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Mostrando postagens de 2019

Reforço escolar e outras coisas: aberrações pedagógicas na escola

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Imagine a cena: professora conversando com a mãe de um aluno, recomendando que a mesma encaminhe o filho para o reforço/apoio escolar oferecido pela escola no contra turno. Escola com serviço de reforço escolar? Não é um contrassenso? Na verdade é atestado de falência do nosso sistema de ensino. Segundo pesquisa do Ibope Inteligência/Ação Educativa, 29% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Desse total 8% são analfabetos absolutos, ou seja, não conseguem ler palavras e frases. No total são 38 milhões de brasileiros entre analfabetos funcionais e analfabetos absolutos. Segundo a pesquisa, entre aqueles que terminaram o ensino médio, 13% são analfabetos funcionais, são jovens que não sabem ler e interpretar textos e que não conseguem dominar as operações matemáticas básicas, mas que ficaram pelo menos 12 anos na escola, considerando-se os 9 anos do ensino fundamental mais os três anos do ensino médio. E a escola fez o quê? Precisamos urgentemente realizar um pro

O amanhã depende do hoje

Relata-me uma professora de escola pública a seguinte cena: a mãe de um aluno que estava com baixa avaliação adentrou à escola e, ao avistar a professora, foi logo agredindo, com tapas e palavrões, pois, segundo ela, o filho não ia bem nos estudos por culpa da professora. Minha colega teve que ser medicada, ficou psicologicamente abalada e entrou de licença, não conseguindo mais adentrar à escola, carregando um trauma de difícil solução. Você que me lê pode dizer: mas isso é caso de polícia, essa mãe tem que ser presa, tem que responder um processo na justiça, pois não se pode agredir uma professora, e ainda mais no ambiente escolar. Na verdade não se deve bater numa professora, ou num professor, em nenhum lugar, como não se deve agredir ninguém, por nenhum motivo. A questão é mais profunda: normalmente conselhos tutelares e secretarias de educação não dão respaldo ao professor, que fica à mercê das considerações públicas nem sempre justas. Mesmo colegas professores, coordenação pedag

Militarização das escolas não é a melhor opção

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Nada tenho contra a carreira militar, nem contra os militares, mas pensando pedagogicamente, o modelo do colégio militar não é o que sonhamos para as escolas brasileiras. Não queremos uma escola parecida com um quartel, e consideramos que disciplina, respeito, responsailidade e outros valores tão necessários para a boa formação cidadã, podem e devem ser desenvolvidos numa escola amplamente democrática, participativa, criativa e envolvente tanto pelos aprendizados que proporciona, quanto pela ação e interação com a comunidade. O que temos assistido atualmente é uma escola desligada da realidade da vida, esmagada por uma burocracia alienante, formatada num modelo histórico ultrapassado e engessado, que nos remete ao século 19, enfrentando, por essas causas, enormes e sérios desafios, para os quais os professores não estão preparados, pois em seus cursos de formação não foram qualificados, ou capacitados, para serem criativos, inovadores e saberem trabalhar com as realidades e os des

Você somente pode dar aquilo que você é

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Durante muito tempo acreditamos que na educação escolar somente poderíamos dar aos nossos alunos o que temos, ou seja, o conhecimento. Essa ideia ficou tão arraigada em nosso entendimento que quase não sofreu contestação e, aos poucos, a educação passou a ser confundida com o ensino, tanto que as escolas brasileiras passaram a ser oficialmente denominadas de unidades de ensino, e não de centros educacionais, e os professores passaram a ser instrutores, na ilusão de que estão na escola para ofertar ou para dar do seu conhecimento, do seu domínio intelectual para os alunos. Digo ilusão, pois se trata de um equívoco. Qualquer indivíduo, seja criança, jovem ou adulto, pode adquirir conhecimento por esforço próprio através dos livros, dos vídeos, da internet, da interação com outras pessoas, das experiências vivenciais. E quem foi que disse, e provou, que o ato de educar é a mesma coisa que o ato de ensinar? E quem disse, e igualmente provou, que é possível ensinar alguém quando esse

Se não educarmos, como será o futuro?

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Uma professora de educação física do ensino fundamental no ensino público constata: os colegas professores estão pessimistas e os alunos só querem saber de celular, funk e liberdade sem responsabilidade. Não é somente essa professora que constata essa realidade. Temos mais de 2 milhões de professores na educação básica (infantil, fundamental e médio) - dados do Inep/MEC - e esta é uma constatação geral. O ensino fundamental tem 48,6 milhões de alunos - crianças e adolescentes -, e o ensino médio tem 7,9 milhões de alunos (jovens), segundo dados do Censo Escolar 2017. O que será da sociedade brasileira no futuro não muito distante se essas crianças, adolescentes e jovens não forem despertadas, não forem sensibilizadas para a vida, para aprender a amar, a respeitar e a fazer ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse? Há um descaso com a educação das nossas crianças e dos nossos jovens, e a escola pode até ensinar muitas coisas, mas não está desenvolve

Por que os pássaros voam?

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Um menino se aproximou e perguntou: - Por que os pássaros voam? Olhei para o menino, em seguida estendi meu olhar para o céu e, voltando minha atenção para aquela criança com sua curiosidade, indaguei: - E qual é a sua resposta para essa pergunta? Ele esfregou os olhinhos miúdos, pensou um pouco, e respondeu convicto: - Os pássaros voam porque eles não têm medo de cair. Satisfeito consigo, saiu apressado sem me dar tempo a qualquer palavra. Então fiquei ali, pensando e olhando para o céu. Será mesmo que os pássaros voam porque não têm medo de cair, ou será por outro motivo? E por que o homem anda? E também posso perguntar: por que os peixes nadam? E poderia fazer mil perguntas aparentemente desconexas, tudo porque preciso descobrir o que leva um pássaro a voar e sempre voar. E o que tudo isso tem a ver com educação? Somos pobres criaturas humanas chumbados ao solo pelas nossas preocupações imediatas, esquecidos que a cabeça está acima do pes

Filhos precisam ter espaço e autonomia

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 Para nossa reflexão trago uma narrativa feita por uma nossa amiga, a respeito de sua irmã e seus filhos. Narra nossa amiga que um dos filhos de sua irmã casou e foi morar em bairro mais distante. Seu aniversário se aproximava e a mãe anunciou que faria a comemoração do mesmo, solicitando-lhe a presença, a qual ele negou, alegando que ela sabia que ele não gostava de festas e comemorações e, ademais, estava agora casado, e ele já havia solicitado à esposa que nada fizesse alusivo a essa data, e, se tivesse que haver alguma festa, esta seria em sua nova morada, com ele a convidar familiares e amigos. A mãe se desgostou a ponto de ficar choramingando pelos cantos e deixando entrever que considerava a atitude do filho um gesto de ingratidão. Cremos que os sentimentos da mãe em comemorar o aniversário do filho eram legítimos, entretanto totalmente fora de propósito por dois motivos: primeiro, porque ela sempre soube que ele detestava festas de aniversário e que, por isso, sempre que

O poder emana do povo

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  A Constituição Brasileira declara em seu  primeiro artigo, parágrafo único: " Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente nos termos desta Constituição ". Os representantes eleitos do povo brasileiro são o Presidente da República e seu Vice, que comandam o Poder Executivo, assim como os Deputados Federais e os Senadores que formam o Poder Legislativo. São todos representantes dos brasileiros, escolhidos em eleições livres e democráticas e, portanto, eles têm o dever de administrar e legislar pelo bem da nação e do povo que os elegeu. Entretanto, o que temos assistido ao longo dos tempos é um Poder Legislativo que defende apenas interesses individuais e de grupos, muitas vezes na contramão dos interesses da população brasileira, e um Poder Executivo que mais faz política de alcova, do "toma lá, dá cá", conforme os interesses dos partidos políticos. Essa situação sancionou quase que de forma oficial, a corrupç

A educação não é uma brincadeira

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Lá se vão quatro meses e meio de muitas trapalhadas e um completo desconcerto no Ministério da Educação. Com todo o respeito às pessoas, parece que ninguém entende de educação e muito menos sabe o que faz. Ordens e contraordens, medidas esdrúxulas, perseguições de caráter político, desconstrução de projetos, comunicados que necessitam de correções, falas desencontradas e outras coisas mais têm feito do MEC um picadeiro de circo amador, onde sobram improvisações de mau gosto, e onde o público não consegui rir nem aplaudir, mas apenas chorar e sair decepcionado. Educação não é brincadeira, não é jogo de cartas marcadas, não é aventura político-partidária. Estamos falando do processo de desenvolvimento intelectual e afetivo das novas gerações, estamos falando de pesquisas sérias sobre o crescimento de crianças e jovens, estamos falando do hoje e do futuro do Brasil, estamos falando da desconstrução de um modelo escolar e educacional do século 19 para construção de um modelo do

É preciso desconstruir

Um pilar muito importante da educação é o desconstruir, com aplicação direta junto aos professores e pedagogos. Desconstruir ideias e práticas que engessam o processo educacional, acreditando no novo, no fazer diferente. Muitos profissionais da educação alegam que estão na escola para dar aula, para desenvolver os conteúdos de sua disciplina curricular e, portanto, com esse pensar reducionista, não conseguem perceber que é possível ir além disso, que é possível trabalhar tanto o potencial cognitivo quanto o potencial afetivo do educando, que é possível colocar em ação novas práticas pedagógicas. enfim, que é possível fazer uma nova escola e um novo ensino. Carteiras enfileiradas, conteúdos no quadro, explicações verbais, provas, testes, notas, livro didático sendo acompanhado, apostilas, exercícios e mais exercícios, tudo isso não têm dado os resultados desejados dentro de uma educação de qualidade, tanto que temos no Brasil uma multidão de 30 milhões de analfabetos funcionais, fo

Para onde vai a educação brasileira?

Com três meses de novo governo, cai o Ministro da Educação e temos um novo titular à frente da educação brasileira. Foram três meses de muito tumulto, com declarações estapafúrdias, ameaça de militarização das escolas (um absurdo!) e uma guerra interna irresponsável e que fez nada menos que 15 assessores e secretários serem demitidos ou pedirem demissão de seus cargos. Foi um festival de péssima gestão, polarização de interesses de grupos e falta de planejamento, deixando nossa educação mais à deriva do que já estava. Agora assume um novo gestor que, apesar de ser professor de economia, nunca trabalhou no ramo da educação, tendo carreira toda ela na área de finanças e economia, aliás, nem mesmo formação em educação possui. Então temos que fazer a pergunta: para onde vai a educação brasileira? Sinceramente, tudo parece indicar que vai à mais completa falência, embora minha torcida é para que isso não se efetive, não aconteça. Se o MEC falhar em sua missão, pelo menos a esperança qu

Professor, você é a nossa esperança

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Diante de tantos quadros de violência e descaso público que assolam nossas escolas uma parcela do professorado está estressada, desestimulada e literalmente jogando a toalha, desistindo de maiores esforços no magistério, decidindo por dois caminhos, duas alternativas: retirar-se do magistério ou continuar simplesmente aguardando a aposentadoria. Entendemos o que está acontecendo, mas por outro lado vemos aqueles professores dedicados, criativos e com muito amor à profissão, e convido a você, professor, para olhar para essa terceira alternativa, esse outro caminho: não entregar-se às mazelas do sistema, seja ele público ou particular, trabalhando para fazer a diferença. Não sei se você, professor, já parou para refletir sobre a sua importância para a formação da sociedade em que vivemos, pois você é o desenvolvedor das aptidões, das habilidades, das competências e também do caráter, junto com a família, das crianças e dos jovens, ou seja, das novas gerações, que diariamente s

Quem deve educar: a família ou a escola?

Ouvimos em alto e bom som um apresentador de programa radiofônico afirmar que a família educa enquanto a escola instrui. Será mesmo? Bem, por não ser professor e um estudioso sobre educação, podemos entender que o comunicador em questão possa ter se equivocado, mas e quando um pedagogo faz a mesma afirmação? Indagamos: será que a escola, em seu papel social, nada tem a ver com o ato de educar? será que a educação é exclusividade da família? e quando os pais falham na educação dos filhos? o professor, antes de mais nada, não deve ser um educador? em verdade, para que tenhamos educação integral e profunda das novas gerações, a família e a escola não devem trabalhar unidas? Lembremos que a formação da sociedade é dependente da educação que a mesma promove dos seus indivíduos. Uma sociedade mais justa ou mais injusta não acontece por acaso, e podemos verificar sem grandes esforços que a causa está na boa ou má educação desenvolvida ao longo do tempo. Ora, todos sabemos que educaçã

A escola está divorciada da educação

Os acontecimentos recentes no Brasil, nos Estados Unidos e outros países, de violência exacerbada dentro das escolas, com invasores assassinando alunos e professores e deixando dezenas de feridos, somados aos casos acentuados de bullying entre estudantes, destes com os professores, e também dos professores para com os alunos, nos levam necessariamente a refletir sobre o que está acontecendo e, mais do que isso, detectar as causas e procurar as soluções. Devemos iniciar nossas reflexões a partir do entendimento sobre o que é educação e qual o papel da escola na sociedade humana, pois sem esse entendimento qualquer opinião desprovida de fundamento, de conhecimento sobre o que se opina, perderá sua validade. São várias as definições possíveis sobre educação, mas uma sobressai pela sua importância e profundidade: educação é o processo de desenvolvimento do potencial cognitivo e afetivo do ser humano, respeitando suas fases de desenvolvimento psicogenético, permitindo ao mesmo desenvolv