Em defesa da democracia

O egoísta e orgulhoso é normalmente um mal perdedor e utiliza a violência, seja psicológica ou física, para impor sua vontade, achando-se acima de tudo e de todos, e sempre tendo desculpas, numa lógica distorcida, para justificar suas ações. Fere a lei e quando esta o aciona, diz estar sendo perseguido, cerceado, confundindo a liberdade de expressão com o desrespeito à ordem e à própria lei. Somos uma humanidade civilizada, regida democraticamente por leis e regras de convivência estabelecidas em comum acordo, e com mecanismos apropriados para os devidos questionamentos e possíveis mudanças, onde não cabem nenhum ato que violente a segurança pública e queira subverter a democracia.

Somos uma nação predominantemente, na verdade majoritariamente, cristã, ou seja, nossa população segue denominações religiosas cristãs, mas parece que há um equívoco quanto a isso, pois vemos pessoas religiosas, que deveriam seguir os ensinos de Jesus, que deveriam pautar suas condutas pelo Evangelho, em ações de violência contra os outros e contra as instituições públicas, tentando impor a todo custo um discurso golpista, que no fundo apenas atende a interesses próprios ou de grupos, e que prejudicam a maioria. É típico de pessoas egoístas e orgulhosas, em franca oposição ao que ensinou e exemplificou o maior dos Mestres que a humanidade já teve, e que essas pessoas dizem acreditar e seguir.

Pseudo líderes, que querem apenas se locupletar em causa própria através da tomada do poder, fazem da população massa de manobra, servindo-se da própria lei que condenam e querem subverter, para se acobertar e se colocar a salvo de quaisquer responsabilidades. São santos e honestos até que se prove o contrário, e nunca tem nada a ver com acontecimentos antidemocráticos de caráter violento. É típico de orgulhosos e egoístas que não concebem perder, que não concebem não ser sempre vencedores.

Agora, o que precisamos nos perguntar é porque temos tantas pessoas egoístas, orgulhosas e antidemocráticas em nosso país, a ponto de conseguirem tumultuar o processo democrático da nação. Onde falhamos?

Falhamos na educação das novas gerações. Há décadas crianças e jovens estão recebendo apenas e tão somente instrução do intelecto, formação técnico-profissional. A formação moral foi deixada de lado, subvertida, tanto na família quanto na escola. A formação religiosa, por sua vez, foi acomodada a interesses que nada tem a ver com o Cristianismo que, insisto, dizemos seguir, mas não praticamos. A questão está na educação que que deixamos de promover, substituída que foi pela instrução intelectual, pelo acúmulo de conhecimentos.

Temos intelectuais nas mais diversas áreas do conhecimento, mas isso não quer dizer que sejam ao mesmo tempo honestas, éticas, solidárias, humildes. A formação intelectual não é sinônimo de formação moral, não quer dizer que a pessoa, apesar de acumular diplomas e certificados, tenha bom caráter.

Precisamos corrigir o que estamos fazendo na educação. É claro que trabalharmos pela alfabetização de todos e todas é importante. É claro que oportunizarmos a melhor formação técnica e profissional a todos e todas também é importante. Não somos contra essas iniciativas, que também fazem parte da educação. Alertamos para a essência da educação: a correção das más tendências de caráter; a criação de bons hábitos; a espiritualização do ser humano; o formar para saber pensar no bem coletivo, enfim, a promoção da educação moral (que nada tem a ver com a antiga disciplina de educação e moral e cívica).

É através da educação que formamos gerações democráticas que não admitirão a violência como caminho para mudanças, pois terão aprendido o respeito aos outros e às decisões democráticas livremente escolhidas pela maioria. Essa educação combaterá o egoísmo e o orgulho através do desenvolvimento dos valores humanos, das virtudes, do sentimento, da ética.

O que estamos esperando para redefinir os rumos da educação brasileira? Uma tragédia humana antidemocrática que pode ser evitada?

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