sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Reforço escolar e outras coisas: aberrações pedagógicas na escola

Imagine a cena: professora conversando com a mãe de um aluno, recomendando que a mesma encaminhe o filho para o reforço/apoio escolar oferecido pela escola no contra turno. Escola com serviço de reforço escolar? Não é um contrassenso? Na verdade é atestado de falência do nosso sistema de ensino. Segundo pesquisa do Ibope Inteligência/Ação Educativa, 29% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Desse total 8% são analfabetos absolutos, ou seja, não conseguem ler palavras e frases. No total são 38 milhões de brasileiros entre analfabetos funcionais e analfabetos absolutos. Segundo a pesquisa, entre aqueles que terminaram o ensino médio, 13% são analfabetos funcionais, são jovens que não sabem ler e interpretar textos e que não conseguem dominar as operações matemáticas básicas, mas que ficaram pelo menos 12 anos na escola, considerando-se os 9 anos do ensino fundamental mais os três anos do ensino médio. E a escola fez o quê?

Precisamos urgentemente realizar um processo de ruptura com o atual sistema de ensino, que prova sua falência com esse índice astronômico de analfabetismo funcional, e com a prática do reforço ou apoio escolar. Precisamos romper com a sala de aula, com as carteiras enfileiradas, com o professor dando aula, com as metodologias burocratizadas e não participativas. O centro do processo educacional, do processo de aprendizagem, precisa ser o aluno, com uma escola feita por pessoas com pessoas, envolvendo a família e a comunidade.

Impressiona como os responsáveis pela educação em nosso país, mesmo diante de fatos, estatísticas e índices muito ruins, continuam a insistir em manter o mesmo modelo, as mesmas práticas, as mesmas metodologias, ano após ano repetindo o fracasso escolar, lançando na sociedade milhares de crianças e jovens despreparados, sem conhecimentos mínimos, sem desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e, ainda mais preocupante, sem trabalhar o desenvolvimento emocional das novas gerações.

A escola atual não valoriza a família, não se aproxima dela e nem permite que os pais e responsáveis interajam com ela. E o mesmo faz com a comunidade em seu entorno. Como isso pode dar certo? Uma escola isolada da realidade social e cultural dos seus alunos, onde os professores trabalham sobrecarregados, e que agora entende que precisa de sistemas de segurança pública para bem funcionar, é o caos total. Assistimos, com espanto, um diretor de escola pública defender que seja aprovada lei estadual determinando que todas as escolas passem a ter detectores de metal e outros meios para salvaguardar a vida de alunos e professores. É uma escola ou uma penitenciária?

Lamentamos profundamente tudo isso, constatando o quanto a escola brasileira, com suas honrosas exceções, está afastada da verdadeira educação. E perguntamos: não está na hora de fazer das exceções - que dão certo - a regra geral?

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

O amanhã depende do hoje

Relata-me uma professora de escola pública a seguinte cena: a mãe de um aluno que estava com baixa avaliação adentrou à escola e, ao avistar a professora, foi logo agredindo, com tapas e palavrões, pois, segundo ela, o filho não ia bem nos estudos por culpa da professora. Minha colega teve que ser medicada, ficou psicologicamente abalada e entrou de licença, não conseguindo mais adentrar à escola, carregando um trauma de difícil solução. Você que me lê pode dizer: mas isso é caso de polícia, essa mãe tem que ser presa, tem que responder um processo na justiça, pois não se pode agredir uma professora, e ainda mais no ambiente escolar. Na verdade não se deve bater numa professora, ou num professor, em nenhum lugar, como não se deve agredir ninguém, por nenhum motivo. A questão é mais profunda: normalmente conselhos tutelares e secretarias de educação não dão respaldo ao professor, que fica à mercê das considerações públicas nem sempre justas. Mesmo colegas professores, coordenação pedagógica e direção escolar nem sempre dão apoio. Diz-se mesmo, nos bastidores, que a professora "mereceu". Como? Desde quando um profissional da educação merece apanhar de uma mãe ou de um pai?

Essa cena, de tão cotidiana nas escolas brasileiras, e não apenas públicas, levou os professores a se desestimularem, a perder o entusiasmo e contar os dias para a aposentadoria. E quando apresentamos uma nova visão sobre a educação, uma proposta pedagógica transformadora, não encontram forças para acreditar que poderá dar certo, até porque é muito difícil, pensam, muito difícil mesmo mudar esse quadro social que deságua na escola com toda força. Assim pensando, deixam de lado novas perspectivas, e os que fazem diferença continuam a ser exceção.

Tudo isso é consequência de uma série de fatores acumulados ao longo do tempo, principalmente o descaso que fizemos com a educação, transformada em ensino de conhecimentos, em instrução de um professor para um aluno. Esse descaso desvalorizou o professor e estagnou a escola que, na contramão do que propõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, se engessou em séries por idade, avaliações por provas, notas quantitativas e aulas burocráticas em que um ensina e os outros tentam aprender. É claro que isso jamais irá justificar qualquer tipo de violência contra o professor e a escola, mas é fato que o projeto pedagógico escolar precisa urgentemente contemplar o que hoje chamamos de comunidade de aprendizagem, ou seja, uma série de ações e visões que integrem a família e a comunidade onde ela está inserida, que façam com que educadores e educandos compartilhem, decidam e façam em conjunto.

Tristemente constato que minhas palavras são pouco ouvidas. Quando as publico em redes sociais, ou faço a divulgação deste blog, pouco sou "curtido", comentado e compartilhado. Também, é mais outro texto sobre educação. E isso é importante diante da política, da economia, das notícias artísticas, das fofocas e polêmicas etc? Para muitas pessoas, e são muitas demais para meu gosto, educação é problema da escola e dos professores, então não é assunto prioritário. O que eu tenho a ver com isso? É assim que muitos reagem. Pobre nação brasileira, cujo povo nada entende de educação e nem quer saber que somente a educação pode resolver os problemas sociais e acabar com a corrupção e com a violência. Não essa educação que hoje acontece na maioria das escolas, com o agravante do desleixo educacional das famílias. Mas, com certeza, com essa educação transformadora, tendo por diretrizes a ética, a solidariedade, o respeito, ou seja, os valores humanos essenciais para uma humanidade cooperativa.

Vamos em frente! Se hoje está difícil, tenho certeza que amanhã, graças aos esforços de tantos que estão trabalhando por uma nova educação e uma nova escola, tudo será bem diferente e muito melhor.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Militarização das escolas não é a melhor opção

Nada tenho contra a carreira militar, nem contra os militares, mas pensando pedagogicamente, o modelo do colégio militar não é o que sonhamos para as escolas brasileiras. Não queremos uma escola parecida com um quartel, e consideramos que disciplina, respeito, responsailidade e outros valores tão necessários para a boa formação cidadã, podem e devem ser desenvolvidos numa escola amplamente democrática, participativa, criativa e envolvente tanto pelos aprendizados que proporciona, quanto pela ação e interação com a comunidade.

O que temos assistido atualmente é uma escola desligada da realidade da vida, esmagada por uma burocracia alienante, formatada num modelo histórico ultrapassado e engessado, que nos remete ao século 19, enfrentando, por essas causas, enormes e sérios desafios, para os quais os professores não estão preparados, pois em seus cursos de formação não foram qualificados, ou capacitados, para serem criativos, inovadores e saberem trabalhar com as realidades e os desafios do século 21, do terceiro milênio.

Precisamos renovar a escola, é verdade, mas antes temos que renovar os institutos superiores de educação e as faculdades de pedagogia. Se continuarmos a ter educadores com antolhos na cabeça, será muito difícil, quase impossível, reformatar a escola. Como solicitar criatividade e inovação a um professor que somente sabe "dar aula"? Um professor que confunde o ensinar com o educar? Um professor que não sabe trabalhar por projetos colocando os alunos em grupos de trabalho e pesquisa?

Não é a militarização da escola que haverá de mudar esse quadro. A escola deve ser democrática, participativa e trabalhar um projeto pedagógico que priorize o equilíbrio entre o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento socioafetivo das crianças e jovens, levando professores e alunos ao campo da ética e da solidariedade.

Essa escola deve igualmente priorizar espaço e tempo para os professores darem continuidade ao autoconhecimento e à sua qualificação pedagógica, afinal os mestres precisam ser bons exemplos.

A escola inovadora, que na primeira metade do século 20 conheceu experiências muito boas no movimento das escolas novas, já é uma realidade no Brasil em dezenas de outros países. Que as autoridades públicas brasileiras possam olhar com carinho para elas que, temos certeza, são o melhor caminho, a melhor opção para a educação brasileira.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Você somente pode dar aquilo que você é



Durante muito tempo acreditamos que na educação escolar somente poderíamos dar aos nossos alunos o que temos, ou seja, o conhecimento. Essa ideia ficou tão arraigada em nosso entendimento que quase não sofreu contestação e, aos poucos, a educação passou a ser confundida com o ensino, tanto que as escolas brasileiras passaram a ser oficialmente denominadas de unidades de ensino, e não de centros educacionais, e os professores passaram a ser instrutores, na ilusão de que estão na escola para ofertar ou para dar do seu conhecimento, do seu domínio intelectual para os alunos. Digo ilusão, pois se trata de um equívoco. Qualquer indivíduo, seja criança, jovem ou adulto, pode adquirir conhecimento por esforço próprio através dos livros, dos vídeos, da internet, da interação com outras pessoas, das experiências vivenciais. E quem foi que disse, e provou, que o ato de educar é a mesma coisa que o ato de ensinar? E quem disse, e igualmente provou, que é possível ensinar alguém quando esse alguém não está afim de conhecer?

A verdade é que o sistema de ensino, que remonta aos primórdios do século 19, quando formatamos a sala de aula com carteiras enfileiradas, alunos quietos e passivos, provas e notas, está falido, não serve mais. E podemos prová-lo: temos hoje aproximadamente 25 milhões de analfabetos funcionais em nosso Brasil, o que significa que são pessoas que passaram pela escola e não conseguiram desenvolver a leitura e a escrita, a interpretação básica de textos e as operações matemáticas formais. E estou falando apenas do aspecto cognitivo. O que dizer do aspecto emocional dessas pessoas? Isso é mais difícil porque muitos especialistas consideram essa área como subjetiva, não é possível mensurá-la estatisticamente. Como se afeto e amor pudessem ser metrificados. E o que dizer da aprovação automática, que oficialmente todos negam sua existência, mas que na prática existe, principalmente na escola pública, quando nos deparamos com alunos da 9ª série do ensino fundamental que são verdadeiros analfabetos?

Diante de tudo isso só nos resta uma constatação: o professor não existe para ensinar e sim para orientar, tutoriar, facilitar e estimular o aluno a querer aprender, tirando de si a motivação para se desenvolver de forma integral, ou seja, nas áreas cognitiva e emocional. Já dizia Montessori: "um sinal claro do sucesso de um professor é poder dizer: agora as crianças trabalham como se eu não existisse".

Entendamos esse enunciado. O professor deve trabalhar a autonomia do aluno, o que não é possível somente dando aula. Para isso deve formar grupos de estudo, pesquisa e trabalho com 5 a 6 alunos em cada grupo, todos eles estimulados a estudar por temas, com objetivos a alcançar, debates com toda a turma, arguições e apresentação final. É o que chamamos de trabalho por projetos, transformando a sala de aula em espaço de aprendizagem coletiva, e o professor em orientador do processo. Isso no que toca ao desenvolvimento cognitivo.

Quanto ao desenvolvimento emocional dos alunos, acontecerá se o professor tiver amor à educação, à escola e ao trabalho que realiza, sempre acreditando no poder da educação na formação de indivíduos e comunidades éticas e solidárias. Aqui fica bastante evidenciado que o professor somente pode dar aquilo que ele é, e não o que ele conhece.

Portanto, professor, reveja seu pensamento sobre o educar e o ensinar. Por que não transformar sua postura? Por que não revisitar sua didática e sua metodologia? Pense nisso, pois precisamos, com urgência, modificar o triste quadro da atual educação brasileira e os prognósticos futuros de nossa sociedade.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Se não educarmos, como será o futuro?

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Uma professora de educação física do ensino fundamental no ensino público constata: os colegas professores estão pessimistas e os alunos só querem saber de celular, funk e liberdade sem responsabilidade. Não é somente essa professora que constata essa realidade. Temos mais de 2 milhões de professores na educação básica (infantil, fundamental e médio) - dados do Inep/MEC - e esta é uma constatação geral.

O ensino fundamental tem 48,6 milhões de alunos - crianças e adolescentes -, e o ensino médio tem 7,9 milhões de alunos (jovens), segundo dados do Censo Escolar 2017. O que será da sociedade brasileira no futuro não muito distante se essas crianças, adolescentes e jovens não forem despertadas, não forem sensibilizadas para a vida, para aprender a amar, a respeitar e a fazer ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse?

Há um descaso com a educação das nossas crianças e dos nossos jovens, e a escola pode até ensinar muitas coisas, mas não está desenvolvendo a formação do caráter, não está sensibilizando os corações, não está humanizando os educandos, e está perdida num emaranhado burocrático criado pela legislação que atravanca o processo educacional com provas, notas, exames e tantas outras coisas que desviam a escola da sua missão educadora.

Temos ainda o verdadeiro descaso de muitos pais com a educação de seus filhos, não dando bons exemplos, não corrigendo más tendências e transferindo essas responsabilidades para a escola, como se uma professora diante de até 40 alunos pudesse substituir os pais, quando esse não é seu papel.

Escola e família precisam se dar as mãos na educação das novas gerações, dando prioridade à educação moral, pois já está suficientemente provado que somente o conhecimento não resolve os graves problemas sociais, pois conhecimento sem sentimento não atinge a causa: o egoísmo humano.

Daqui a vinte ou vinte e cinco anos, se continuarmos a deixar que crianças e jovens tenham liberdade sem responsabilidade, reclamem direitos sem dar cumprimento aos deveres e desrespeitem os outros com a utilização da violência física ou moral, que sociedade teremos? Provavelmente muito pior do que a atual, onde viver será uma grande dificuldade.

Será preciso assistir tudo pior para finalmente nos conscientizarmos da importância da educação?

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Por que os pássaros voam?

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Um menino se aproximou e perguntou:

- Por que os pássaros voam?

Olhei para o menino, em seguida estendi meu olhar para o céu e, voltando minha atenção para aquela criança com sua curiosidade, indaguei:

- E qual é a sua resposta para essa pergunta?

Ele esfregou os olhinhos miúdos, pensou um pouco, e respondeu convicto:

- Os pássaros voam porque eles não têm medo de cair.

Satisfeito consigo, saiu apressado sem me dar tempo a qualquer palavra.

Então fiquei ali, pensando e olhando para o céu. Será mesmo que os pássaros voam porque não têm medo de cair, ou será por outro motivo?

E por que o homem anda? E também posso perguntar: por que os peixes nadam? E poderia fazer mil perguntas aparentemente desconexas, tudo porque preciso descobrir o que leva um pássaro a voar e sempre voar.

E o que tudo isso tem a ver com educação?

Somos pobres criaturas humanas chumbados ao solo pelas nossas preocupações imediatas, esquecidos que a cabeça está acima do pescoço para que possamos olhar para o céu. E quem consegue olhar para o céu é como o filósofo que, olhando os pássaros no céu, se pergunta sobre a vida e tenta descobrir os segredos existenciais que não estão escritos em palavras, mas que devem ser sentidos e apreendidos pela alma.

Todo educador precisa ser um filósofo, um perguntador, um curioso e um escutador de emoções, não apenas dos outros, mas principalmente as emoções próprias, deixando aflorar sentimentos e procurando entendê-los. Em outras palavras, todo educador precisa ser um pesquisador da vida, começando por se conhecer, para depois conhecer a razão que leva os pássaros a voarem.

O autoconhecimento é a essência da educação.

Com o autoconhecimento é possível fazer a autoeducação.

Com a autoeducação é possível dar ao educando aquilo que somos, pois em não sendo assim apenas poderemos dar aquilo que temos, mas esse não é o verdadeiro ato educativo.

Mas a pergunta persiste: por que os pássaros voam?

Tenho por mim, contrariando a sabedoria popular, os poetas e o menino que me levou a estas reflexões, que os pássaros voam porque não têm medo de subir.

Será que, enquanto educadores, sabemos voar para não cair na tentação do tradicional, do burocrático, do sempre foi assim e assim sempre será?

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Filhos precisam ter espaço e autonomia

 Para nossa reflexão trago uma narrativa feita por uma nossa amiga, a respeito de sua irmã e seus filhos. Narra nossa amiga que um dos filhos de sua irmã casou e foi morar em bairro mais distante. Seu aniversário se aproximava e a mãe anunciou que faria a comemoração do mesmo, solicitando-lhe a presença, a qual ele negou, alegando que ela sabia que ele não gostava de festas e comemorações e, ademais, estava agora casado, e ele já havia solicitado à esposa que nada fizesse alusivo a essa data, e, se tivesse que haver alguma festa, esta seria em sua nova morada, com ele a convidar familiares e amigos. A mãe se desgostou a ponto de ficar choramingando pelos cantos e deixando entrever que considerava a atitude do filho um gesto de ingratidão.

Cremos que os sentimentos da mãe em comemorar o aniversário do filho eram legítimos, entretanto totalmente fora de propósito por dois motivos: primeiro, porque ela sempre soube que ele detestava festas de aniversário e que, por isso, sempre que podia se esquivava delas, inclusive em sua data; segundo, porque, casado e morando em outro bairro, a mãe não poderia, à revelia do filho, realizar sua festa de aniversário exigindo-lhe a presença, como se ele ainda estivesse solteiro e habitando o lar materno.

As mães, e os pais, precisam entender que devem educar os filhos para a vida, preparando-se para o dia em que eles vão tomar decisões e iniciar sua própria caminhada existencial, seja com o casamento, seja com a profissão ou por qualquer outro motivo. Compete aos pais dar autonomia com responsabilidade, serem bons exemplos e ensinarem a empatia, ou seja, que os filhos aprendam a saber se colocar no lugar dos outros. E quando eles partirem, respeitarem essa nova fase.

Isso não quer dizer que os laços de afetividade estarão rompidos, pois o amor será sempre o elo de união entre mãe, pai e filho, mas haverá por parte do pai e da mãe respeito e compreensão pelas escolhas dos filhos, entendendo que todos têm o direito de formar sua própria família, ou de viverem de forma independente.

Saibam os pais, através da educação, darem autonomia com responsabilidade para seus filhos, e a separação será então natural, como deve ser.

Que a a irmã de nossa amiga, no seu papel de mãe, compreenda que o fato do filho não estar mais com ela exige de sua parte compreensão, respeito e apoio, para que ele possa dar o voo da alma, do pássaro que aprendeu a voar, graças aos esforços do pai e da mãe, a quem ele nunca deixará de estender sua gratidão e seu amor.

terça-feira, 25 de junho de 2019

O poder emana do povo

 
A Constituição Brasileira declara em seu  primeiro artigo, parágrafo único: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente nos termos desta Constituição".

Os representantes eleitos do povo brasileiro são o Presidente da República e seu Vice, que comandam o Poder Executivo, assim como os Deputados Federais e os Senadores que formam o Poder Legislativo. São todos representantes dos brasileiros, escolhidos em eleições livres e democráticas e, portanto, eles têm o dever de administrar e legislar pelo bem da nação e do povo que os elegeu. Entretanto, o que temos assistido ao longo dos tempos é um Poder Legislativo que defende apenas interesses individuais e de grupos, muitas vezes na contramão dos interesses da população brasileira, e um Poder Executivo que mais faz política de alcova, do "toma lá, dá cá", conforme os interesses dos partidos políticos. Essa situação sancionou quase que de forma oficial, a corrupção, os desvios de verbas, os conluios perversos, chegando nos dias atuais a uma situação de crise crônica que se arrasta vagarosamente, levando de roldão a economia e a sociedade brasileira, que assiste aos altos índices de desemprego, desaceleração da indústria, do comércio e dos serviços, aumento da violência urbana e rural e o recrudescimento da pobreza.

E quando a esperança raiou no horizonte com a reformulação de parte do Poder Legislativo, por vontade do povo expressa nas eleições, vemos os remanescentes dessa velha política, quais caciques perpétuos e absolutistas, entrarem em guerra com o novo Poder Executivo, também eleito pela vontade do povo, emperrando o desenvolvimento econômico e social do país, numa luta sem tréguas para sustentar os interesses particulares e de grupo, inclusive dos partidos políticos, que parecem não ter nenhum apreço pela nação.

Não estamos defendendo este ou aquele, não estamos afirmando que concordamos com tudo que promana do Poder Executivo, mas esse jogo da gato e rato que estamos assistindo entre o Poder Legislativo e os Poder Executivo somente tem como consequência a estagnação do nosso Brasil.

E como se isso já não fosse o suficiente para nossa indignação, vemos ministro do Supremo Tribunal Federal declarar que prova ilegal e sem comprovação de sua autenticidade é válida, numa afronta à Constituição Federal e ao Código Penal, demonstrando hipocrisia e partidarismo flagrantes, pois o que vale para um processo não vale para outro.

Como o poder emana do povo e já vai distante o tempo em que a população brasileira ficava assistindo inerme a esses descalabros, ainda mais com a comunicação instantânea e as redes sociais de nossos dias, perguntamos: deputados federais, senadores e ministros do STF ainda se julgam acima de tudo e de todos? A eles lembramos que os reis absolutistas caíram ruidosamente no final do século 18, apesar de todo o poder que detinham, mas insuficiente para segurar o ímpeto do povo indignado e revoltado.

Operações de investigação como a famosa Lava Jato devem e precisam continuar. A reforma política é inevitável, pois é dever de todos nós acabar com os absurdos privilégios que mancham nossa nação.

Conclamo o povo brasileiro a despertar e, através dos recursos legais e de comunicação, sempre em paz, se posicionar firmemente contra a velha política do Poder Legislativo, contra o orgulho hipócrita do STF, contra os abusos do Poder Executivo, apoiando apenas aqueles que nos representam com dignidade, exigindo assim um novo tempo para o nosso querido Brasil, que tanto amamos.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

A educação não é uma brincadeira



Lá se vão quatro meses e meio de muitas trapalhadas e um completo desconcerto no Ministério da Educação. Com todo o respeito às pessoas, parece que ninguém entende de educação e muito menos sabe o que faz. Ordens e contraordens, medidas esdrúxulas, perseguições de caráter político, desconstrução de projetos, comunicados que necessitam de correções, falas desencontradas e outras coisas mais têm feito do MEC um picadeiro de circo amador, onde sobram improvisações de mau gosto, e onde o público não consegui rir nem aplaudir, mas apenas chorar e sair decepcionado.

Educação não é brincadeira, não é jogo de cartas marcadas, não é aventura político-partidária. Estamos falando do processo de desenvolvimento intelectual e afetivo das novas gerações, estamos falando de pesquisas sérias sobre o crescimento de crianças e jovens, estamos falando do hoje e do futuro do Brasil, estamos falando da desconstrução de um modelo escolar e educacional do século 19 para construção de um modelo do século 21, gerador de autonomia, senso crítico, ética, numa nova dimensão educacional.

Entretanto, o atual MEC detonou o Mapa das Escolas e Organizações Inovadoras espalhadas por este país; faz um discurso anti Paulo Freire, quando este é um educador de renome e respeito internacional, e que nunca esteve presente em nossas escolas; escolhe como secretários economistas que nada sabem de educação básica (para quem também não sabe, estamos falando do ensino infantil, fundamental e médio); faz contingenciamento de verbas da noite para o dia e vive refazendo os cálculos para explicar o que não pode ser explicado.

Na década de 1970, a pedido da Unesco, Jean Piaget escreveu um pequeno e profundo livro intitulado Para Onde Vai a Educação? Precisamos ler, reler e debater seu conteúdo, ou então escrever outro livro, com um acréscimo no título: Para Onde Vai a Educação Brasileira?

Como estamos nos primórdios do novo governo federal, temos a esperança que todos esses iniciais acontecimentos sirvam de lição para que o Ministério da Educação deixe de ser um navio sem rumo numa tempestade, pois se assim continuar, irá a pique, e o pouco que ainda temos de política nacional de educação irá soçobrar ruinosamente diante da nossa perplexidade.

Enquanto as autoridades públicas desconsiderarem a importância da educação e estiverem brincando de fazer alguma coisa, o Brasil vai continuar mergulhado numa profunda crise moral, crise ética, geradora da crise social e da crise econômica.

Não se faz ajuste social sem a educação. Mas o que entendem de educação aqueles que estão no comando de um ministério que deveria tratar seriamente, e sem perseguições políticas, da educação?

sábado, 20 de abril de 2019

É preciso desconstruir

Um pilar muito importante da educação é o desconstruir, com aplicação direta junto aos professores e pedagogos. Desconstruir ideias e práticas que engessam o processo educacional, acreditando no novo, no fazer diferente. Muitos profissionais da educação alegam que estão na escola para dar aula, para desenvolver os conteúdos de sua disciplina curricular e, portanto, com esse pensar reducionista, não conseguem perceber que é possível ir além disso, que é possível trabalhar tanto o potencial cognitivo quanto o potencial afetivo do educando, que é possível colocar em ação novas práticas pedagógicas. enfim, que é possível fazer uma nova escola e um novo ensino.

Carteiras enfileiradas, conteúdos no quadro, explicações verbais, provas, testes, notas, livro didático sendo acompanhado, apostilas, exercícios e mais exercícios, tudo isso não têm dado os resultados desejados dentro de uma educação de qualidade, tanto que temos no Brasil uma multidão de 30 milhões de analfabetos funcionais, fora os episódios constantes de bulliyng entre os alunos, violência explícita contra os professores, uma massa significativa de crianças e jovens fora da escola, professores desmotivados e em licença médica e tantos outros males que povoam diariamente as mídias impressas e digitais, não sendo segredo que a educação básica brasileira vai muito mal.

Mas há uma luz no fim do túnel!

Graças a educadores visionários, idealistas e que não se conformam com a mesmice, em 2016 surgiu o Mapa de Inovação e Criatividade da Educação Brasileira, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), e que hoje pode ser conhecido em www.movinovacaonaeducacao.org.br, pois infelizmente o MEC retirou do ar o mapa.

São mais de 170 organizações e escolas consideradas inovadoras, criativas, fazendo diferente para fazer a diferença na educação brasileira, e com resultados qualitativos muito bons, demonstrando na prática que é possível desconstruir e reconstruir.

Talvez você não acredite nisso, então faço o convite para que passeie pelo mapa e conheça as escolas, muitas das quais com vídeos publicados no YouTube, entre elas:

EMEF Amorim Lima (São Paulo/SP) - https://www.youtube.com/watch?v=9UaGZgpacz0&t=3s

Projeto Âncora (Cotia/SP) - https://www.youtube.com/watch?v=DU1GH5dUzho

Escola da Serra (Belo Horizonte/MG) - https://www.youtube.com/watch?v=vZQLMx7Lah4

EMEF Campos Salles (São Paulo/SP) - https://www.youtube.com/watch?v=ASDNiy2W7w0


Abra sua mente e seu coração e encante-se com essas e outras escolas que estão fazendo um Brasil diferente, um Brasil melhor!

terça-feira, 9 de abril de 2019

Para onde vai a educação brasileira?

Com três meses de novo governo, cai o Ministro da Educação e temos um novo titular à frente da educação brasileira. Foram três meses de muito tumulto, com declarações estapafúrdias, ameaça de militarização das escolas (um absurdo!) e uma guerra interna irresponsável e que fez nada menos que 15 assessores e secretários serem demitidos ou pedirem demissão de seus cargos. Foi um festival de péssima gestão, polarização de interesses de grupos e falta de planejamento, deixando nossa educação mais à deriva do que já estava. Agora assume um novo gestor que, apesar de ser professor de economia, nunca trabalhou no ramo da educação, tendo carreira toda ela na área de finanças e economia, aliás, nem mesmo formação em educação possui. Então temos que fazer a pergunta: para onde vai a educação brasileira?

Sinceramente, tudo parece indicar que vai à mais completa falência, embora minha torcida é para que isso não se efetive, não aconteça. Se o MEC falhar em sua missão, pelo menos a esperança que fica é que não atrapalhe os projetos pedagógicos de escolas inovadoras e criativas, bolsão resistente da educação verde e amarela de nossa pátria. Mas até que ponto não paira uma ameaça sobre aquilo que está dando certo, e acabe vencendo a mesmice?

A verdade é que nossa educação básica pública, que compreende o ensino infantil, fundamental e médio, está de mal a pior, com índices oficiais - aos quais todos têm acesso pelos portais do MEC e das Secretarias de Educação - que arrepiam qualquer pessoa: escolas sucateadas, sem internet, violência contra os professores, bullying entre os alunos, alto índice de analfabetismo funcional, aulas, provas e notas que nada avaliam, falta de merenda escolar, salários baixos dos profissionais da educação.

Como consequência temos professores desmotivados, sem esperança em dias melhores e que estão investindo em licenças médicas, até porque o nível de estresse está chegando ao auge, ou mesmo em troca de profissão, numa desistência da escola, dos alunos, da educação. Então ouvimos de muitos pais o seguinte discurso para seus filhos: você pode escolher o que quiser ser na vida, menos professor!

Por enquanto o MEC e, portanto, o Governo Federal, está alheio à realidade. É compreensível, afinal educação não é prioridade. Entretanto, enquanto esse caos continuar, nossa nação verá agigantarem-se os males de toda ordem.

Se a educação for abandonada ou aviltada, preparemo-nos para o caos social, sim, pois o que já está acontecendo é apenas prenúncio do que poderá vir mais à frente.

Mas, apesar do tom apocalíptico, este texto, na verdade, é de esperança. Esperança que os responsáveis pela educação brasileira abram os olhos, enxerguem o que precisa ser feito, parem de lutar por interesses egoístas e mesquinhos. E que entendam que somente pela educação o Brasil dará jeito na sua tortuosa história, e fazendo-se, finalmente, exemplo para as demais nações do mundo.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Professor, você é a nossa esperança



Diante de tantos quadros de violência e descaso público que assolam nossas escolas uma parcela do professorado está estressada, desestimulada e literalmente jogando a toalha, desistindo de maiores esforços no magistério, decidindo por dois caminhos, duas alternativas: retirar-se do magistério ou continuar simplesmente aguardando a aposentadoria. Entendemos o que está acontecendo, mas por outro lado vemos aqueles professores dedicados, criativos e com muito amor à profissão, e convido a você, professor, para olhar para essa terceira alternativa, esse outro caminho: não entregar-se às mazelas do sistema, seja ele público ou particular, trabalhando para fazer a diferença.

Não sei se você, professor, já parou para refletir sobre a sua importância para a formação da sociedade em que vivemos, pois você é o desenvolvedor das aptidões, das habilidades, das competências e também do caráter, junto com a família, das crianças e dos jovens, ou seja, das novas gerações, que diariamente se dirigem para a escola na esperança de crescer um pouco mais, não na altura física, mas como ser humano.

Sabe, professor, é preciso que você sinta esse ser que está com você na chamada sala de aula, que prefiro chamar de espaço de aprendizagem coletiva, que é um ser humano pensante, se emociona, vive intensamente, ou está à margem precisando de um aceno, um abraço e de entendimento sobre porque ele deve estudar e qual a aplicação na vida do que estuda. Em outras palavras, o ensino escolar somente será humanizado se você, professor, se humanizar e ir além dos conteúdos programáticos do currículo.

Independente das leis, dos programas oficias, das burocracias, é você professor que pode fazer a diferença sendo criativo, afetivo e estimulador do potencial dessas crianças e jovens, para que elas se sintam motivadas a bem viver, a aprender a empatia que as leva a fazer aos outros somente o que gostariam que os outros lhes fizesse, o que está tão em falta no mundo atual.

Para trabalhar a humanização você deve trabalhar em si o sentimento do amor. Amor pela educação. Amor pelo ensino. Amor pela vida. Amor pelos outros. Ter disposição afetiva para caminhar junto, para integrar os vários agentes educativos, destacando-se a família e a comunidade. Não ter medo de colocar em ação práticas pedagógicas inovadoras. Não ter receio de transformar a escola, pois somente assim assistiremos a sociedade se transformar para melhor, sendo mais justa, menos violenta.

Professor, não perca a esperança. Mas não fique aguardando que a transformação venha de fora, aconteça pela iniciativa de outros. Seja você o protagonista que, com amor e dedicação, criatividade e inovação, vai transformar a escola, o ensino, a família, a comunidade e, enfim o mundo. Acredite nisso, é o que lhe peço, pois com seu exemplo seus colegas ficarão contagiados, e teremos então uma massa significativa de educadores trabalhando por uma humanidade mais feliz.

Com o intuito de lhe ajudar, veja na internet https://www.ibemeduca.com.br.

Bom trabalho para você.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Quem deve educar: a família ou a escola?

Ouvimos em alto e bom som um apresentador de programa radiofônico afirmar que a família educa enquanto a escola instrui. Será mesmo? Bem, por não ser professor e um estudioso sobre educação, podemos entender que o comunicador em questão possa ter se equivocado, mas e quando um pedagogo faz a mesma afirmação?

Indagamos: será que a escola, em seu papel social, nada tem a ver com o ato de educar? será que a educação é exclusividade da família? e quando os pais falham na educação dos filhos? o professor, antes de mais nada, não deve ser um educador? em verdade, para que tenhamos educação integral e profunda das novas gerações, a família e a escola não devem trabalhar unidas?

Lembremos que a formação da sociedade é dependente da educação que a mesma promove dos seus indivíduos. Uma sociedade mais justa ou mais injusta não acontece por acaso, e podemos verificar sem grandes esforços que a causa está na boa ou má educação desenvolvida ao longo do tempo. Ora, todos sabemos que educação nunca foi prioridade em nosso Brasil. Mesmo em se tratando apenas do ensino escolar, aqui tomando a escola apenas e tão somente como uma unidade de ensino, de instrução através de conteúdos curriculares, nem assim podemos nos orgulhar da história da nossa educação, pois ainda hoje temos escolas de ensino fundamental sem banheiros, sem água potável, sem internet, com índices de analfabetismo funcional alarmantes, com evasão escolar assustadora, envolvidas em atos variados de violẽncia interna. E o que falar da exclusão de crianças e jovens oriundas de comunidades pobres?

Diante desse quadro real, contemporâneo, assistimos famílias desestruturadas levando seus filhos ao excesso de liberdade, ou o contrário, excesso de repressão, com pais e responsáveis perdidos com relação ao como devem educar suas crianças e seus jovens.

Muitos pais entendem que a educação de seus filhos tem início quando os mesmos podem ser matriculados na escola, para que assim aprendam e se tornem adultos preparados para seguir uma boa carreira profissional. Esses pais estão na contramão do entendimento que a educação pertence à família, pois a estão terceirizando para a escola. Acontece que muitos professores se queixam de seus alunos, acreditando que as correções de maus hábitos e do caráter devem ser providenciados pela família. E agora, o que fazemos?

Devemos mudar nosso pensamento sobre a educação e o papel da escola e da família em sua promoção. Esses dois importantíssimos institutos sociais devem promover a educação e, de preferência, juntos, unidos, integrados, sem essa história de empurrar a magna questão do educar para um ou para o outro. Tanto a família deve educar quanto a escola. Tanto a família deve instruir quanto a escola.

Dia virá em que vamos entender que educação deve ser prioridade. Que toda a sociedade, aqui englobando todas as suas instituições, deve estar preocupada com a educação e realizando ações de bem educar, ou seja, de colocar em prática a regra de ouro que é a empatia, o saber se colocar no lugar do outro para fazer a ele somente o que se deseja que ele nos faça. É isso o que está faltando, e continuará a faltar enquanto a família e a escola estiverem em guerra, e continuarmos a ouvir esse falso e equivocado discurso que compete a um educar e ao outro instruir. Defender essa ideia é dar mostras de ignorância sobre o que é educação e sua importância.

quinta-feira, 14 de março de 2019

A escola está divorciada da educação

Os acontecimentos recentes no Brasil, nos Estados Unidos e outros países, de violência exacerbada dentro das escolas, com invasores assassinando alunos e professores e deixando dezenas de feridos, somados aos casos acentuados de bullying entre estudantes, destes com os professores, e também dos professores para com os alunos, nos levam necessariamente a refletir sobre o que está acontecendo e, mais do que isso, detectar as causas e procurar as soluções.

Devemos iniciar nossas reflexões a partir do entendimento sobre o que é educação e qual o papel da escola na sociedade humana, pois sem esse entendimento qualquer opinião desprovida de fundamento, de conhecimento sobre o que se opina, perderá sua validade.

São várias as definições possíveis sobre educação, mas uma sobressai pela sua importância e profundidade: educação é o processo de desenvolvimento do potencial cognitivo e afetivo do ser humano, respeitando suas fases de desenvolvimento psicogenético, permitindo ao mesmo desenvolver aptidões, habilidades, conhecimentos e virtudes. É um processo dialógico e ético que forma o cidadão consciente de si, dos outros e da vida para construção de uma sociedade justa e harmônica. Isso é educação no sentido lato, extenso e profundo.

E qual o papel da escola na sociedade humana? Será o de transmitir conhecimentos através da abordagem de conteúdos curriculares? Será formar o cidadão consciente e ético? É um amálgama disso e outras coisas mais reveladas pelo conceito extenso e profundo da educação? Acreditamos que a terceira pergunta formulada responde mais satisfatoriamente à questão do papel da escola na sociedade humana, ou seja, a escola existe como instituição sócio educacional do homem para prover suas necessidades tanto intelectuais quanto emocionais, e não simplesmente trabalhar a aquisição de saberes propiciados por disciplinas curriculares. Naturalmente que esse trabalho, para se fazer completo, passa pela integração de esforços, de ações da escola com a família e com a comunidade, e destas com a escola.

O que temos assistido, de longo tempo, é um divórcio entre a escola e a educação. Hoje, com suas exceções, e ainda bem que temos muitas exceções, a escola não mais educa, não mais realiza o processo da educação. Ela está engessada em instruir, e às vezes muito mal, com os professores atolados em exigências burocráticas, carga curricular devastadora, avaliações através de provas e notas e outras questões que fizeram com que não mais encontremos a educação dentro da escola. E como temos ouvido de pedagogos e professores, parece que a educação passou a ser responsabilidade única da família, o que não corresponde à verdade, pois se a família tem sua parcela de ação no processo educacional das novas gerações, a escola igualmente, e que vai muito além de ensinar língua portuguesa, matemática e outras disciplinas do currículo.

Ora, se a escola está divorciada da educação, não será sua militarização, ou armando os professores com pistolas e fuzis que solucionaremos a violência interna e externa que hoje assola as unidades escolares públicas e particulares. Aliás, militarização e armamento dentro da escola constituem uma aberração. A escola deve voltar a educar, essa é a solução.

Não somos donos da verdade, mas o que queremos é que na escola tenhamos de fato o processo educacional que levará as novas gerações a crescerem com conceitos éticos, que consigam colocar em prática a regra de ouro da educação: aprender a fazer ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse.

Precisamos de uma escola inovadora e criativa, dinâmica na sua metodologia e com seu ensino humanizado. Uma escola que se preocupe com a formação do caráter dos educandos, o que deve ser prioridade dentro do processo educacional. Uma escola integrada com a família e a comunidade onde está inserida.

Essa escola já existe, são aquelas reconhecidas pelo Ministério da Educação em 2016 e que estão no Mapa de Inovação da Educação Brasileira, entre elas o Centro Educacional Conhecer, parceiro do Instituto Brasileiro de Educação Moral, onde podemos ver e nos emocionar com uma educação desenvolvida através do Projeto Escola do Sentimento.

Que possamos, em futuro breve, assistirmos as escolas reconciliadas com a educação, pois somente assim nosso Brasil melhorará, pois é com cidadãos éticos e conscientes que se faz um país melhor, sem injustiça e sem violência.

Como educadores ressaltamos os instrumentos da educação:

Instrução com amor.
Livros.
Autonomia e criticidade.
Formação do caráter.
Desenvolvimento do senso moral e da ética.
Resgate dos valores humanos.
Liberdade com responsabilidade.

Muitas pessoas podem não acreditar que a educação possa resolver a violência e outros males que afligem a escola e atingem a sociedade humana, mas é fato que sem ela, não teremos verdadeira solução.

(Este texto foi escrito em parceria com o educador Ronaldo Gomes).

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...