Educação, imortalidade e reencarnação

De onde vem as altas habilidades que crianças de pouca idade demonstram, como sentar-se ao piano com dois anos de idade e tocar com maestria um concerto de Mozart? De onde vem as tendências de caráter, para o bem ou para o mal, quando a criança ainda não sofreu a influência do processo educacional, tendo comportamento oposto ao dos pais? A ciência, com todas as suas pesquisas e conhecimentos, não consegue responder satisfatoriamente a essas duas indagações, elaborando hipóteses que não satisfazem todos os casos, deixando muitas lacunas. A religião, de modo geral, se vê em situação dificílima, pois mesmo considerando a existência da alma, supõe que ela tenha sido criada no ato do nascimento, ou se considera sua preexistência, não possui definição concreta sobre a mesma.

Não temos dúvida quanto a importância da crença na alma imortal, mas somente essa crença não responde as perguntas que formulamos no início deste texto. Mesmo considerando a sua sobrevivência após a morte e a manutenção de sua individualidade, se não levarmos em consideração a reencarnação, não teremos como explicar as altas habilidades, as tendências de caráter e as ideias inatas que a criança apresenta logo após o nascimento. Com a reencarnação da alma imortal temos uma explicação lógica que a observação dos fatos comprova como verdadeira.

Ao estudarmos a Doutrina Espírita ficamos sabendo que a alma progride incessantemente, nunca perdendo o que aprende com os estudos que faz e as experiências pela qual passa, de existência em existência, mantendo sempre sua individualidade e carregando para cada nova encarnação suas tendências e habilidades, embora assumindo um novo corpo, uma nova personalidade e um novo contexto social e cultural. A criança é uma alma (ou espírito) reencarnada, essa é a verdade, trazendo na bagagem as aquisições e valores que somou de encarnação em encarnação.

Assim, uma criança de altas habilidades, também chamada de criança prodígio, ao sentar ao piano e executar uma música clássica, está revelando que já fez esse estudo em outra encarnação, onde poderá ter sido um musicista, o que não quer dizer que se tornará novamente uma pessoa dedicada a essa arte. A alma não perde o que conquistou, mas em cada encarnação procura desenvolver o que ainda não conseguiu desenvolver satisfatoriamente. É por esse motivo que algumas pessoas possuem hobbies completamente diversos da sua profissão. Por exemplo, um alto magnata da indústria química adora pintar, revelando-se muito bom artista plástico, mas não faz disso sua preocupação principal. De onde vem esse dom se nunca estudou as técnicas dessa arte? Somente com a reencarnação obtemos resposta.

A educação da criança deve levar em conta ser ela uma alma imortal, presentemente reencarnada, portanto, não pode descurar dela trazer consigo as tendências de caráter e as ideais inatas, ambas trazidas de suas aquisições em vidas anteriores. A aplicação disso resulta numa profunda transformação da educação, senão mesmo uma revolução pedagógica: a criança é uma alma (espírito) reencarnada.

Nesse contexto, percebemos que a educação deve, acima de tudo, preparar o educando para a vida, mas não apenas a vida presente, mas igualmente para a vida futura, pois a morte não existe, é apenas nossa porta de passagem para retorno ao mundo espiritual. Essa preparação deve ser entendida como formação, pois a educação é essencialmente formadora do ser humano, não apenas do ponto de vista cognitivo, mas moral.

Estamos necessitados não apenas de conhecimentos, mas muito mais de ética, de humildade, de empatia, de resiliência, de saber pensar no bem coletivo. É urgente envidar esforços em torno do pilar educacional “aprender a amar”, e da regra de ouro da educação: fazer ao outro somente o que desejamos que o outro nos faça.

Quando levarmos em conta na teoria e na prática a imortalidade e a reencarnação, teremos respostas para as dúvidas até hoje existentes e, ainda mais, faremos a revolução pedagógica da qual a educação está necessitada, com a consequente transformação moral dos indivíduos, que assim farão a transformação moral da humanidade.


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