O professor é um resolvedor de problemas
Acessando o site Só Notícias Boas deparei-me com a reportagem, aliás espalhada pelas mídias de comunicação, sobre a atitude de uma professora, que auxiliou uma aluna durante uma prova na faculdade. Que auxílio foi esse? Vou resumir a história para melhor entendimento de nossa abordagem. O episódio aconteceu na Faculdade de Direito da cidade de Sorocaba, no estado de São Paulo. Uma aluna da professora Íris Lippi ficou sem com quem deixar sua filha, ainda um bebê, mas não podia faltar à aula, pois era dia de uma prova importante. Não teve dúvida: levou a filha no colo, junto com uma bolsa com tudo o que necessitaria para cuidar da menina. E foi assim que adentrou à sala e se posicionou para fazer a prova. Não seria fácil se concentrar, ainda mais se a criança ficasse agitada. Assistindo a cena e recordando quando seus filhos eram pequenos, e reconhecendo o amor e o sacrifício de que somente as mães são capazes, a professora Íris Lippi não pensou duas vezes, dirigindo-se à aluna e tomando o bebê em seu colo para cuidar do mesmo enquanto a mãe fazia a prova. A cena foi fotografada e filmada, sendo publicada nas redes sociais.
O episódio viralizou nas redes sociais e chegou à imprensa. Entrevistada, a professora Íris Lippi fez a seguinte declaração: “Professor é isso, um resolvedor de problemas. É alguém que está ali para passar o conteúdo, para estar disponível para o aluno quando precisa. E a gente, como professor, precisa compreender as dificuldades que os alunos têm.”
Talvez fosse mais fácil dizer à aluna que ela não poderia fazer a prova com seu filho/bebê no colo. Talvez fosse mais cômodo fingir que não estava vendo, deixando a aluna “se virar sozinha”, afinal o problema não era dela, professora. Talvez…
Como nos lembra o educador José Pacheco, a escola são pessoas. A escola não é um prédio frio. A escola são pessoas em movimento, em interação. Pessoas que têm sua própria vida, seus pensamentos, seus sentimentos, suas alegrias e suas tristezas. Será que o objetivo da escola é tão somente realizar a formação técnico-intelectual dos alunos? E os alunos não são pessoas? Será que o professor é apenas um passador de conteúdos curriculares?
Nossa professora tomou uma atitude humana. Ela compreende que muito além de ali estar para ensinar conteúdos da sua disciplina curricular naquele determinado curso, ela ali está como pessoa, como ser humano, e que seus alunos também são pessoas, também são seres humanos. Quem não tem aquele dia em que nada dá certo? Quem não precisa de ajuda dos outros tantas vezes na vida? A Íris Lippi entende isso e se coloca à disposição dos alunos para ajudá-los a resolver seus problemas.
É possível que você que está no magistério e agora lê este texto, discorde. É seu direito. Afinal, como resolver os problemas de 30 a 40 alunos em várias turmas, dia após dia? Ouso lembrar que essa disponibilidade minimiza os problemas, e seu exemplo leva os alunos a compreenderem o bem que faz a cooperação entre eles, humanizando o processo ensino-aprendizagem. Não é todo dia que o professor terá que cuidar do bebê de um(a) aluno(a), não é mesmo?
Estar disponível para o aluno quando ele precisar. Compreender as dificuldades do aluno, tanto quanto o professor gostaria de ter as suas dificuldades compreendidas. Pode parecer estranho, mas a verdade é que nós, seres humanos, precisamos humanizar a escola e a educação.
Somente a humanização pode resolver os problemas que hoje carregamos na educação, visando um futuro melhor para a humanidade.
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