Preconceito e genocídio

A hipocrisia do ser humano, notadamente em alguns, parece não ter limites. Como exemplo disso temos os que, apesar de todas as provas fotográficas, em vídeo, em relatórios de época e testemunhais, ainda hoje afirmam que a perseguição, prisão, tortura e extermínio dos judeus durante a segunda guerra mundial (1939-1945), não aconteceu, que tudo é fantasia, mentira. Não, não é fantasia, não é mentira, é verdade, é realidade. Sim, o holocausto dos judeus naquela época foi realizado de forma sistematizada pela loucura e fanatismo dos nazistas. Tivemos na história humana uma página de horror sancionada pelo preconceito, por falsas ideais de superioridade racial, manchando a civilização com o maior genocídio já praticado conscientemente.

Infelizmente não aprendemos a lição. Hoje, em pleno século 21 do terceiro milênio da cristandade, assistimos entristecidos e compungidos o preconceito contra os povos indígenas, atingindo de forma genocida os Yanomamis, que tiveram suas terras invadidas ilegalmente, e sob beneplácito do último governo federal, por garimpeiros e milicianos, sendo levados à fome e miséria, com centenas de vítimas, entre elas crianças que não tiveram nenhuma chance de sobreviver, quando a fome e as doenças poderiam ter sido evitadas.

Mas evitar porquê? Segundo algumas pessoas os indígenas só atrapalham o progresso da nação. São indolentes e custam caro para o governo. As reservas indígenas são muito ricas e precisam ser exploradas para o bem econômico do Brasil. Vamos acabar com os povos indígenas, gritam, esquecendo que eles também são seres humanos, que eles também são brasileiros, que eles possuem os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, e que menosprezá-los é mostrar preconceito, discriminação, intolerância, racismo.

Vamos repetir aqui no Brasil o que os nazistas e fascistas fizeram na Alemanha e na Europa naqueles tristes dias de guerra? Isso é estúpido e insensato, não tem justificativa.

Assistimos quatro anos de um governo racista, misógeno, hipócrita, que tudo fez contra a ciência, a cultura, a educação, o meio ambiente e as chamadas minorias, com discursos e ações preconceituosas, estabelecendo diretrizes de perseguição e destruição, sem se importar com a vida de quem não pensasse pela mesma cartilha. Tivemos no poder uma extrema direita ultra conservadora e radical, que passou todo o tempo maquiando sua ação nefasta com discursos de defesa da liberdade e democracia, entendidas, claro, à moda deles.

Antes de continuar, esclareço aos críticos de plantão, que outra coisa não fazem a não ser destruir o que não lhes agrada, que não sou de esquerda, que não sou comunista, que não sou petista (também tenho minhas críticas a algumas de suas ideias e ações). Quem me acompanha sabe que sou espírita, que procura pautar minha vida pelos princípios do Espiritismo, uma doutrina cristã que tem por bases a imortalidade da alma, a reencarnação e a lei de evolução. Não sou um revolucionário e procura agir de acordo com a verdade e a minha consciência, pensando no bem para todos.

A questão do ocorrido com os Yanomamis é a constatação de um fato, que nenhuma maquiagem poderá ocultar.

Apesar de ser uma nação predominantemente cristã, o Brasil está longe de ser uma nação sem preconceitos e discriminações. Estamos longe de ter justiça e direitos iguais para todos. Temos racismo, temos perseguição a determinados grupos sociais considerados minoritários e fora dos “padrões” (!?), e nossa educação tem mantido esse quadro, quando deveria combatê-lo.

Que novos dias despontem sobre nossa história. Que ações governamentais e civis de defesa dos direitos humanos possam fazer uma nova história. E que os responsáveis pelo genocídio dos povos indígenas respondam perante a justiça por esse mal hediondo. Ou vamos deixar que a hipocrisia vença mais uma vez a verdade?

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