É preciso transformar

Ao olharmos para as instituições humanas, e mais especialmente para as instituições diretamente ligadas à educação – as famílias, as escolas e as igrejas –, constatamos que essas instituições, ao lado de muitos conteúdos ligados às mais diversas áreas do conhecimento, não trabalham o que é mais importante e essencial para o ser humano: o autoconhecimento, a autoeducação, a preparação para a vida, o pensar no bem coletivo e ter olhar voltado para o futuro da humanidade.

Há muito tempo temos assistido gerações inteiras lançadas na sociedade que, se de um lado possuem vários conhecimentos, de outro lado quase nada possuem de desenvolvimento moral. E como nos queixarmos da violência, da corrupção, da injustiça e de tantos outros males sociais, se os indivíduos que compõem a sociedade são egoístas, orgulhosos, vaidosos, materialistas e impulsionados pela sede do poder, pelas paixões, deixando-se arrastar por vício de caráter de toda espécie?

As famílias estão normalmente preocupadas em cuidar dos filhos dando-lhes alimentos, roupas, remédios e outras coisas relacionadas ao corpo, mas deixam em segundo plano os cuidados com a alma, com o bom desenvolvimento emocional das crianças, em serem éticas e solidárias, humanizadas e afetivas.

As escolas, de todos os níveis, estão afastadas da educação, pois trabalham apenas o ensino dos conteúdos das disciplinas curriculares, pouco fazendo com relação à essência da vida, ao desenvolvimento das potencialidades do ser humano. Temos muito conhecimento supérfluo, muito academicismo, muito discurso retórico, muita burocracia, e pouco, bem pouco sobre os porquês da vida.

As igrejas, de forma geral, perderam-se da alma, ou poderíamos dizer que a alma da religião está sob um manto nublado quase impenetrável, de tão intrincado, emaranhado e confuso são suas crenças, suas teologias e suas tendências para se misturar ao poder temporal dos que governam os destinos humanos.

Diante de tudo isso, somado ao alto índice de analfabetismo funcional, de violência em todos os níveis, de corrupção moral, vemos que a educação atual precisa de total transformação, iniciando-se pela filosofia que a rege, que precisa ser espiritualista, e culminando na prática pedagógica, que deve priorizar a liberdade do pensar, a autonomia com responsabilidade, a cidadania ética.

Sem essa transformação, que é urgente, continuaremos a assistir males sobre males campeando na sociedade humana, e mais gerações irão passar sem que se transforme uma vírgula do que já estamos fartos de conhecer.

É preciso transformar a educação, para que esta transforme os indivíduos, e estes transformem a humanidade.

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