terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Desenvolvimento cognitivo do educando

 


Assista acima o vídeo Educação Espírita - O Desenvolvimento Cognitivo do Educando, com Marcus De Mario.

Os episódios de Educação Espírita são publicados às terças-feiras, às 09 horas, no canal Orientação Espírita, no YouTube.

Acesse todos os episódios em www.youtube.com/OrientaçãoEspírita

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O progresso moral

Afirma Allan Kardec no utem 5 da Conclusão de O Livro dos Espíritos: “Com o Espiritismo a Humanidade entra numa fase nova: a do progresso moral, que lhe é consequência inevitável”. O pensamento é claro, bem estabelecido, não deixando dúvida: a consequência do estudo e aplicação da Doutrina Espírita junto aos indivíduos e às coletividades, é o desenvolvimento moral, caracterizando uma nova fase da sociedades humana. Como já se passaram mais de centro e sessenta anos do lançamento da obra básica, e continuamos às voltas com mil problemas, haverá equívoco por parte do codificador?

Antecedendo suas palavras que utilizamos na abertura deste texto, Kardec informa no item 4: “Sob todos os aspectos estamos ainda longe da perfeição e existem ainda muitos resíduos antigos a serem destruídos, até que tenham desaparecido os derradeiros vestígios da barbárie.” Vemos aqui visão de futuro com base na realidade. Nem Kardec, nem os Espíritos Superiores, afirmaram que o progresso moral seria alcançado em cem, duzentos ou quinhentos anos; na verdade, isso nunca foi estabelecido, pois a lei divina respeita nosso livre arbítrio e, portanto, o progresso moral se faz dentro de um processo natural, levando o tempo que se fizer necessário.

Mas, por que o Espiritismo deve ser considerado fator importante do progresso moral? O próprio Allan Kardec responde, conforme seu magistral texto no item 5 da Conclusão: “O Espiritismo é forte porque se apoia nas próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras, e porque sobretudo mostra essas penas e recompensas como consequências naturais da vida terrena, oferecendo um quadro do futuro em que nada pode ser contestado pela mais exigente razão. Vós, cuja doutrina consiste inteiramente na negação do futuro, que compensação ofereceis para os sofrimentos deste mundo? Vós vos apoiais na incredulidade, e ele se apoia na confiança em Deus. Enquanto ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o nada por perspectiva e o egoísmo por consolação. Ele explica tudo, vós nada explicais. Ele prova pelos fatos e vós nada provais. Como quereis que o homem hesite entre essas duas doutrinas?

São duas as ideias predominantes na humanidade, o materialismo e o espiritualismo, sendo que a primeira tem olhar apenas para a matéria circunscrita entre o nascer e o morrer, ou seja, nada existe depois da morte e deve-se viver com a maior intensidade possível os prazeres desta vida, ou viver com a dor e o sofrimento sem obter resposta que traga consolo e esperança. A segunda ideia, espiritualista, é onde se encontra o Espiritismo, mas com um diferencial muito importante, pois é doutrina racional, de base científica, nada tendo com o misticismo; a Doutrina Espírita que explica os porquês da vida e dá ao ser humano um profundo sentido de viver, mostrando que a vida continua depois da morte, que há vida futura, e que ninguém sofre por acaso.

Demonstra ainda o Espiritismo que todos somos perfectíveis e que caminhamos sim, mesmo que lentamente, para a perfeição, pois a lei de Deus que rege o universo é a lei de progresso. Quanto a essa caminhada, realizada individualmente e também coletivamente, eis que o Espiritismo apresenta outra diferença significativa para as demais doutrinas espiritualistas: proclama a necessidade da aplicação da educação moral do Espírito reencarnado que todos somos.

É através da educação moral que destruiremos o egoísmo, que é a causa de todos os vícios e de todas as paixões desenfreadas, isso porque o desenvolvimento das virtudes será o antídoto natural das imperfeições do caráter, imperfeições essas que ainda carregamos, pois teimamos em nos atolar no materialismo ou no misticismo, deixando a educação moral de lado, quando ela deveria ser prioridade.

Não temos porque nos espantar do progresso moral ainda estar lento, pois não estamos fazendo o dever de casa. O problema não está no Espiritismo, mas nos seres humanos que não querem saber de se melhorar, mesmo quando tem contato com a doutrina dos Espíritos, pois que procuram acomodá-la aos seus interesses pessoais, assim adiando e complicando sua evolução e, por consequência, da humanidade.

Será através da educação moral que aprenderemos, na teoria e na prática, a fazer ao outro somente o que desejamos o que ele nos faça, pilar essencial da educação e da vida, e daremos então um estímulo vigoroso ao progresso moral, estabelecendo a lei de amor como diretriz do nosso comportamento e do nosso relacionamento com os outros. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Como educar sem estudar?

Recebemos com tristeza e apreensão a notícia que os brasileiros estão lendo cada vez menos, e que fazer a leitura completa de um livro, seja ele físico ou digital, está se revelando um verdadeiro sacrifício para muitas pessoas. Essa situação constatada por diversas pesquisas, também está acontecendo entre os espíritas. Se podemos perguntar como alguém pode ser advogado com pouca leitura, também podemos indagar como alguém pode evangelizar crianças e jovens no centro espírita, sem conhecer a educação espírita, sem fazer as leituras necessárias? O que vale para todas as profissões, também vale para o exercício voluntário da Doutrina Espírita, pois não basta ter boa vontade, é necessário conhecer.

Temos a experiência pessoal de participar de eventos reunindo os evangelizadores espíritas, em que muitos desconhecem Herculano Pires, Sandra Borba Pereira, Walter Oliveira Alves, Dalva Silva Souza, Ney Lobo, Cíntia Vieira Soares, Pedro de Camargo (Vinicius), Anália Franco, Eurípedes Barsanulfo, Lucia Moysés, entre outros educadores espíritas, todos com importantes trabalhos realizados e publicados. A leitura de seus livros é feita por uma parcela mínima dos evangelizadores, que querem sempre receber tudo pronto, mastigado, ou seja, a receita do bolo, quando sabemos que em educação essa receita não existe.

Apesar dos esforços na divulgação, estamos muito longe do ideal no número de assinaturas da Revista Educação Espírita, publicação bimestral, gratuita, que existe desde março de 2024. E as manifestações dos seus leitores são bem pequenas, dando-nos a impressão que se o trabalho não tiver continuidade, ninguém sentirá falta, apesar de seu conteúdo dinâmico, com a finalidade de ser um suporte para todos os educadores que abraçam o Espiritismo.

É de se lamentar profundamente tal realidade quando sabemos que o Espiritismo é, na sua essência, doutrina de educação do ser humano, Espírito reencarnado, tendo Allan Kardec o cuidado de, magistralmente, apontar em O Livro dos Espíritos a necessidade da aplicação da educação moral, como única alternativa para a regeneração dos indivíduos e da coletividade.

Voltando à questão da leitura, lembremos que a literatura espírita é farta, e que hoje temos à disposição muitos livros abordando a educação, inclusive com propostas pedagógicas práticas, e que não é possível educar à luz dos princípios espíritas sem conhecê-los, sem estudá-los. E ainda temos um suporte muito bom na internet com palestras, entrevistas e abordagens disponíveis em vídeo. Ou seja, não faltam livros, vídeos e outros materiais, mas parece que os espíritas ainda não despertaram para a necessidade e urgência da Educação do Espírito.

É de nosso conhecimento que muitas instituições espíritas ainda entendem que a evangelização infantil é apenas suporte para a reunião pública de palestra. Enquanto os pais assistem a palestra e recebem o passe, as crianças estão com os evangelizadores, num trabalho que fica restrito a quarenta ou cinquenta minutos, mesmo porque as crianças também tem que receber o passe, e devem estar prontas para reencontrar seus pais ao término da atividade pública. Isso, convenhamos, não é a verdadeira educação espírita, com o agravante que muitas instituições sequer possuem dependências específicas para a evangelização.

Quando propomos que os evangelizadores devem se reunir periodicamente para avaliar as atividades e estudar, logo recebemos a contrapartida que isso é muito difícil de acontecer, porque todos já são muito ocupados, não sobrando tempo para avaliar e, muito menos, estudar. Naturalmente o trabalho fica prejudicado quando não se tem tempo para avaliar, ler e estudar.

Diante de tudo isso, conclamamos os dirigentes, os coordenadores e os evangelizadores das instituições espíritas, para o despertamento em relação à essência e finalidade educacional do Espiritismo, e que evangelizar não é uma brincadeira, não é um passatempo semanal que pode acontecer de qualquer jeito, e nem sempre sendo prioridade dos próprios evangelizadores, pois sabemos que a vida continua depois da morte, e que haverá necessidade de nascer de novo neste mundo.

Perguntamos: como queremos encontrar a humanidade em nossa próxima reencarnação? Que você, leitor, reflita bem antes de responder, pois sem o desenvolvimento da educação moral do Espírito imortal, nosso futuro feliz pode estar bastante comprometido.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Asas da imortalidade

Por que as altas autoridades públicas não resolvem os males que atingem a sociedade humana, tais como a miséria, a injustiça social, a homofobia, a corrupção, a criminalidade, o feminicídio, a violência, o preconceito? É que falta a eles uma visão de vida que vá além do nascer, viver e morrer, ou seja, enquanto forem materialistas, tudo farão para viver bem o aqui e agora, olhando apenas para si mesmos e seus interesses, pois o mais importante é conseguir gozar do bom e do melhor, mesmo que isso signifique prejuízo para os outros. Agem pelo bem próprio e de familiares e amigos que rezem pela sua própria cartilha, desprezando o bem público, o bem coletivo, ainda mais quando se trata de olhar para os que vivem na periferia da sociedade, normalmente tratados como desiguais, mesmo inferiores, embora saibamos que perante a lei todos somos iguais, todos temos os mesmos direitos. Mas, que importa a lei? O que prevalece é a política dos interesses individuais e de grupos, pois falta-lhes, a essas autoridades públicas, sentimento, falta-lhes visão espiritualizada sobre o ser humano e a vida.

É aqui que o Espiritismo faz grande diferença, pois um dos seus pilares essenciais é a imortalidade da alma, considerando o ser humano um ser espiritual, preexistente ao nascimento e sobrevivente à morte. Esse princípio, demonstrado pelos fatos observados, estudados e corroborados pelas comunicações mediúnicas dos chamados mortos, se contrapõem às ideais materialistas, levando o ser humano a uma outra ordem de ideias. Esse é o primeiro e essencial ponto que deve ser abordado pela educação, pois é através dela, na formação das novas gerações, que levaremos a uma mudança gradativa nos conceitos sobre a vida e nas ações que fazemos na sociedade.

Podemos vislumbrar a grande diferença entre as ideias materialistas e as ideias espiritualistas, imaginando uma pessoa que recebe notícia de que está com uma doença incurável e que, mais dia, menos dia, irá sucumbir a essa moléstia, irreversível pela medicina. Se essa pessoa for materialista, não pensará duas vezes em procurar gozar tudo o que puder enquanto tiver forças para isso, pois sabe que irá morrer em breve tempo; não poupará esforços em tudo experimentar enquanto tiver um sopro de vida. Ou então irá entregar-se ao desânimo, à tristeza e depressão, considerando ser inútil continuar a viver e ser um fardo para si mesmo e para os outros, o que equivale a cometer suicídio.

Contudo, se essa pessoa for espiritualista, se tiver abraçado o princípio da imortalidade da alma como apresentado pelo Espiritismo, dirá para consigo: tudo bem, se essa é a vontade de Deus, que é soberana, tenho que me resignar e aproveitar o tempo que me resta da melhor maneira possível, dispondo minhas forças para semear o maior bem possível, pois sei que a vida continua depois da morte, pois não sou o corpo biológico, e que tudo o que faço me será levado em conta no retorno ao mundo espiritual. Não há porque agasalhar a revolta ou a tristeza, pois sei que estou neste mundo apenas de passagem, pois a verdadeira vida é a do Espírito, que colherá cem por um de acordo com o que estiver aqui semeando.

A educação espiritualista haverá de transformar os homens e a humanidade para melhor, disso não temos nenhuma dúvida. Enquanto mantivermos a educação materialista, continuaremos a assistir todos os males atingirem a sociedade humana, pois as gerações passam mas as novas gerações darão continuidade, como estão dando, a esses mesmos males, por isso que a corrupção, a violência, a injustiça e outros flagelos continuam, muitas vezes parecendo ainda piores.

Devemos reconhecer que o Espiritismo é, na sua essência, doutrina de educação do ser humano, considerando o mesmo uma alma imortal criada por Deus e destinada a alcançar a perfeição intelectual e moral. Como nos dizem os Espíritos Superiores na magistral obra O Livro dos Espíritos, o que precisamos fazer é destruir o egoísmo, e isso somente pode acontecer com a aplicação da educação moral, através dessa visão imortalista que tão bem estudamos e compreendemos com a Doutrina Espírita.

Muito mais que uma religião de práticas exteriores, o Espiritismo é ciência e filosofia de amplas consequências morais, e que tem na educação o seu grande instrumento, olhando não apenas para o hoje, mas para o amanhã, para o futuro, na inabalável confiança que a Terra, um dia, pertencerá aos brandos e pacíficos, como anunciou o guia e modelo da humanidade, nosso Mestre Jesus, o Cristo de Deus.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Diplomas, certificados e educação

Ao abrir a agenda, que ainda uso a de papel junto com a digital, deparei-me com uma frase que me fez pensar: “Escolaridade e inteligência não são a mesma coisa”. Não sei quem a pensou e escreveu, pois não traz identificação de autoria, mas como nomes não são o mais importante, e sim o conteúdo, vamos refletir sobre esse enunciado, que traz em si uma grande verdade.

Sabemos com os ensinos dos Espíritos, conforme os encontramos na primeira obra do edifício doutrinário do Espiritismo, ou seja, O Livro dos Espíritos, que o Espírito é o princípio inteligente do universo, e que desde o ato da criação divina possui em potência, em germe, a inteligência, que vai desenvolvendo gradativamente através das experiências encarnatórias, através de estudos e vivências, provas e expiações, assim como no cumprimento paulatino de missões. Diante disso precisamos perguntar: ter formação escolar é demonstrar ser inteligente? A experiência nos mostra que não é bem assim.

Conhecemos pessoas que possuem ampla diplomação escolar, inclusive no ensino superior, e que têm muita dificuldade em pensar, raciocinar, deixando-se levar com certa facilidade por ideias errôneas, por sistemas sem base racional, sendo facilmente enganadas por pessoas inescrupulosas que não medem esforços em ludibriar os incautos, mesmo aquelas pessoas que apresentam boa formação acadêmica.

E como conseguiram essa boa formação acadêmica se não são tão inteligentes como isso daria a entender? É fácil a resposta: no atual sistema de ensino o memorizar, o copiar e colar, o obter ajuda externa em lugar do esforço próprio, é quase que uma instituição, facilitando o “passar de ano”, a “colação de grau”. Não estamos generalizando, dizendo que todos os estudantes se utilizam desses expedientes, e que todos os professores se acomodam aos mesmos. Longe disso, estamos apenas fazendo uma constatação que é de conhecimento geral, pois existem muitos bons professores, assim como muitos bons estudantes, e que honram o sistema de ensino e a própria educação no que ela verdadeiramente é.

Não basta conhecer, memorizar e exibir um certificado de formação. Quantos péssimos profissionais não os temos na sociedade, apesar de certificados em cursos técnicos e universitários? Então temos que escolaridade, de fato, nem sempre representa a inteligência, pois não são a mesma coisa.

Com relação ao Espiritismo é a mesma coisa. Allan Kardec já nos chamava a atenção quanto a ser um verdadeiro espírita, o que implica na existência do falso espírita, aquela pessoa que até conhece os princípios doutrinários, ou pelo menos os principais, mas não os aplica a si e à sua convivência com as outras pessoas. Pode dizer que já leu e estudou as obras da codificação espírita, que frequenta e exerce atividades no centro espírita, mas isso não é sinônimo de desenvolvimento do senso moral, de que sabe utilizar da lógica e do bom senso.

Quantas pessoas que se dizem espíritas não estão a falar bobagens em nome do Espiritismo? Quantos pseudo espíritas não estão defendendo ideias até mesmo contrárias ao Espiritismo através das redes sociais? Quantos “defensores” do Espiritismo não agasalham ideias radicais, até mesmo fanáticas, de ordem política, em flagrante contradição com a Doutrina Espírita? Demonstram, não há dúvida, conhecimento, exibindo seus diplomas, sua formação acadêmica, como se isso desse aval para falar em nome do Espiritismo, quando do verdadeiro espírita devemos ter demonstração de humildade.

Certa vez, após assistir uma palestra numa instituição espírita, fomos conversar com a palestrante, questionando fraternalmente uma das suas falas, no que, sentindo-se ferida em seu amor próprio, não admitindo que fosse contrariada em seu pensamento, levantou o tom de voz e afirmou que não admitia ser questionada, pois ela era doutora e, portanto, entendida naquele assunto, era a pessoa mais qualificada para fazer o entendimento espírita daquele tema. Não era verdade, pois havia sim proferido uma fala sem respaldo no Espiritismo: era uma opinião pessoal, sem a devida base doutrinária. Mas ela era doutora…

Nem sempre a escolaridade pode ser tomada como sinônimo de pessoa inteligente. Assim também entre os espíritas. Escolaridade e educação também são coisas diferentes, mas isso é assunto para outra oportunidade.

Texto - O espiritismo e o progresso das ideias

Marcus De Mario Desde o seu surgimento na metade do século dezenove, através das manifestações dos espíritos por meio de diversos médiuns, e...