A liberdade e a educação
“Pelo interesse supremo da nova civilização pela qual lutamos, é mais do nunca necessário que a educação seja a educação do homem e educação para a liberdade, a formação de homens livres para uma comunidade livre. É na educação que a liberdade tem seu mais seguro refúgio humano, onde as reservas da liberdade são guardadas vivas.” (Jacques Maritain).
Temos acompanhado muitas discussões sobre a liberdade: liberdade de pensar, liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade de ir e vir, liberdade de colocar em prática a própria vontade, liberdade de infringir a lei, e assim por diante. Essas discussões, em sua maioria, se perdem por defender interesses pessoais, sem levar em consideração os interesses e o bem coletivo. E muitas vezes são fundamentadas em valores ético-morais subvertidos, fora de contexto, manipulados para defender uma zona de conforto pessoal estabelecida.
A liberdade é a essência do ser humano, mas o ser humano não vive sozinho, não existe exclusivamente para si, o que seria o auge do individualismo egoísta. O ser humano vive em sociedade, em interação com outros seres humanos, inserido numa cultura histórica e social, portanto deve respeitar o direito dos outros e entender que existem regras de convivência estabelecidas, as quais devem ser obedecidas conscientemente, pois do contrário a sociedade é levada ao caos.
A educação deve trabalhar a liberdade humana conscientizando o ser humano da sua responsabilidade em assumir as consequências do que pensa, fala e faz. É assim que promove o desenvolvimento do senso moral, tão em falta na atualidade, substituído que está pelo egoísmo.
Temos assistido o Estado intervir na educação de forma a transfigurá-la e levá-la para interesses outros, muitas vezes inconfessáveis, desviando-a da sua essência formadora do ser humano. Faz-se um pseudo discurso pela liberdade, quando na prática essa liberdade é cerceada e acomodada aos interesses políticos totalitários.
Sobre isso refere-se Maritain:
“Cabe ao Estado informar o corpo educacional das necessidades em que se encontra a sociedade de certas categorias de atividades, e do ensino que para isso se prepara. Deve velar sobretudo para que não se desenvolva na educação nenhuma tendência oposta aos valores reconhecidos pelo conjunto de cidadãos de uma sociedade de homens livres como a base mesma da vida comum e da harmonia cívica, e para que os valores em questão, que são como a Carta constitucional da vida comum sejam cuidadosamente esclarecidos e penetrem um ensino ministrado com fé e convicção.”
Numa democracia liberal o Estado não pode fazer intervenções educacionais que não representam os anseios e interesses da maioria; não pode impor os desejos desta ou daquela autoridade constituída em defesa de um grupo minoritário. Se assim fizer, estará contradizendo a democracia liberal que deve defender e, portanto, na verdade estará se fazendo um totalitarismo, que em todas as épocas da humanidade se mostrou prejudicial ao desenvolvimento humano e de sua liberdade.
No pensamento o ser humano sempre terá total liberdade, mas em suas ações deve obedecer o bem comum, por isso a educação é essencialmente formadora, dando a ele a liberdade com a responsabilidade, o direito com o dever, pois liberdade sem os valores ético-morais é qual veículo em alta velocidade e sem freios.
O que fazemos da educação é a sociedade humana que teremos no futuro.
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