Viver sempre

O suicídio ou autoextermínio é considerado um flagelo mundial, e aí estão as estatísticas como prova, conforme publicações especializadas e reportagens nas mídias de comunicação, e o Espiritismo não poderia deixar de focar essa questão, pelo fato de ser uma doutrina filosófica espiritualista de largo e profundo alcance. Na atualidade o suicídio está presente da criança ao adulto, com várias causas sendo detectadas pelas pesquisas, mas a causa maior, preponderante, continua a ser o pensamento materialista sobre a vida, ou seja, que a morte representa o fim de tudo, portanto, dos problemas e dos sofrimentos, sendo, desse ponto de vista, a melhor solução. Como o pensamento espírita tem por base a imortalidade e a continuidade da vida após a morte, temos outra perspectiva sobre a vida, e que nos dá razões para descartar totalmente o suicídio como solução.

O Espiritismo ensina que todos os seres humanos somos almas imortais, ou seja, a morte como fim de tudo não existe. Que fomos criados por Deus, que é a perfeição absoluta, com todo o potencial intelectual e moral para desenvolver, o que fazemos através das reencarnações, levando-nos paulatinamente e progressivamente à perfeição, que é o nosso destino. O Espiritismo explica quem somos, de onde viemos, o que estamos fazendo aqui na Terra e para onde vamos. Mostra que as dificuldades existenciais possuem basicamente duas causas: consequência do que fizemos em encarnações passadas, e imprevidência atual por causa do egoísmo e do orgulho, pois somos dotados de livre arbítrio, da liberdade de fazer escolhas e implementar ações, sendo responsáveis pelas consequências.

Os problemas, as dificuldades, as dores, os sofrimentos, não são castigo de Deus, ou, pelo contrário sua ausência em nos auxiliar, pois Deus é perfeito e, portanto, soberanamente justo e bom. Também não são fruto do acaso, de acontecimentos aleatórios, fortuitos, ou do jogo entre a sorte e o azar, explicações materialistas que não convencem a fé raciocinada que precisamos ter, e que o Espiritismo sanciona, pois devemos sempre pensar, indagar e não aceitar qualquer resposta, muito menos uma resposta mística, envolta em mistérios insondáveis.

Se já existíamos antes de nascer e continuaremos a existir depois de morrer, tudo muda de perspectiva, pois temos uma forte razão para viver, sejam quais forem as circunstâncias da nossa vida, entendendo que a solução para as dificuldades e problemas está na resignação e também na perseverança, pois o suicídio nada resolverá, apenas transferindo, com agravo, para o mundo espiritual as dificuldades e problemas que estávamos enfrentando.

Ainda outra ferramenta poderosa nos dá o Espiritismo para continuarmos sempre a viver. É a comunicação das almas que partiram deste mundo através do suicídio, e que através dos médiuns nos dão depoimentos da sua realidade após a morte trágica, concitando-nos a não escolher essa via, pois ela é um atentado contra a lei divina, acarretando muitas dores e sofrimentos, nada resolvendo. Chamamos a atenção para os depoimentos publicados por Allan Kardec na segunda parte do livro O Céu e o Inferno, que nos dão farto material para pensar, refletir.

Viver sempre, não importa o que esteja acontecendo, eis o que nos solicita o Espiritismo, fazendo com que compreendamos que não estamos aqui por acaso, e que devemos fazer todos os esforços para nos melhorar moralmente, assim melhorando moralmente a humanidade. A vida pertence a Deus e somente ele pode determinar quando devemos retornar ao mundo espiritual, pois somente ele sabe de cada um de nós e do que é mais necessário para realizarmos os aprendizados que precisamos para progredirmos.

Para combater o materialismo, o egoísmo e o orgulho, o Espiritismo informa que somente a aplicação da educação moral numa visão espiritualista é solução, dando uma nova razão de viver para o ser humano, que então não mais cederá ao desânimo, ao pessimismo, à desesperança e à depressão e, por outro lado, também não viverá mais nos excessos de toda ordem, outra causa do suicídio.

Viver sempre será a melhor solução. O suicídio possui consequências amargas, pois a vida continua depois da morte. Tenhamos coragem moral no enfrentamento de nós mesmos e da existência terrena, trabalhando para tudo melhorar, pois o dia de amanhã pertence a Deus, que nos dará sempre de acordo com a semeadura que estamos fazendo, ou seja, a cada um será dado segundo suas obras, e que nossas obras sejam de bondade e de amor, para que possamos receber a paz e a felicidade, seja aqui, seja depois da morte.


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