segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Novas pedagogias fazem a diferença

Professores afetivos e humanizados, acolhedores, orientando os alunos no seu percurso de aprendizagens, fizeram a diferença no Instituo de Yverdon, na Suíça, junto com um diretor que atendia em grupo e individualmente os alunos, ouvindo-os e interessando-se pelos mesmos. Tudo isso com ampla participação dos pais, acolhidos pela escola, em participação ativa. Mas isso aconteceu há muito tempo, entre os anos de 1805 e 1825, sob a coordenação de um educador notável, Pestalozzi, que tem seu nome gravado na história da educação e da pedagogia. Mesmo não conhecendo essa história, e nunca ter ouvido falar nesse educador, pedagogos e professores atuais, em muitas escolas, têm se aproximado do que aconteceu na Europa, lá no início do século dezenove. E isso tem acontecido em escolas públicas, como é o caso da Escola Estadual Deputado Pedro Costa, conforme reportagem publicada no portal de notícias G1.

Segundo a reportagem, a Pedro Costa, escola pública estadual com sede no bairro do Tucuruvi, na zona norte da cidade de São Paulo, está concorrendo ao prêmio de “Melhor Escola do Mundo”, que anualmente é entregue pela T4 Education, plataforma global que reúne uma comunidade de mais de 200 mil professores de mais de 100 países com o objetivo de transformar a educação no mundo. A escola está concorrendo ao prêmio pela categoria Colaboração Comunitária por causa dos projetos de xadrez e atletismo, que tiveram o apoio da ONG Parceiros da Educação para implementar.

Lendo a reportagem, chamou-nos a atenção o item Novas Pedagogias, com a seguinte explicação: “Além das aulas extracurriculares, o corpo docente aderiu a dois tipos de pedagogia que fizeram toda a diferença para serem considerados para o prêmio de Melhor Escola do Mundo na categoria Colaboração Comunitária: a Pedagogia da Presença e a Pedagogia da Tutoria. Na Pedagogia da Presença, os estudantes precisam estabelecer na relação com o aluno, o afeto, o respeito e a reciprocidade, ou seja, vínculos de consideração presentes em todas as ações no dia a dia durante o cotidiano da escola. Já na Pedagogia da Tutoria, os professores e a gestão escolar são também tutores dos alunos e trabalham para orientar e impulsionar eles tanto para formação acadêmica como para a pessoal e profissional.”

Hoje a escola trabalha no regime de horário integral e conta com boa participação dos pais, destacando-se das suas atividades o desenvolvimento do xadrez e de várias modalidades de atletismo, entre outras que foram implementadas, numa nova dinâmica pedagógica, que está dando certo graças à mudança de mentalidade e postura dos professores, pois antes, quando os professores apenas davam aula, a escola, sem qualquer atrativo, estava perdendo alunos, chegando a ser ameaçada de fechamento. A transformação teve início no ano de 2021 e foi consolidada no ano seguinte.

A história de sucesso da Escola Estadual Deputado Pedro Costa pode ser a história de sucesso de qualquer escola pública, seja ela municipal, estadual ou federal, em qualquer lugar deste nosso Brasil. Para isso basta que direção, coordenação pedagógica e professores se voltem para a aplicação da humanização do processo de aprendizagem, deixando de ensinar para orientar, permitindo a ampla participação de alunos e pais nesse processo, envolvendo a escola com a comunidade. A partir dessa nova postura, tudo o mais irá acompanhar, numa nova dinâmica educacional, que já existia no Instituto de Yverdon, e pode existir em qualquer escola, na verdade deveria mesmo existir, como compreenderam os educadores do movimento da Escola Nova, entre eles Freinet, Montessori e aqui, em nossas terras, Anísio Teixeira.

Bons exemplos de escolas dinâmicas, democráticas, integradas com a comunidade, fazendo diferente para fazer a diferença na sociedade, não faltam, quer no Brasil e em outros países, mas percebemos uma falta de vontade por parte das autoridades públicas e dos pedagogos e professores, em permitir que a escola tradicional seja transformada, em permitir que os cursos de formação a nível médio e superior formem novas mentalidades. Algumas dessas pessoas estão acomodadas numa zona de conforto, outras pecam por ignorância, e outras tantas nada fazem porque defendem interesses outros, como a manutenção de sistemas de ensino particulares que são empresas à procura de muito lucro.

Um dia, e jamais perderemos essa esperança, além da humanização e democratização da escola, veremos ela desenvolvendo também o essencial da vida: nossa realidade espiritual, dando às novas gerações ideais mais nobres e profundos quanto ao viver. Essa será a nova pedagogia do amanhã.


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Palavras que fazem pensar

Foi no ano de 1943 que o público passou a encontrar nas livrarias a obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupery, que se tornaria um fenômeno mundial de venda, sendo considerada uma obra prima da literatura mundial. De sua deliciosa e imaginativa narrativa, trazemos para reflexão uma frase de um dos personagens, frase essa da qual sempre tivemos admiração, pela sua beleza e profundidade: “O essencial é invisível aos olhos”.

À primeira vista ela parece nada ter com a educação, mas isso é um equívoco, pois ela toca na essência da educação, ou seja, que no processo educacional, em todos os níveis, precisamos focar naquilo que vai além dos cinco sentidos, precisamos trabalhar a nossa espiritualidade, nossa transcendentalidade, pois se assim não fizermos, ficaremos na superfície da educação, confundindo-a com o ensino e a aprendizagem de conteúdos curriculares previamente programados.

Em verdade, é o que acontece há muito tempo. Estamos perdidos entre livros didáticos, apostilas, professores que tentam ensinar e alunos que tentam aprender, muitas vezes uns e outros sem saberem porque ensinam e porque aprendem. A escola mergulhou num abismo pedagógico e burocrático, tanto que muitos professores não admitem serem chamados de educadores, e estão certos, pois que não o são, somente sabem dar aula, aplicar provas e preencher formulários em papel ou online, conforme se lhes é determinado.

Ser educador é outra coisa. Ser educador é saber estimular os educandos (e não simplesmente alunos) a querer aprender; é orientar os educandos a saber pesquisar e estudar; é alimentar a curiosidade dos educandos; é ser facilitador do processo de aprendizagem dos educandos; é amar o que faz, interagindo com os educandos. Para ser um verdadeiro educador, muitos professores precisam transformar sua mentalidade, sua postura, seu trabalho, indo além do ensinar, ensinar e ensinar.

Aqui podemos voltar à frase “o essencial é invisível aos olhos”. A essência da educação, seu fundamento, está na compreensão que fazemos do ser humano. De acordo com essa compreensão desenvolvemos a educação. Basicamente temos no mundo duas visões principais sobre o ser humano, da criança ao adulto: materialista e espiritualista. Na visão ou pensamento materialista, o ser humano é um conglomerado biológico formado no ato sexual da concepção, que se desenvolve, cresce, vive e, um dia, morre; pensamentos e emoções derivam de funções neuronais específicas; a alma não existe, assim como tudo o que seja relacionado a ela. Na visão ou pensamento espiritualista, o ser humano é uma alma imortal que temporariamente ocupa um corpo biológico; a morte deixa de ser o fim da vida, pois se o corpo morre, a alma continua viva; pensamentos e emoções pertencem à individualidade imortal, e não ao corpo, que é apenas instrumento de manifestação da alma.

Se o essencial (quem somos, de onde viemos, o que fazemos aqui e para onde vamos) é invisível aos olhos materiais do corpo biológico, isso quer dizer que o essencial está além da matéria, mas, embora as escolas ensinem muitas coisas, não ensinam o que é invisível e principal, nossa imortalidade, e portanto, não nos preparam para ideais superiores de vida, lançando na sociedade indivíduos materialistas e egoístas, e todos conhecemos o resultado disso, bastando olhar para os males sociais que carregamos há tanto tempo.

Precisamos de uma doutrina filosófica, que está no Espiritismo, que transforme a educação a partir de uma visão espiritualista do ser humano e da vida, dando-lhe valores nobres, no resgate dos ensinos morais de Jesus, que são universais, não pertencem a esta ou aquela religião, nem mesmo são exclusividade dos cristãos. E não estamos aqui falando de ensinar a Doutrina Espírita nas escolas, o que seria um desrespeito às demais crenças, estamos falando de utilizar a filosofia espírita, que trabalha o que é essencial e invisível aos olhos, para transformar a educação, hoje totalmente materialista, e que, por isso, não tem conseguido transformar os homens e a humanidade.

O Espiritismo é doutrina de educação, tendo por finalidade alavancar a transformação moral da humanidade, casando-se perfeitamente com a visão do escritor Saint-Exupery, que em seu famoso romance infantojuvenil, uma obra prima filosófica, nos lança em pensamentos transcendentes, num convite à espiritualidade e religiosidade de nós mesmos. E isso é a essência da educação.


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Viver sempre

O suicídio ou autoextermínio é considerado um flagelo mundial, e aí estão as estatísticas como prova, conforme publicações especializadas e reportagens nas mídias de comunicação, e o Espiritismo não poderia deixar de focar essa questão, pelo fato de ser uma doutrina filosófica espiritualista de largo e profundo alcance. Na atualidade o suicídio está presente da criança ao adulto, com várias causas sendo detectadas pelas pesquisas, mas a causa maior, preponderante, continua a ser o pensamento materialista sobre a vida, ou seja, que a morte representa o fim de tudo, portanto, dos problemas e dos sofrimentos, sendo, desse ponto de vista, a melhor solução. Como o pensamento espírita tem por base a imortalidade e a continuidade da vida após a morte, temos outra perspectiva sobre a vida, e que nos dá razões para descartar totalmente o suicídio como solução.

O Espiritismo ensina que todos os seres humanos somos almas imortais, ou seja, a morte como fim de tudo não existe. Que fomos criados por Deus, que é a perfeição absoluta, com todo o potencial intelectual e moral para desenvolver, o que fazemos através das reencarnações, levando-nos paulatinamente e progressivamente à perfeição, que é o nosso destino. O Espiritismo explica quem somos, de onde viemos, o que estamos fazendo aqui na Terra e para onde vamos. Mostra que as dificuldades existenciais possuem basicamente duas causas: consequência do que fizemos em encarnações passadas, e imprevidência atual por causa do egoísmo e do orgulho, pois somos dotados de livre arbítrio, da liberdade de fazer escolhas e implementar ações, sendo responsáveis pelas consequências.

Os problemas, as dificuldades, as dores, os sofrimentos, não são castigo de Deus, ou, pelo contrário sua ausência em nos auxiliar, pois Deus é perfeito e, portanto, soberanamente justo e bom. Também não são fruto do acaso, de acontecimentos aleatórios, fortuitos, ou do jogo entre a sorte e o azar, explicações materialistas que não convencem a fé raciocinada que precisamos ter, e que o Espiritismo sanciona, pois devemos sempre pensar, indagar e não aceitar qualquer resposta, muito menos uma resposta mística, envolta em mistérios insondáveis.

Se já existíamos antes de nascer e continuaremos a existir depois de morrer, tudo muda de perspectiva, pois temos uma forte razão para viver, sejam quais forem as circunstâncias da nossa vida, entendendo que a solução para as dificuldades e problemas está na resignação e também na perseverança, pois o suicídio nada resolverá, apenas transferindo, com agravo, para o mundo espiritual as dificuldades e problemas que estávamos enfrentando.

Ainda outra ferramenta poderosa nos dá o Espiritismo para continuarmos sempre a viver. É a comunicação das almas que partiram deste mundo através do suicídio, e que através dos médiuns nos dão depoimentos da sua realidade após a morte trágica, concitando-nos a não escolher essa via, pois ela é um atentado contra a lei divina, acarretando muitas dores e sofrimentos, nada resolvendo. Chamamos a atenção para os depoimentos publicados por Allan Kardec na segunda parte do livro O Céu e o Inferno, que nos dão farto material para pensar, refletir.

Viver sempre, não importa o que esteja acontecendo, eis o que nos solicita o Espiritismo, fazendo com que compreendamos que não estamos aqui por acaso, e que devemos fazer todos os esforços para nos melhorar moralmente, assim melhorando moralmente a humanidade. A vida pertence a Deus e somente ele pode determinar quando devemos retornar ao mundo espiritual, pois somente ele sabe de cada um de nós e do que é mais necessário para realizarmos os aprendizados que precisamos para progredirmos.

Para combater o materialismo, o egoísmo e o orgulho, o Espiritismo informa que somente a aplicação da educação moral numa visão espiritualista é solução, dando uma nova razão de viver para o ser humano, que então não mais cederá ao desânimo, ao pessimismo, à desesperança e à depressão e, por outro lado, também não viverá mais nos excessos de toda ordem, outra causa do suicídio.

Viver sempre será a melhor solução. O suicídio possui consequências amargas, pois a vida continua depois da morte. Tenhamos coragem moral no enfrentamento de nós mesmos e da existência terrena, trabalhando para tudo melhorar, pois o dia de amanhã pertence a Deus, que nos dará sempre de acordo com a semeadura que estamos fazendo, ou seja, a cada um será dado segundo suas obras, e que nossas obras sejam de bondade e de amor, para que possamos receber a paz e a felicidade, seja aqui, seja depois da morte.


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Evangelização espírita

Evangelizar é ligar a pessoa ao Evangelho, é conscientizá-la da importância e vivência dos ensinos morais de Jesus, nada tendo a ver com catequização, que não faz parte da proposta do Espiritismo, que a ninguém impõe seus princípios, nem quer transformar toda pessoa em espírita. Quem assim pensa e age está equivocado. Evangelização espírita significa trabalhar o entendimento do Evangelho através dos princípios que constituem a doutrina espírita, na sua visão da alma imortal, da reencarnação, da comunicabilidade entre encarnados e desencarnados e da lei de evolução, sempre respeitando o livre arbítrio das pessoas, sem imposição de qualquer espécie.

Desde os primórdios do movimento espírita no Brasil, houve entendimento da necessidade da formação moral das novas gerações, com a implantação das escolas espíritas de evangelização nos centros espíritas, e essas experiências pedagógicas culminaram no lançamento, em 1975, da Campanha Nacional de Evangelização Espírita Infantojuvenil, pela Federação Espírita Brasileira, entregando aos espíritas amplo material pedagógico com apostilas com planos de aula e outros recursos. Material valioso, importante, numa época em que pouco se tinha, catapultando a realização de cursos de capacitação e encontro de evangelizadores, em sua maioria pessoas leigas em termos de educação, e que encontraram nesse material o apoio que faltava.

Com o tempo uma zona de conforto foi sendo criada: bastava multiplicar o material que vinha pronto e aplicá-lo às crianças, sem levar em consideração a realidade histórica-cultural-social das crianças, sem levar em conta os estágios de desenvolvimento psicogenético, sem utilizar a criatividade, e até mesmo colocando em segundo plano a realidade da criança ser um espírito reencarnado. Esse o quadro geral, com suas exceções, nem sempre bem recebidas, pois fugiam da zona de conforto, como o trabalho valoroso do educador espírita Walter Oliveira Alves (1952-2018), da cidade de Araras, estado de São Paulo, que durante muitos anos desenvolveu a proposta pedagógica da Educação do Espírito, na teoria e na prática, tendo publicado vários livros pela Ide Editora. Nessa esteira de lembranças pedagógicas espíritas, devemos também recordar o educador Ney Lobo, com seu imenso trabalho de valorização da escola e da educação espíritas, tendo inovado no Colégio Lins de Vasconcelos, em Curitiba, estado do Paraná, e que nos deixou igualmente farta literatura.

A questão que se nos apresenta no momento é que, passados quase cinquenta anos do lançamento da campanha nacional de evangelização espírita, continuamos a encontrar nos centros espíritas o mesmo trabalho pedagógico formatado que, se foi útil em sua época, hoje não mais atende as necessidades das crianças e dos jovens, e, pedagogicamente falando, está ultrapassado por novas concepções do processo de aprendizagem. Não é mais possível colar, copiar e aplicar, pois esse modelo não atende mais a dinâmica social e reencarnatória, estando em desacordo com a lei divina do progresso. Há que ser um ensino dinâmico, participativo, criativo, em que o evangelizador espírita saia da postura de dar aula, para a postura de orientar e instigar o aprendizado, inclusive utilizando as novas ferramentas tecnológicas, como os casos da internet, celular, redes sociais, games (jogos), levando crianças e jovens a ampla participação no processo, questionando, debatendo, e levando a teoria ao campo vivencial, pois nada melhor do que unir a teoria com a prática.

Acima de tudo, não se pode perder a finalidade maior da evangelização espírita, que é conscientizar o educando do seu potencial divino, espiritual, e que estamos aqui na Terra para aprendermos a nos amar, pois o amor é a base da vida e é a energia que vibra em todo o universo. Precisamos de sentimento, de correção de maus hábitos e tendências, e somente uma educação tendo por base o Evangelho, pode, de fato, realizar uma humanidade melhor, justa e em paz.

Boas propostas pedagógicas espíritas não faltam. Hoje a literatura espírita na área educacional é farta, com obras de diversos educadores, encarnados e desencarnados, à disposição, e para facilitar ainda mais o trabalho dos evangelizadores, aí está a Revista Educação Espírita, publicação digital bimestral, que é distribuída gratuitamente aos interessados, mediante cadastro. Para receber seu exemplar, basta preencher o formulário em https://bit.ly/revista-educacao-espirita, escolhendo se que receber através de e-mail ou whatsapp (em formato PDF).

Já nos dizem os espíritos que evangelizar é um ato de amor, e não temos dúvida quanto a isso, e é justamente em nome do amor que entendemos da necessidade de uma nova dinâmica, de uma nova proposta pedagógica para alavancar a evangelização espírita da criança, do jovem e da família, rumo à implantação de uma humanidade renovada, onde o bem superará o mal. Trabalhemos, com Jesus, para concretizar essa realidade!


Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...