do seu interior, deixe-a crescer e transbordar em momentos de alegria. Não sufoque a felicidade com vaidades, pensamentos mesquinhos e atitudes negativas. Para ser feliz, faça os outros felizes.
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