quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Carta pela paz no mundo

CARTA PELA PAZ NO MUNDO



Marcus De Mario

Esta carta é ao mesmo tempo um apelo à razão e à emoção, procurando falar às mentes e aos corações de todos os homens e mulheres da humanidade, da criança ao idoso, no sentido de sensibilizar para a paz, para as atitudes de não violência, para o respeito aos direitos do outro, e para uma educação que valorize o ser humano e lhe dê um ideal superior de vida, levando-o a sentir sua espiritualidade, único antídoto contra o egoísmo, o orgulho, a hipocrisia, a vaidade, a indiferença e a violência que ainda predominam no mundo.
A solidadriedade, a cooperação, a fraternidade e a liberdade devem caracterizar a sociedade humana do terceiro milênio, sob pena de continuarmos a assistir, durante muito tempo, a injustiça social, a miséria, a poluição ambiental, a exploração de todos os matizes, os preconceitos de toda ordem, e as guerras que semeiam a desordem e a destruição, fomentando ódios e vinganças. Para que os novos paradigmas substituam as velhas estruturas sociais, para que renovem a humanidade, é preciso que os interesses políticos, sociais e culturais saiam do patamar imediatista, onde o interesse individual ou de grupo prevalece, para abranger a visão do todo, onde o bem deve prevalecer, sem que ninguém seja prejudicado.
É preciso um esforço sincero de cada um em combater em si mesmo a corrupção de ordem moral, a começar por sair da zona de conforto do individualismo egoísta, para que possamos perceber e sentir aqueles que estão conosco formando a sociedade, gerando então o bem estar comum, não egoístico, transformando assim o quadro materialista do viver, quando tudo fazemos pensando apenas em nós e naqueles que nos são caros ao coração, para, pelo contrário, pensarmos em todos os seres humanos, em todas as sociedades, em todas as nações, em toda a humanidade.
Irmãos em humanidade!
Sim, chamo a todos de irmãos, pois todos somos seres humanos, todos temos inteligência, todos temos sentimento, e isso independe da cor de nossa pele, do grau de instrução que tenhamos, da religião que professamos, da nação a qual pertencemos. Somos todos seres humanos, somos pessoas, e é isso o que deve nos levar à união. Sem essa visão que transcende a individualidade e o grupo de interesses comuns, continuaremos a criar barreiras para a solidariedade, a cooperação e a paz.
De quantas tragédias ainda necessitamos para aprender a superar as diferenças? Não bastaram as duas guerras mundiais de triste memória? E o que dizer sobre as lutras fratricidas por questões de raça e de religião? Quanto mais de sofrimento precisamos ter para que os chefes das nações, para que os governos se sensibilizem para a urgência da não violência e da cooperação, superando as barreiras ideológicas e econômicas?
Os vícios de toda ordem com seu cortejo de violências contra o ser humano, não serão controlados e superados apenas com o uso da segurança pública e do militarismo, que acabam gerando revolta, ódio, amargura, desejo de vingança e mais diferenças e sofrimentos. Está na hora da opção pela paz, pelo entendimento, pelo diálogo honesto, sem máscaras, sem hipocrisia, mas com boa vontade, procurando o bem coletivo, pois o verdadeiro bem é aquele que a ninguém prejudica.
Irmãos em humanidade!
Elevemos nosso pensamento a Deus, independente de crença e de filosofia, permitindo que um sentimento maior preencha o vazio de nossas almas, reconhecendo no outro nosso irmão, um ser em desenvolvimento tanto quanto nós, e que aqui se encontra não por acaso, mas sim para cumprir um destino que é alcançar a felicidade, o que não pode conseguir sozinho, mas na interação com os outros, pois somos interdependentes. Mantemos nossas individualidades, somos diferentes no progresso realizado, mas isso não significa que tenhamos de ser inimigos.
A luta pelo poder político, pela hegemonia econômica, pela predominância racial, pela superioridade religiosa, pelo status social, têm marcado os homens e mulheres como verdadeiras feras famintas num circo, irracionalmente lutando uns contra os outros, marcando a história humana com ferro e fogo, sem que a violência tenha, em todos os tempos, resolvido uma só questão do viver humano. É urgente estabelecermos a mediação de conflitos com inteligência e sentimento, dos pequenos aos grandes conflitos, fazendo prevaler no relacionamento interpessoal a inteligência emocional, que nos leva a saber colocarmo-nos no lugar do outro.
O caminho para a paz no mundo é o da educação moral, essa educação que promove a ética nas relações, a honestidade nas ações, a paz nas vivências, a solidariedade em todas as circunstâncias, o respeito às diferenças e aos direitos, a espiritualidade de cada um. Essa educação é a de que necessitamos, única que possui como pilares a solidariedade, a fraternidade, a cooperação e a liberdade, equilibrando o desenvolvimento cognitivo com o desenvolvimento afetivo dos homens e mulheres, desde as novas gerações até os adultos.
Irmãos em humanidade!
O combate à miséria, ao preconceito, à injustiça social, ao materialismo e egoísmo do viver somente pode ser eficaz com a aplicação da educação moral, não somente nas escolas, mas igualmente nas famílias, num processo dinâmico que ofereça a todos, sem distinção, as mesmas oportunidades; que ofereça a todos o olhar para o futuro; que ofereça a cada um o desenvolvimento da sensibilidade, do sentir, para que a indiferença e a insensibilidade sejam páginas viradas de nossa história. A prioridade dos governos deve ser a educação moral, disso não temos dúvida, e quando isso acontecer, finalmente a humanidade terá feito a opção pela paz, pelo amor que deve nos unir mundialmente.
Desejar a paz é uma condição humana natural, mas os caminhos procurados pelo homem para realizar a paz nem sempre são os melhores, pois muitas vezes defendem posições particulares ou de grupo que desrespeitam e violentam a paz dos outros. Não basta desejar a paz se não temos a verdadeira paz, que é a paz do conhecimento de nós mesmos. Conhecer-se é a grande chave para abrir a construção da paz no mundo.
Quem se conhece, nos seus limites e potencialidades, sabe que a sua paz faz limite com a paz dos outros, e que para evitar atritos deve saber conviver respeitando liberdades e direitos ao mesmo tempo em que pratica responsabilidades e deveres.
Falamos muito sobre a paz, mas estamos vivendo a paz, nos atos e pensamentos? Será que viver em paz é ter uma boa situação financeira, um bom status social, um bom poder sobre as pessoas, mesmo que isso não seja bom para a maioria? Se assim pensamos, estamos invertendo valores e colocando em risco a sociedade.
Lembremos que quando nos transformamos em autoridade pública, somos representantes do povo, de um desejo coletivo, e não simplesmente representantes de nós mesmos ou de algum grupo com interesses particulares. O egoísmo tem produzido a corrupção, a injustiça social, a miséria, a guerra e tantos outros flagelos que vitimam vidas humanas.
E para aqueles que acreditam estar acima de todas essas coisas, nosso olhar de compaixão, pois a dor moral e a doença física não tem hora marcada, nem aviso prévio. Enquanto estivermos vestindo a capa do egoísmo e do orgulho, quantas pessoas não estarão sofrendo por nossa culpa?
Reflitamos sobre tudo isso, olhemos para o lado e enxerguemos os outros como realmente eles são: seres humanos, pessoas dotadas de sentimento, todos querendo viver em paz, tanto quanto nós.
Pensemos nos outros, e façamos pelos outros o que eles esperam de nós: a construção da paz através de leis justas e respeito aos códigos de direitos humanos.
Paz! Ela depende de cada um, onde estivermos, com quem estivermos.
Que o ódio seja suplantado pelo amor.
Que a indiferença seja substituída pela solidariedade.
Que o preconceito seja trocado pela bondade.
Que as armas sejam substituídas pela cooperação.
Que o egoísmo seja substituído pela humildade.
Que a segurança pública ceda espaço para a educação moral.
Que o sonho de um mundo melhor seja realidade através da não violência, da solidariedade, da fraternidade e da liberdade.
Que o sonho de um mundo melhor seja realidade através da opção pela paz.
Assim, propomos 10 (dez) passos para a construção da paz no mundo, convidando-o a colocá-las em prática:
1 – Procure amar os outros, como eles são, respeitando seus direitos, sem fazer exigências.
2 – Respeite o ponto de vista dos outros, pois cada um tem seu entendimento, sua visão das coisas e suas perspectivas da vida.
3 – Seja compreensivo e tolerante para com os outros, do mesmo modo que deseja que os outros o sejam consigo.
4 – Busque sempre o perdão em todas as circunstâncias.
5 – Seja a mudança que você deseja ver no mundo.
6 – Na administração pública pense sempre no bem estar coletivo.
7 – Substitua a agressividade pelo amor.
8 – Faça aos outros somente o que gostaria que os outros lhe fizessem.
9 – Combata os vícios morais, desenvolvendo as virtudes, aplicando a si mesmo a educação moral.
10 – Eleja a não violência e a paz como roteiros existenciais.
Irmãos em Humanidade!
De todos os cantos planetários as pessoas clamam por paz, bondade, honestidade, justiça, solidariedade. Criemos uma grande corrente pela não violência, agindo a benefício de um mundo melhor, mostrando aos governos das nações e às organizações internacionais que não queremos mais as guerras, não queremos mais os jogos de interesses, não queremos mais a miséria.
Se cada um fizer a sua parte pela paz no mundo, com certeza a Humanidade entrará numa nova era, de entendimento e de ética, quando finalmente conheceremos em plenitude as consequências positivas da mensagem que ecoa desde tempos longínquos: amemo-nos como irmãos!


*Marcus De Mario é escritor e educador, atuando como diretor do Instituto Brasileiro de Educação Moral – IBEM, organização educacional sem fins lucrativos.

Conheça o Programa Vivendo Sempre em Paz ofertado pelo IBEM para as escolas e organizações sociais.



Se você concorda com esta Carta pela Paz no Mundo, publicada por seus autor em 1º de janeiro de 2016 – Dia Mundial da Paz e Dia da Fraternidade Universal –, faça sua divulgação por todos os meios disponíveis e nas mais diferentes línguas, para que ela fomente, em todos os cantos do mundo, ações pela paz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Novos Rumos para a Educação



Com a presença confirmada do Prof. José Pacheco, da conhecida Escola da Ponte (Porto, Portugal), e que agora realiza imenso trabalho transformador no Projeto Âncora (Cotia/SP), o Instituto Brasileiro de Educação Moral - IBEM, em parceria com a UNISUAM, realizará nos dias 06 e 07 de novembro de 2015, o Fórum de Educação dos Países de Língua Portuguesa - Novos Rumos para a Educação.

Pela primeira vez representantes dos países de língua portuguesa: Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Timor Leste e São Tomé e Príncipe estarão reunidos para conhecer e estudar propostas transformadoras do ensino. E não apenas eles, mas os professores, diretores escolares, coordenadores pedagógicos, estudantes de pedagogia, educadores sociais e todos os interessados que se inscreverem para fazer a participação.

Entre essas propostas os participantes do Fórum terão oportunidade de conhecer o Projeto Âncora (Cotia/SP), a Escola do Sentimento (Rio de Janeiro/RJ) e o Centro Educacional Conhecer (Leopoldina/MG).

Serão dois dias enriquecedores entre palestras, apresentações multimídia, vídeos e um painel final com os educadores José Pacheco, Marcus De Mario, Ronaldo Gomes, Aparecida Nunes e Cláudia Duque.

Veja todas as informações e faça sua inscrição em www.educacaomoral.org.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Escolas diferentes pelo mundo

Na escola sueca Vittra Telefonplan não há classes nem salas de aula. O ambiente de design moderno busca incentivar a criatividade e o desenvolvimento de diferentes habilidades, onde os alunos se organizam em grupos para discutir temas e resolver problemas em conjunto. A escola é formada por espaços de convivência, que reúnem conforto e acesso a ferramentas tecnológicas. Na Suécia, as escolas --incluindo a Vittra-- são gratuitas.


A Green School em Bali, na Indonésia, oferece uma "educação natural, holística e centrada no aluno". Isso significa que as crianças têm disciplinas como inglês, matemática e ciências, mas também artes e meio ambiente no espaço integrado com a natureza. Para a escola, o importante é desenvolver nos alunos hábitos social e ambientalmente responsáveis.


Na Dinamarca, a Ørestad Gymnasium diz que oferece aulas com ferramentas 100% digitais. Os alunos levam os seus notebooks e recebem materiais eletrônicos para acompanhar os conteúdos. Além disso, parte das aulas é realizada em salas "sem paredes", ou seja, os alunos devem realizam tarefas em grupos nos confortáveis espaços da escola. Que tal?


Na escola alemã de educação básica Erika Mann, as crianças podem escolher entre aulas de ioga, piano, natação, xadrez, hip-hop e oficinas de joias, entre outras. Trata-se de atividades complementares ao currículo obrigatório. Nas aulas "normais", os alunos de diferentes idades são reunidos em pequenos grupos, com o objetivo de desenvolver a integração entre estudantes com ou sem deficiência e nascidos ou não na Alemanha.

 

sábado, 23 de maio de 2015

20% dos alunos já praticaram bullying contra colegas

A presença de casos de bullying em escolas brasileiras aumentou de 5% para 7%, segundo pesquisa do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada com contribuição da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da Universidade de São Paulo (USP). O levantamento apontou ainda que 20,8% dos estudantes já praticaram algum tipo de bullying contra os colegas e que a prática é proporcionalmente maior entre os meninos do que entre as meninas.

Hoje universitária, uma estudante de Ribeirão Preto (SP) que prefere não ser identificada afirma que sofreu bullying no colégio. “Me chamavam de gordinha, pegaram em um ponto que me incomoda muito”, relembra. Atualmente, ela recebe acompanhamento psicológico e afirma que apoio escola e dois pais foi fundamental. “Busquei aconselhamento com a coordenação e com os meus pais, mas é uma marca que fica”, comenta.

O relato da estudante é um dos 109.104 colhidos em todos os estados brasileiros em 2009 e 2012 e que serviram de base para a pesquisa. Na comparação entre os dois períodos foi possível observar que os casos de humilhação, agressão ou preconceito estão em evidência no ambiente escolar. 

Motivos
A pesquisa foi feita em escolas públicas e particulares e aponta que 51% dos estudantes disseram ainda que não sabem os motivos que fizeram com que eles praticassem o bullying apenas uma pequena parte conseguiu explicar as causas do preconceito.

Para 18,6% dos pesquisados, o bullying ocorreu devido a aparência do corpo, seguido da aparência do rosto (16,2%). Casos envolvendo raça ou cor representam 6,8% dos relatos, orientação sexual 2,9%, religião 2,5% e região de origem 1,7%.


O bullying também é proporcionalmente maior entre estudantes do sexo masculino (26,1%) do que o feminino (16%). 

Brasil deve aprender a valorizar o professor

O G1 publicou:

Após uma semana na Coreia do Sul participando do Fórum Mundial de Educação, o ministro da Educação Renato Janine Ribeiro considera que a principal lição que o Brasil deve tirar da experiência coreana é a valorização do professor. O Fórum, realizado pela Unesco em Incheon, reuniu representantes de mais de cem países para discutir os próximos passos a serem seguidos pelos países para melhorar a educação mundial.

"O grande ponto que nós temos que tirar da lição coreana é a valorização do professor. Esse é um grande ponto que a Unesco recomenda, que o Brasil quer pelo seu Plano Nacional de Educação e que a Coreia [do Sul] pratica", disse o ministro em entrevista ao G1.

"A valorização do professor e do diretor são outros pontos importantes do que o Fórum recomenda. Também estamos neste caminho e não é um caminho fácil, porque a carreira docente foi muito desprestigiada nas últimas décadas", comentou.

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Essa fala do ministro da Educação é importante, pois ele não está preocupado em importar algum modelo educacional aplicado em outro país, ele traz como lição, e dever de casa, a grave questão da valorização do professor, que precisa receber bom salário, ter plano de carreira no magistério e uma escola digna para trabalhar.

Apesar de já existir o Piso Nacional dos Professores, é fato que muitos estados e municípios não cumprem o estabelecido em lei, portanto, temos muito o que avançar.

Que a fala do atual ministro da Educação seja acompanhada de atos concretos para valorização do magistério.

sexta-feira, 20 de março de 2015

A política governamental e a o salvamento da educação

Até quando assistiremos a educação ser vista pelo governo como uma moeda de troca para favores aos partidos políticos e grupos de interesse financeiro? Até quando o ministro da educação - e também secretários de educação -, será escolhido entre políticos de carreira? Até quando as vozes de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Anália Franco, Cristóvam Buarque, Lauro de Oliveira Lima e outros, serão esquecidas ou relegadas a teses acadêmicas? Até quando práticas renovadoras como, por exemplo, do projeto Âncora (Cotia/SP). serão vistas como "experimentais"? Até quando?

Estamos na estrada da educação há quinze anos, ofertando aos interessados a pedagogia da sensibilidade e a Escola do Sentimento, através do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM), e os frutos colhidos até agora são bem poucos, pois não há interesse em transformação ou mudança, não há esforço em humanizar a prática pedagógica e a escola, não há um querer fazer o que deve ser feito para sairmos da mesmice e da falência do nosso sistema educativo.

Abertamente, através dos canais televisivos, o governo federal faz publicidade do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como porta de entrada para a universidade, ou seja, reconhecendo que ele é mesmo, de fato, um vestibular disfarçado, e que seu objetivo não é avaliar a quantas anda o ensino médio. E ainda criou vários programas de financiamento das faculdades e centros universitários privados, movimentando verbas milionárias a benefício de grupos corporativos particulares. E o slogan é de "pátria educativa", uma grande contradição, já que  o ensino básico não é prioridade.

E poderíamos enumerar muito mais contradições, mas não temos apenas palavras críticas, pois nossa intenção é de um alerta: se não priorizarmos a educação, se não a humanizarmos, se não a entendermos como formadora do ser humano em desenvolvimento, necessitada de trabalhar valores éticos, nosso futuro será incerto. Precisamos enxergar que a solução para a corrupção não está nas investigações públicas ou num novo código penal, está inteira na educação que forma o caráter, que trabalha as virtudes, que respeita professores e alunos enquanto seres humanos.

Isso me faz recordar cena com estudantes do último ano do ensino médio, quando professor entrou em sala de aula e percebeu seus alunos muito agitados e preocupados. Indagando sobre o que estava acontecendo, foi informado que estavam todos muito preocupados com a escolha do curso universitário e as provas do vestibular. Olhando para aqueles rostos mal saídos da adolescência, calmamente ele esclareceu que essa não deveria ser a preocupação deles no momento, embora isso contrariasse o sistema e o pensar dos pais. É que eram jovens na faixa etária dos 16/17 anos, e tinham muita vida pela frente para fazer escolhas mais acertadas e não terem, depois, do que se arrepender. Isso levou a gostoso e produtivo bate papo, acalmando aqueles jovens massacrados por um sistema injusto.

E a aula, como ficou? Foi dada, ou não foi?

Pensemos em tudo isso para salvar nossa educação.

terça-feira, 10 de março de 2015

Será que existem filhos difíceis?

Muitos pais, perturbados pela conduta de seus filhos, nem sempre obedientes, estão internando suas crianças e adolescentes em escolas especiais, militarizadas, onde tudo imita um quartel com sargentos ferozes impondo rígida disciplina e castigos exemplares como exercícios fatigantes, limpeza de banheiros e assim por diante. É uma escola, isso mesmo, não é um quartel. E dá-lhe choradeira por parte dos mais novos, pobres coitados abandonados por seus pais e na mão de executores rígidos de normas absurdas.

A novidade vem dos Estados Unidos. Pais aborrecidos com seus filhos, que não sabem mais o que fazer com eles, é só matriculá-los nessa casa dos horrores, onde um discurso pseudo pedagógico é feito, prometendo que seus rebentos dali sairão "pianinho", sabendo obedecer e se comportar. E o que é obediência? O que será saber se comportar direitinho?

Ficamos aqui pensando: será que não são os pais os necessitados dessa "escola"? Muitos declaram causas tão sem importância para matricularem os filhos nesse sanatório - é o que mais parece -, demonstrando, na verdade, que em casa não tem paciência, tolerância e muito menos autoridade moral com os filhos. Mas é claro que não desejamos a ninguém adentre a essa instituição que invalida todos os avanços educacionais já feitos.

Precisamos aprender a educar para a autonomia, para a solidariedade, para a bondade, mas para isso temos primeiro que nos educar, ou seja, temos que combater em nós a indolência, o comodismo, a hipocrisia, o individualismo, coisas de que nossa sociedade está farta, acarretando consequências ruins, como temos assistido todos os dias.

Como exigir obediência e bom comportamento de nossos filhos, se confundimos isso com respeito total, exagerado a nós, e cerceando a liberdade deles? E pior, dando maus exemplos, pois de nossa parte não somos obedientes e nem sempre mantemos bom comportamento? É como aquela mãe viciada em doces e chocolates, um tanto quanto obesa, colesterol alto, sedentária, e que exige que sua filha, na escola, só coma coisas saudáveis e participe de atividades que tenham exercícios físicos. Sem dar o próprio exemplo, essa é uma educação sem efeito, e se a filha começar por sua vez a comer doces e chocolates, por certo será castigada e, por não ser obediente, acabará matriculada nesse manicômio pseudo-educacional.

Será mesmo que existem filhos difíceis, filhos problemáticos? Temos que existam filhos desafio, e que somente uma boa educação, perseverante, pode dar-lhes autocontrole, sem amarras, sem exageros, mas com muito diálogo, bons exemplos e autoridade moral, o que deve começar mesmo antes do berço, pois na barriga da mãe ele já ouve e sente tudo que lhe transmitimos.

Devemos fazer esforços no sentido de unir a família com a escola e vice-versa, para não acontecer esse verdadeiro absurdo de uma escola-quartel-casa de horrores. Que temos de ter uma nova escola, novas metodologias, não coloco em dúvida, mas daí a correr para "novidades" sem fundamento pedagógico, vai uma grande distância.

Que os pais sejam mais fáceis, para que os filhos sejam menos difíceis.

terça-feira, 3 de março de 2015

Qualidade em sala de aula

O professor brasileiro, conforme constatação de pesquisa realizada, gasta, em média, 20% do tempo de aula somente para acabar com a bagunça e chamar a atenção dos alunos. Isso significa que de 50 minutos de aula, na verdade temos apenas 40, ou seja, 10 minutos são literalmente perdidos, levando-se em consideração que esse tempo é gasto em advertências, admoestações, um verdadeiro confronto entre professor/a e alunos/as, o que não é pedagógico e nada tem a ver com a formação das crianças e jovens.
 
Já é questionável o fato da aula ter esse tempo estipulado de 50 minutos, consagrado historicamente e mundialmente, mas que ninguém consegue explicar por que não pode ser 60 minutos ou mesmo uma hora e meia, ou, vamos mais longe, por que tem que ter um tempo previamente estipulado, um tempo padrão para todas as aulas e para todos os professores/as e alunos/as? Talvez seja esse um dos fatores de aborrecimento dos estudantes.
 
Seja como for, ficar dez intermináveis minutos discutindo com os alunos na tentativa de impor disciplina, ordem e silêncio parece-nos improdutivo, contraproducente. Não existirá alternativa? Na verdade existe, sim, mas exige do/a professor/a uma visão diferente do processo educacional e uma postura diferenciada na escola e na sala de aula, onde deverá ser o compartilhador de aprendizagens, e não o mestre que ensina; onde deverá ser o/a amigo/a que caminha junto, e não o que ensina e pronto.
 
A sala de aula deve ser local prazeroso, onde os alunos vão encontrar o que procuram, onde terão participação e, à disposição, farto material pedagógico e dinâmicas educacionais. E mais do que tudo isso: onde encontrarão um/a professor/a interessado neles, amigo/a, companheiro/a, exercendo o tempo todo o diálogo, sabendo ouvir e falar, respeitando um por um e promovendo o trabalho em equipe.
 
Lembro do André, garoto inteligente mas muito reservado, de poucas falas, que, entretanto, gostava muito de gibis e games (jogos), e ficava muito aborrecido com os/as professores/as, pois todos lhe tolhiam o que mais lhe dava prazer. E me perguntava: "Por que gibis e jogos não podem ser utilizados na escola?". Bem, eu tinha vontade de responder que, na verdade, podiam sim, era apenas uma questão de inseri-los pedagogicamente no processo ensino-aprendizagem, mas não podia atropelar a "autoridade" dos/as professores/as.
 
Coloco autoridade entre aspas, pois considero que professor/a que grita, que entra em combate com seus alunos a cada nova aula, que gasta dez minutos para conseguir ser respeitado, não tem verdadeira autoridade, na verdade não entendeu seu papel educador.
 
Se queremos melhor qualidade em sala de aula, iniciemos entendendo melhor a educação, e tratemos de nos educar, o que fatalmente nos levará a respeitar os que estão conosco, não importa a idade, então caminhando com eles, o que certamente trará paz às nossas salas de aula, e um rendimento escolar muito acima do que temos visto.
 
Isso dá trabalho, é verdade, mas as consequências, os resultados são tão positivos que nunca mais esse/a professor/a vai querer saber de silêncios, gritos e advertências. O estresse vai ficar bem longe da sala de aula.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...