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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Educação e espiritualidade: outras considerações

Trago para reflexão texto do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, conhecido mundialmente por ser ativista da paz e dos direitos humanos, e mestre da atenção plena, para continuar a abordagem sobre educação e espiritualidade: "A espiritualidade não é uma religião. É um caminho para gerarmos felicidade, entendimento e amor, para que possamos viver profundamente cada momento de nossa vida. Manter uma dimensão espiritual não significa escapar da vida ou passar um tempo em um local de felicidade, fora do mundo, mas descobrir maneiras de enfrentar as dificuldades da vida e gerar paz, alegria e felicidade bem aqui onde estamos, neste lindo planeta." Esse pensamento está em perfeito acordo com meu texto primeiro, publicado aqui no Blog Análise & Crítica, quando deixei claro que espiritualidade não se confunde com religião, com determinada doutrina religiosa. Analisemos agora as palavras do monge budista. Ele diz que a espiritualidade é um caminho para gerar f

Educação e espiritualidade

Antes de alinhavar minhas palavras a respeito do tema que dá título a este texto, esclareço que não vou falar de religião, e nem considero que abordar a espiritualidade do ser humano tenha necessariamente que passar pela visão de alguma doutrina religiosa, seja ela qual for, embora o tema adentre por questões que, para muitos, são de exclusividade da religião, como por exemplo, a alma. Na verdade tudo faz parte da cultura humana, dos conhecimentos humanos que precisamos estudar através das ciências, e o tema espiritualidade não pode fugir a esse entendimento e, portanto, não pode ficar fora das cogitações educacionais, lembrando que a educação também faz parte do conhecimento científico sobre o desenvolvimento dos seres humanos. Então, correndo risco de desagradar aos que são muito religiosos e ardorosos defensores de sua crença, inicio afirmando que o tema espiritualidade na educação, portanto também na escola, não pode ser debatido pelo viés do ensino religioso, e sim pelo viés da re

Trabalho infantil: uma mancha social

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É preciso transformar

Ao olharmos para as instituições humanas, e mais especialmente para as instituições diretamente ligadas à educação – as famílias, as escolas e as igrejas –, constatamos que essas instituições, ao lado de muitos conteúdos ligados às mais diversas áreas do conhecimento, não trabalham o que é mais importante e essencial para o ser humano: o autoconhecimento, a autoeducação, a preparação para a vida, o pensar no bem coletivo e ter olhar voltado para o futuro da humanidade. Há muito tempo temos assistido gerações inteiras lançadas na sociedade que, se de um lado possuem vários conhecimentos, de outro lado quase nada possuem de desenvolvimento moral. E como nos queixarmos da violência, da corrupção, da injustiça e de tantos outros males sociais, se os indivíduos que compõem a sociedade são egoístas, orgulhosos, vaidosos, materialistas e impulsionados pela sede do poder, pelas paixões, deixando-se arrastar por vício de caráter de toda espécie? As famílias estão normalmente preocupadas em cuid

Autonomia e moral na educação

Ao longo de quase 23 anos à frente do Ibem Educa, organização não governamental sem fins lucrativos, já ouvi vários educadores, muitos amigos, ponderando que devo parar de falar em educação moral, que essa fala não é bem vista no meio educacional entre professores e pedagogos, talvez sendo barreira nas escolas às propostas pedagógicas apresentadas pelo instituto. Apesar dessas falas nunca mudei meu discurso nem o foco do Ibem Educa, apenas, vez ou outra, substituindo a educação moral por educação em virtudes, educação ética e assim por diante, mas com o conteúdo sempre direcionado para o que entendemos da educação ser desenvolvedora do caráter das crianças e jovens, do seu senso moral. Não estou sozinho nesse entendimento. Eis o que fala o educador Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: “ Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza d

Pergunta de criança

Toda criança, de forma natural e espontânea, faz perguntas, querendo saber sobre isto e aquilo, como e porquê, na sua ânsia de aprender, sempre de acordo com sua capacidade de entendimento e seus interesses mais imediatos. É natural. Devem os pais e os professores, portanto, estarem prontos, com paciência e criatividade, para dar as respostas que satisfaçam a criança. Nada pior do que receber como resposta certas sentenças padronizadas que nada explicam: “agora não posso responder, estou ocupado”; “isso é pergunta que se faça?”; “é assim, porque estou dizendo que é assim”. Não sabem esses pais que a criança necessita de explicação para compreender porque sim ou porque não? Se nós, adultos, necessitamos de explicações para compreender certas situações, certas necessidades, e somos adultos, quanto mais a criança, que não possui o desenvolvimento intelectual que possuímos. Muitos pais recusam-se a dar explicações porque, confessam, sentem-se embaraçados em conversar com a criança, não con