Evangelização espírita
Evangelizar é ligar a pessoa ao Evangelho, é conscientizá-la da importância e vivência dos ensinos morais de Jesus, nada tendo a ver com catequização, que não faz parte da proposta do Espiritismo, que a ninguém impõe seus princípios, nem quer transformar toda pessoa em espírita. Quem assim pensa e age está equivocado. Evangelização espírita significa trabalhar o entendimento do Evangelho através dos princípios que constituem a doutrina espírita, na sua visão da alma imortal, da reencarnação, da comunicabilidade entre encarnados e desencarnados e da lei de evolução, sempre respeitando o livre arbítrio das pessoas, sem imposição de qualquer espécie.
Desde os primórdios do movimento espírita no Brasil, houve entendimento da necessidade da formação moral das novas gerações, com a implantação das escolas espíritas de evangelização nos centros espíritas, e essas experiências pedagógicas culminaram no lançamento, em 1975, da Campanha Nacional de Evangelização Espírita Infantojuvenil, pela Federação Espírita Brasileira, entregando aos espíritas amplo material pedagógico com apostilas com planos de aula e outros recursos. Material valioso, importante, numa época em que pouco se tinha, catapultando a realização de cursos de capacitação e encontro de evangelizadores, em sua maioria pessoas leigas em termos de educação, e que encontraram nesse material o apoio que faltava.
Com o tempo uma zona de conforto foi sendo criada: bastava multiplicar o material que vinha pronto e aplicá-lo às crianças, sem levar em consideração a realidade histórica-cultural-social das crianças, sem levar em conta os estágios de desenvolvimento psicogenético, sem utilizar a criatividade, e até mesmo colocando em segundo plano a realidade da criança ser um espírito reencarnado. Esse o quadro geral, com suas exceções, nem sempre bem recebidas, pois fugiam da zona de conforto, como o trabalho valoroso do educador espírita Walter Oliveira Alves (1952-2018), da cidade de Araras, estado de São Paulo, que durante muitos anos desenvolveu a proposta pedagógica da Educação do Espírito, na teoria e na prática, tendo publicado vários livros pela Ide Editora. Nessa esteira de lembranças pedagógicas espíritas, devemos também recordar o educador Ney Lobo, com seu imenso trabalho de valorização da escola e da educação espíritas, tendo inovado no Colégio Lins de Vasconcelos, em Curitiba, estado do Paraná, e que nos deixou igualmente farta literatura.
A questão que se nos apresenta no momento é que, passados quase cinquenta anos do lançamento da campanha nacional de evangelização espírita, continuamos a encontrar nos centros espíritas o mesmo trabalho pedagógico formatado que, se foi útil em sua época, hoje não mais atende as necessidades das crianças e dos jovens, e, pedagogicamente falando, está ultrapassado por novas concepções do processo de aprendizagem. Não é mais possível colar, copiar e aplicar, pois esse modelo não atende mais a dinâmica social e reencarnatória, estando em desacordo com a lei divina do progresso. Há que ser um ensino dinâmico, participativo, criativo, em que o evangelizador espírita saia da postura de dar aula, para a postura de orientar e instigar o aprendizado, inclusive utilizando as novas ferramentas tecnológicas, como os casos da internet, celular, redes sociais, games (jogos), levando crianças e jovens a ampla participação no processo, questionando, debatendo, e levando a teoria ao campo vivencial, pois nada melhor do que unir a teoria com a prática.
Acima de tudo, não se pode perder a finalidade maior da evangelização espírita, que é conscientizar o educando do seu potencial divino, espiritual, e que estamos aqui na Terra para aprendermos a nos amar, pois o amor é a base da vida e é a energia que vibra em todo o universo. Precisamos de sentimento, de correção de maus hábitos e tendências, e somente uma educação tendo por base o Evangelho, pode, de fato, realizar uma humanidade melhor, justa e em paz.
Boas propostas pedagógicas espíritas não faltam. Hoje a literatura espírita na área educacional é farta, com obras de diversos educadores, encarnados e desencarnados, à disposição, e para facilitar ainda mais o trabalho dos evangelizadores, aí está a Revista Educação Espírita, publicação digital bimestral, que é distribuída gratuitamente aos interessados, mediante cadastro. Para receber seu exemplar, basta preencher o formulário em https://bit.ly/revista-educacao-espirita, escolhendo se que receber através de e-mail ou whatsapp (em formato PDF).
Já nos dizem os espíritos que evangelizar é um ato de amor, e não temos dúvida quanto a isso, e é justamente em nome do amor que entendemos da necessidade de uma nova dinâmica, de uma nova proposta pedagógica para alavancar a evangelização espírita da criança, do jovem e da família, rumo à implantação de uma humanidade renovada, onde o bem superará o mal. Trabalhemos, com Jesus, para concretizar essa realidade!
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