Educação e espiritualidade

Antes de alinhavar minhas palavras a respeito do tema que dá título a este texto, esclareço que não vou falar de religião, e nem considero que abordar a espiritualidade do ser humano tenha necessariamente que passar pela visão de alguma doutrina religiosa, seja ela qual for, embora o tema adentre por questões que, para muitos, são de exclusividade da religião, como por exemplo, a alma. Na verdade tudo faz parte da cultura humana, dos conhecimentos humanos que precisamos estudar através das ciências, e o tema espiritualidade não pode fugir a esse entendimento e, portanto, não pode ficar fora das cogitações educacionais, lembrando que a educação também faz parte do conhecimento científico sobre o desenvolvimento dos seres humanos.

Então, correndo risco de desagradar aos que são muito religiosos e ardorosos defensores de sua crença, inicio afirmando que o tema espiritualidade na educação, portanto também na escola, não pode ser debatido pelo viés do ensino religioso, e sim pelo viés da religiosidade, que é algo bem diferente.

Para colocar os pingos nos “is”, quando falamos de religião já existe um entendimento subjacente que estamos falando de uma doutrina religiosa específica, ou seja, estamos nos referindo ao catolicismo, ou ao protestantismo, ou ao islamismo, ou ao budismo, ou ao judaísmo e assim por diante. É por esse motivo que a adoção do ensino religioso nas escolas brasileiras não deu certo, pois o entendimento foi o de ensinar esta ou aquela religião, de modo facultativo, e o ensino religioso na escola laica não “pegou”, não foi à frente.

Outro é o entendimento quando falamos de religiosidade, ou seja, a crença, a fé, em algo superior a nós, e não importa o nome de damos a isso; religiosidade pode ser demonstrada por qualquer pessoa, seja ou não adepto de uma religião formal. Movida pela fé, pela crença, ela tudo suporta e persevera em seus ideais superiores, em seus sentimentos de bom caráter. Como se diz popularmente: é, muitas vezes, o ateu mais religioso que se conhec. E só para continuar a colocar os pingos nos “is”, o ateu é a pessoa que não acredita na existência de Deus ou de seres superiores, os chamados deuses.

Pois bem, dito tudo isso, e cremos que fosse necessário tê-lo dito para bom esclarecimento dos que assistem minhas palavras, podemos agora falar da espiritualidade na educação.

Sabemos que nós, seres humanos. Somos seres integrais, pois somos dotados de inteligência e sentimento. Os graus de desenvolvimento dessas duas potências podem ser os mais variados, mas é inegável que as possuímos. E que pensamos, raciocinamos, temos consciência e fazemos escolhas. E que nos emocionamos, choramos, rimos e determinamos nossa razão de ser no mundo.

Da criança ao jovem, do adulto ao idoso, nunca perdemos a inteligência e o sentimento, embora às vezes cerceados ou limitados por diversas circunstâncias, e precisamos responder a quatro perguntas essenciais para melhor viver: Quem somos? De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Para onde vamos? E nos deparamos com o dilema vida e morte, corpo e alma.

Onde encontramos na educação o pensar e trabalhar esses temas essenciais? Em qual escola de ensino básico encontramos professores e alunos debatendo a religiosidade, a espiritualidade e o humanismo do próprio ser humano?

Se temas essenciais que direcionam o viver no mundo não são estudados, não temos que nos espantar pelos flagelos sociais impostos pelo egoísmo e pelo orgulho, pela insensibilidade e indiferença, que caracterizam as últimas gerações.

Na educação temos que aprender a fazer aos outros somente o que gostaríamos o que os outros nos fizessem. Essa é a regra de ouro. Mas como ter esse aprendizado numa escola em que prevalece o materialismo e o egoísmo?

Precisamos ter na educação e na escola uma filosofia espiritualista do ser humano integral, único caminho para revertermos o quadro atual de nossa sociedade. Afinal, somos uma alma ou simplesmente um corpo? Por que estamos nesta casa planetária e qual deve ser nosso papel na mesma?

Pensemos...

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