O que eu posso fazer

Estamos diante de uma humanidade com muitos paradoxos: comunicação global instantânea e ao mesmo tempo milhões de pessoas na miséria; pedidos de paz nas relações humanas e guerras espalhadas por várias nações; ações humanitárias de organizações não governamentais e corrupção envolvendo autoridades públicas. E poderíamos continuar essa lista colocando lado a lado muitas coisas boas com muitas coisas ruins. Isso nos mostra que, realmente, o mundo está precisando de mudança, e mudança para melhor, onde não tenhamos tantas desigualdades, tantas contradições.

A pergunta que se faz é o que eu posso fazer para mudar o mundo, ou seja, o que eu, individualmente, posso fazer, mesmo não tendo em minhas mãos o poder que certas pessoas têm de conseguir mobilizar os meios de comunicação, ou não tendo autoridade política para tomar decisões que impactam boa parcela da humanidade. O que eu, uma pessoa comum, posso fazer? Diante dessa pergunta talvez muitas pessoas pensem que, se podem fazer alguma coisa, essa alguma coisa seria bem pequena e nada impactante para realmente poder mudar o mundo. Será isso uma verdade?

Somos parte de uma coletividade e nossa ação individual é muito importante, pois a soma das ações individuais e dos pensamentos direciona a coletividade à qual pertencemos, a influencia em maior ou menor escala, então não podemos ficar acomodados e omissos, ainda mais diante das tecnologias de comunicação hoje disponíveis, que nos conectam de forma instantânea, como podemos constatar com as redes sociais. Quantas vezes já não assistimos uma ação individual numa rede social viralizar e se tornar um fenômeno mundial? Mas podemos, igualmente, mobilizar a vizinhança para uma ação coletiva na comunidade em que vivemos. Existem mil modos de agirmos para melhora da sociedade e, portanto, da humanidade.

Como espírita, temos consciência da lei da reencarnação, quando, por força da necessidade de darmos continuidade aos nossos aprendizados, e muitas vezes tendo que reparar algo realizado em existência anterior, aqui retornamos como construtores de nós mesmos e da sociedade em que vivemos. Para Deus, nosso Pai e Criador, devemos ser participantes ativos da vida, verdadeiros co-criadores, procurando utilizar a inteligência para construção do bem e do belo, ao mesmo tempo em que devemos nos elevar moralmente, com a observação das virtudes, tais como a humildade, a caridade, a bondade, a solidariedade, o respeito, entre outras.

Somos espíritos reencarnados, seres humanos com responsabilidades individuais e coletivas perante a lei divina, que nos projeta para a perfeição, para a felicidade. Somos dotados de livre arbítrio, dessa maravilhosa faculdade de fazer escolhas, mas é da lei divina que devemos sempre assumir as consequências dessas nossas escolhas, então temos diante de nós a sociedade que construímos com nossas escolhas passadas e presentes, tendo no hoje oportunidade de realizar mudanças, transformações, visando uma humanidade melhor no futuro mais imediato ou mais distante, lembrando que será necessário nascer de novo, ou seja, retornar a este mundo pela lei da reencarnação. E que mundo queremos nos receba nesse amanhã?

É simples lançar a culpa por todos os males sociais nas autoridades públicas, nos empresários gananciosos. Sim, eles, muitas vezes, carregam parcela expressiva dessa culpa, mas não com exclusividade. Individualmente também somos um tanto quanto egoístas, orgulhosos, vaidosos, hipócritas, corruptos, afinal a maioria esmagadora está na condição de espírito imperfeito, lutando contra vícios que desonram o caráter. Nossa ação, mesmo em menor escala, e aparentemente não tão nociva, não passa despercebida pela lei divina, que também leva em conta nossas boas ações, nossas intenções em fazer o bem ou, ao contrário, deixar as coisas do jeito que estão.

Então, sim, eu posso fazer alguma coisa, e de relevância, para mudar o mundo. Eu posso procurar me dar bem com familiares e vizinhos, amigos e colegas de trabalho, evitando brigas, desentendimentos, e estabelecendo a cordialidade, a solidariedade, o respeito e o entendimento. Eu posso mobilizar pessoas para auxílio a quem está desempregado, a quem está adoentado, a quem está passando por dificuldades, necessitando de uma mão amiga. Eu posso esclarecer, consolar e orientar sempre a favor da vida, combatendo o suicídio, a pena de morte, a eutanásia e o aborto. Eu posso exercer minha cidadania, com ética, junto aos representantes públicos do executivo, legislativo e judiciário para que eles respeitem o povo, para que trabalhem visando o bem comum.

E eu posso, e devo, procurar insistentemente ser um bom exemplo para os outros, para as novas gerações, para que minhas palavras, meus pensamentos, sejam sempre úteis, concretizando-se em ações visando o melhor para a coletividade, cumprindo assim minha missão neste mundo, que é de me aperfeiçoar e contribuir pelo progresso geral, priorizando a educação, humanização e espiritualização minha e de todos.


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