Novas pedagogias para a evangelização espírita
Quando a Campanha Nacional de Evangelização Espírita Infantojuvenil foi lançada, lá na metade dos anos 1970, tendo à frente o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, importante material pedagógico de apoio foi elaborado pelo Departamento de Infância e Juventude da FEB, surgindo as apostilas com orientações aos evangelizadores, planos de curso, planos de aula, sugestões de atividades, assim como incentivo à realização de cursos de capacitação. Tudo foi muito importante, impulsionando o movimento espírita a trabalhar pela orientação moral e espiritual das crianças e dos jovens, mas estamos fazendo uma referência histórica, voltando cinquenta anos no tempo, aproveitando para fazer um preito de gratidão a todos que naquela época trabalharam intensamente pela evangelização espírita, legando-nos contribuições valiosas. Contudo, como dissemos, cinquenta anos foram passados na ampulheta do tempo, e uma revisão se faz necessária, pois não é mais admissível que continuemos a trabalhar um currículo fechado, com evangelizadores que apenas dão aula de conteúdos doutrinários.
Currículo fechado é aquele elaborado pela coordenação, ou pela equipe de evangelizadores, estabelecendo os temas, semana após semana, que serão trabalhados nas diversas turmas da evangelização, ao longo do ano, sem que haja espaço para novas demandas, ou seja, o evangelizador recebe o currículo e já sabe, desde o início do ano, todas as aulas que deverá desenvolver até o final desse mesmo ano, uma por uma, semana após semana. O currículo fechado não permite que o evangelizador atenda demandas específicas das crianças, ou dos jovens; não leva em conta a realidade social, cultural e outras realidades dos alunos; não permite espaço para o evangelizador estender algum tema, mesmo que isso seja necessário. O currículo fechado é, pedagogicamente falando, ineficaz, está na contramão do que deve ser feito para atender as necessidades dos espíritos que compõem a nova geração.
Quanto à aula, ninguém sabe como ela surgiu e porque foi padronizada nas escolas, como também ninguém sabe porque, em média, ela tem a duração de cinquenta minutos. Hoje sabemos que os alunos devem ter ampla participação no processo de aprendizagem, afinal eles são seres que pensam e sentem e, na visão espírita, trazem intensa bagagem vinda das existências passadas. Não podem, portanto, ficarem passivos, apenas recebendo explicações do evangelizador, que não faz outra coisa a não ser tentar ensinar, muitas vezes sem uma boa didática, sem a utilização de uma metodologia atraente, criativa e participativa.
Diante desse quadro, de uma certa estagnação nos procedimentos pedagógicos da evangelização espírita, é natural que as crianças e os jovens se sintam desmotivados, provocando o fenômeno do esvaziamento dessa atividade no Centro Espírita, pois a falta de dinamismo e de participação no processo, faz com que não queiram mais frequentar a evangelização espírita.
Sabemos que outros fatores também contribuem para esse esvaziamento, que a questão pedagógica não é a única vilã, mas temos que é um fator muito importante, e que o serviço de evangelização espírita necessita absorver novos olhares pedagógicos, novas metodologias, renovando-se para poder ser mais eficaz e atraente.
Na questão curricular, por que não trabalhar por eixos temáticos, ciclos e participação mais ampla das crianças e jovens? Temos uma boa proposta nesse sentido da educadora espírita Lucia Moysés, como vemos em seu livro A Evangelização Mudando Vidas, lembrando que Lucia Moysés é pedagoga, tendo trabalhado amplamente nessa área na Universidade Federal Fluminense. Outra proposta encontramos com o educador espírita Walter Oliveira Alves, também pedagogo e professor universitário, em sua obra Prática Pedagógica na Evangelização, em três volumes, trabalhando a educação do espírito e o desenvolvimento intenso das mais diversas artes.
Quanto à aula, propomos que o evangelizador seja um facilitador e orientador do processo de aprendizagem, ou em outras palavras, seja um tutor das crianças e jovens, colocando-os para trabalhar em grupos de estudo e pesquisa, desenvolvendo projetos com base nos eixos temáticos, assim fazendo da sala de aula um espaço de aprendizagem coletiva, evitando dar aula, mas incentivando os evangelizandos a fazerem suas próprias descobertas, numa nova dinâmica, amplamente participativa.
Seja como for, pois temos diversas novas propostas pedagógicas a serem estudadas e levadas em consideração, que o serviço de evangelização espírita das novas gerações nunca deixe de priorizar, na teoria e na prática, a formação do caráter, a vivência dos ensinos morais de Jesus, para que possa ocorrer em mais brteve tempo a transformação moral da humanidade.
Pensemos, e coloquemos em ação, novas propostas pedagógicas para a evangelização espírita.
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