Pergunta de criança

Toda criança, de forma natural e espontânea, faz perguntas, querendo saber sobre isto e aquilo, como e porquê, na sua ânsia de aprender, sempre de acordo com sua capacidade de entendimento e seus interesses mais imediatos. É natural. Devem os pais e os professores, portanto, estarem prontos, com paciência e criatividade, para dar as respostas que satisfaçam a criança. Nada pior do que receber como resposta certas sentenças padronizadas que nada explicam: “agora não posso responder, estou ocupado”; “isso é pergunta que se faça?”; “é assim, porque estou dizendo que é assim”.

Não sabem esses pais que a criança necessita de explicação para compreender porque sim ou porque não?

Se nós, adultos, necessitamos de explicações para compreender certas situações, certas necessidades, e somos adultos, quanto mais a criança, que não possui o desenvolvimento intelectual que possuímos.

Muitos pais recusam-se a dar explicações porque, confessam, sentem-se embaraçados em conversar com a criança, não conseguem entrar no mundo infantil, possuem dificuldade em escolher as palavras adequadas, ou tem vergonha de certos assuntos, como aqueles ligados à sexualidade. Para esses pais recomendamos o exercício do diálogo com seus filhos desde a infância, acostumando-se a tratar os mais diversos assuntos com eles. Existem outros pais que se recusam a dar explicações porque acreditam que a criança deve obedecer às suas ordens e que isso basta, pois os filhos não são "burros" e, portanto, têm de compreender os reclamos dos pais. Isso não é verdade. A criança possui estágios de desenvolvimento psicológico, e até os sete anos não consegue desenvolver a contento raciocínios abstratos. Para esses pais recomendamos um pouco de estudo sobre a infância e menos arrogância.

Temos ainda aqueles pais que mantém seus filhos envoltos em fantasias, em histórias de fadas e bichos, ou entre brinquedos e brincadeiras, desviando-os de um contato maior com o mundo em que vivem, querendo preservá-los dos males sociais. Mas toda criança cresce, torna-se sucessivamente adolescente, jovem, adulto e vai deparar-se com os desafios do viver. Para esses pais recomendamos olhar seus filhos não como objetos, mas como seres humanos.

Finalmente, para todos os pais, uma advertência: cuidado com os exemplos diante dos filhos! Um bom exemplo vale mais do que mil advertências. Um mal exemplo derruba todos os sermões. Não é possível proibir qualquer ato de violência do filho na escola quando somos violentos dentro de casa. Essa regra vale para todas as situações, sejam domésticas ou sociais.

Toda criança quer saber porque não pode dizer palavrão; porque não pode bater no colega de escola; porque não pode… ou quer saber porque pode isso ou aquilo, ou como ocorre aquele e outro fenômeno. Isso é natural. Desnaturais são as atitudes que os pais tomam, fugindo às explicações que muito ajudariam o desenvolvimento intelectual e moral dos filhos.

Se você é pai, mãe, professor, avô, avó, enfim, se você é responsável por alguma criança, lembre-se: um dos maiores tesouros da infância é sentir que o adulto a seu lado é, antes de tudo, um amigo na estrada da vida.

Comentários

Anônimo disse…
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